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Luc Montagnier, Mike Yeadon, Robert F. Kennedy Jr.: até os “ídolos” de negacionistas são vítimas de fake news

Luc Montagnier, Mike Yeadon, Robert F. Kennedy Jr. até os “ídolos” de negacionistas são vítimas de fake news,

Neste A Semana em Fakes, Edgard Matsuki, editor do Boatos.org, comenta a série de declarações falsamente atribuídas a figuras que já se colocaram contra as vacinas. Nem esses ídolos dos negacionistas “escapam” das fake news.

Desde o início da pandemia, muitas figuras no Brasil e no mundo emergiram com declarações polêmicas (e, em alguns casos, falsas) sobre a Covid-19. Médicos, cientistas, políticos e outros profissionais ganharam projeção ao desinformar sobre o isolamento social, máscaras, medicações (vide os “doutores cloroquina” mundo afora) e, mais recentemente, vacinas.

Essas figuras são, normalmente, execradas no meio científico por usar métodos não comprovados e promover medidas que vão contra o que a ciência já comprovou. Porém, eles acabam virando “ídolos dos negacionistas” (sendo, aqui no Brasil, inclusive citados como heróis nas redes sociais e até na CPI da Pandemia) pelo que falam. E, em alguns casos, viram ídolos pelo que não falam.

Na última semana, tivemos um exemplo muito claro disso. Além de fake news sobre o que ídolos dos negacionistas “não fizeram” (como, por exemplo, o boato de Vladimir Zelenko ter ganho o Nobel da Paz) ou atribuídos a médicos que não existem (como o “Dr. Roberto Klaus” do Albert Einstein e que pode ser visto no vídeo abaixo), declarações foram atribuídas a médicos que já deram informações erradas.

Vídeo: desmentimos fake que Hungria descobriu plano de matar Bolsonaro

O principal exemplo da semana foi a mensagem apocalíptica atribuída ao virologista francês Luc Montagnier. Vencedor do Nobel de Medicina em 2008 pela inegável contribuição à ciência ao isolar o vírus HIV nos anos 1980 e, mais recentemente, autor de declarações questionáveis e refutadas como de que são as vacinas que criam variantes do coronavírus, ele foi colocado como autor de uma previsão de que todos os vacinados morreriam em dois anos (também desmentido em vídeo).

O conteúdo foi desmentido no Boatos.org e não passa de uma mesma mensagem que já foi atribuída ao ex-cientista-chefe da Pfizer Mike Yeadon, também autor de declarações desmentidas sobre a vacinação em massa.. Não foi a única: no ano passado foi espalhada uma mensagem falsa que apontava que ele havia alertado sobre “vacinas alterar o DNA”.

Outra figura que já espalhou informação errada sobre vacinas (sendo até banido do Instagram) e também foi vítima de fake news é o advogado Robert F. Kennedy Jr. (sobrinho do ex-presidente John Kennedy). Descrito como médico, ele também foi apresentado como autor de textos que espalham a tese falsa de que vacinas alteram o DNA (desmentimos aqui e aqui).

É claro que médicos e cientistas que não publicam desinformação sobre a Covid-19 também são vítimas de aspas falsas, mas os casos apresentados mostram uma tendência de um tipo de notícia falsa: a que pega alguém que já tem fama de ser contra as vacinas (ou contra o consenso científico) e atribui a eles falas das mais absurdas para “dar credibilidade” a um movimento que, sinceramente, não deveria ser levado a sério.

Trends da semana

As palavras mais buscadas no Boatos.org nos últimos sete dias foram, em ordem decrescente, Coronavac, Ivermectina, Luc montagnier, Novartis, Mulher de Omar Aziz, México fez, Roberto Klaus, Lua, Lula e Papa.

Os desmentidos mais lidos do Boatos.org nos últimos 7 dias foram, em ordem decrescente, sobre um vídeo falsamente atribuído ao eclipse da Lua no Ártico, sobre acusações de Deolane Bezerra ser do PCC, sobre o falso áudio atribuído ao médico Roberto Klaus do Albert Einstein, sobre uma denúncia de que moedas grudariam no braço de quem toma vacina e sobre Luc Montagnier falar que vacinados morrerão em dois anos.

No Twitter, a matéria com maior engajamento foi a que desmentia a acusação de que Deolane Bezerra seria do PCC. No Facebook, a matéria mais compartilhada foi a que desmentia um vídeo atribuído à chegada de Bolsonaro no aeroporto no Equador. No Instagram, o conteúdo com maior engajamento era o que desmentia um vídeo falava que a nova cepa do coronavírus atacaria o fígado.

No Telegram, o texto mais visto foi o desmentia uma enquete do Google sobre Israel e Palestina. Por fim, vídeo mais visto no YouTube foi o que desmentia o vídeo sobre o eclipse da Lula no Ártico.

Edgard Matsuki é editor do site Boatos.org, site que já desmentiu mais de 6 mil notícias falsas

Uma das novidades do Boatos.org para 2021 é a seção “A Semana em Fakes”. Periodicamente, faremos análises sobre os assuntos mais recorrentes em termos de desinformação na internet. Este conteúdo ficará aberto para republicação em outros veículos de mídia. No momento, publicamos o conteúdo no Portal Metrópoles, Portal T5 e Conexão Marília (caso tenha interesse, entre em contato com o Boatos.org para saber as condições). Para ver todos os textos da seção, clique aqui.

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