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Fake news sobre Lázaro criam pânico, atrapalham investigações e politizam o caso

Fake news sobre Lázaro criam pânico, atrapalham investigações e politizam caso (Foto: Reprodução/Facebook)

Neste A Semana em Fakes, Edgard Matsuki, editor do Boatos.org, relembra algumas notícias falsas do caso Lázaro e analisa como elas têm atrapalhado uma caçada já dificílima.

Desde quando Lázaro Barbosa matou uma família inteira e empreendeu em fuga em cidades próximas do Distrito Federal, a atenção de muitas pessoas se voltou ao caso (com a ajuda da espetacularização de alguns veículos de mídia que, por exemplo, utilizam o termo inadequado “serial killer” a referir a ele e dão ar de série de Netflix ao caso).

Com Lázaro sendo (mesmo em meio ao grande número de mortes por Covid-19 nos últimos dias e uma CPI que pode complicar a situação do presidente Jair Bolsonaro) um dos assuntos mais falados da semana, não demoraram para boatos sobre o assunto circularem na internet.

As notícias falsas sobre o caso Lázaro se dividiram em duas categorias: as que davam pistas falsas sobre o caso e as que tentavam politizar a história. Tivemos acesso a inúmeras histórias falsas sobre o caso. Dessas, quatro (algumas que contam com “variantes”) foram desmentidas no Boatos.org.

Vídeo: é falso que viúva de Eduardo Campos, Heloísa, escreveu texto sobre Lula

No início da semana, imagens aleatórias de pessoas “sendo presas” foram compartilhadas como se fossem da polícia prendendo Lázaro. Uma delas mostraria o sujeito sendo rendido por forças policiais em uma região de mata. No nosso desmentido (também fizemos em vídeo), mostramos que as imagens não tinham nada a ver com a prisão de Lázaro. O vídeo era de uma detenção na região do Paranoá que virou até notícia no portal Metrópoles.

Dias depois, uma série de notícias falsas com “cara de pegadinha” começaram a circular na internet. Os textos apontavam que Lázaro havia fugido de Goiás e ido para outro estado. Em todos os casos, as publicações tinham um link para o Portal G1 e para uma imagem hospedada no Facebook.

A única coisa que variava entre as versões do boato era o estado que Lázaro Barbosa teria fugido. Em São Paulo as versões falavam que ele havia “fugido para São Paulo”, em Minas Gerais as versões apontavam que ele teria fugido para o estado e assim com quase todos os estados do país.

Só havia um detalhe: a mensagem era uma “brincadeira” extremamente sem graça. O link do G1 só tinha uma função: gerar um tumbnail nas publicações em redes sociais e esconder o que aparece em outra foto: uma imagem do palhaço Tiririca com os dizeres “É mentira, abestado” que (como mostra o vídeo) sempre é utilizada em “pegadinhas”.

Desmentimos o caso, na medida do possível (afinal, não dá para fazer um texto para cada estado descrito), mas percebemos que, junto com o fake, teses de que ele “teria saído de Goiás” (ou até do Brasil) já circularam sem qualquer prova. Não à toa, a própria polícia reclamou da quantidade de denúncias falsas sobre o caso.

Em meio a essas duas histórias, notícias falsas também visavam politizar o caso. Fotomontagens de Lula com Lázaro Barbosa (ou de Lula e Haddad segurando faixas de apoio ao foragido) começaram a circular na internet junto com informações falsas de que a “esquerda” teria ligação com ele e que ele seria filiado a partidos políticos. Logicamente, as denúncias eram tão frágeis como as fotomontagens.

Todo esse resumo de fake news nos mostra, mais uma vez, que não demora muito para aparecer notícias falsas quando um caso chama atenção da mídia. Algumas têm o intuito de “botar fogo” na história. Outras são só variações dos manjados boatos para atacar adversários políticos. Em comum nas duas categorias estão a falta responsabilidade de quem compartilhar e as consequências de que elas podem ter.

Trends da semana

As palavras mais buscadas no Boatos.org nos últimos sete dias foram, em ordem decrescente, Mercado Livre, Coronavac, ivermectina, Lázaro, Vale gás, Lazaro, Whatsapp, Oxford, Vale gas e WhatsApp.

Os desmentidos mais lidos do Boatos.org nos últimos 7 dias foram, em ordem decrescente, sobre uma promoção falsa de “aniversário do Mercado Livre”, sobre a fuga de Lázaro Barbosa para outros estados do Brasil, sobre a falsa foto de Lázaro Barbosa com Lula, sobre o vídeo que mostraria Lázaro sendo capturado e sobre a denúncia falsa de que máscaras e cotonetes de testes teriam larvas.

No Twitter, o conteúdo com o maior engajamento era o que desmentia que Lula teria segurado uma faixa com os dizeres Lázaro inocente. No Facebook, a matéria mais compartilhada era a que apontava que Lázaro foi flagrado com Lula. No Instagram, a matéria com maior engajamento foi a que desmentia que a Nature teria comprovado que a ivermectina cura a Covid-19.

No Telegram, o conteúdo mais visto foi o A Semana em Fakes da semana passada (sobre os boatos relacionados à motociata de Bolsonaro). Por fim, vídeo mais visto no YouTube foi o que desmentia a promoção falsa do Mercado Livre.

Edgard Matsuki é editor do site Boatos.org, site que já desmentiu mais de 6 mil notícias falsas

Uma das novidades do Boatos.org para 2021 é a seção “A Semana em Fakes”. Periodicamente, faremos análises sobre os assuntos mais recorrentes em termos de desinformação na internet. Este conteúdo ficará aberto para republicação em outros veículos de mídia. No momento, publicamos o conteúdo no Portal Metrópoles, Portal T5 e Conexão Marília (caso tenha interesse, entre em contato com o Boatos.org para saber as condições). Para ver todos os textos da seção, clique aqui.

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