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80% da população mundial é imune à Covid-19, diz Karl Friston #boato

80% da população mundial é imune à Covid-19, diz Karl Friston, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – Estudo do cientista britânico Karl Friston conclui que 80% da população mundial é imune à Covid-19.

As fake news envolvendo a pandemia do novo coronavírus são quase tão rápidas quanto a disseminação do próprio vírus. De substâncias que curam pessoas contaminadas com a Covid-19 à teorias envolvendo famosos e outros países, não foram poucas as vezes que Boatos.org falou sobre o tema. Hoje, o enredo não é diferente.

Já há algum tempo, circula no Facebook e em grupos de WhatsApp a informação que 80% da população mundial é imune à Covid-19. O texto afirma que 80% da população é imune porque o sistema imunológico consegue reagir ao Covid-19 como se fosse um resfriado comum. Segundo a publicação, a conclusão seria do cientista britânico Karl Friston. Leia trechos da mensagem:

Confira o desmentido em vídeo:

OMS admitindo que assintomáticos não transmitem e agora descobrimos que 80% da população é imune porque o sistema imunológico consegue reagir ao covid19 como se fosse um “resfriado comum”. Que dia senhores! A parcela das pessoas que não são suscetíveis ao Covid-19 pode chegar a 80%. Karl Friston, renomado cientista britânico, afirma que a “população suscetível efetiva nunca foi 100%”.

80% da população mundial é imune à Covid-19, diz Karl Friston?

Vídeo: desmentimos fake que Hungria descobriu plano de matar Bolsonaro

A “notícia” causou frisson na internet e fez muita gente acreditar que já estávamos próximos do fim da pandemia e do isolamento social. Mas calma, leitor! A história não é bem assim – e um dos motivos está no próprio estudo que nada tem a ver com Karl Friston.

Ao bater o olho o texto, já ficamos desconfiados da história. A explicação está no histórico de boatos que tentam minimizar a Covid-19. Por aqui, no Boatos.org, já apareceram histórias envolvendo o número de mortos, denúncias de alarme falso e o isolamento social.

Pois bem, o que aconteceu foi um erro de interpretação em relação ao estudo que, por sinal, nada tem a ver com o cientista britânico. A informação ganhou destaque em agosto de 2020, quando o presidente Jair Bolsonaro compartilhou em seu Facebook que “a maioria das pessoas é imune ao vírus”. Na época, diversos sites de fact-checking desmentiram a informação.

Nesta matéria, o UOL explicou que o estudo, citado na mensagem e também na postagem do Bolsonaro, possui 20 autores, mas Friston não é um deles. Na verdade, o cientista britânico apenas citou o estudo durante uma entrevista ao jornal inglês The Guardian, na qual ele analisa por que a resposta alemã à Covid-19 foi melhor do que a britânica.

Durante a entrevista, Friston disse que, de fato, algumas pessoas poderiam não contrair Covid-19, mesmo tendo sido exposta a ela, devido à presença de linfócitos T ativados por outros coronavírus que causaram resfriados naquele indivíduo no passado.

Se você não entendeu o que os linfócitos T têm a ver com isso, a gente te explica. As células T, também conhecidas como linfócitos T, fazem parte do sistema imunológico. Sua ação no organismo sugere que o sistema imunológico já teve contato com alguma infecção semelhante e utiliza sua memória para reagir à uma nova infecção.

Voltando ao boato, em nenhum momento, Friston disse que 80% da população é imune. O Fato ou Fake, do G1, também desmentiu a informação e conversou com o cientista que negou as declarações e a autoria da pesquisa. “Estão afirmando nas redes sociais que eu disse que 80% da população mundial é imune à Covid-19 e que, portanto, o bloqueio era inútil. Mas isso é falso”, afirmou Friston ao serviço de checagem.

Por fim, não menos importante, não há provas de que existem pessoas “imunes” à Covid-19. Isso porque o indivíduo só pode ser considerado imune quando estiver vacinado ou quando já tiver contraído a doença e seu sistema imunológico produzir anticorpos. Nesta matéria do Estadão, a microbiologista Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), explica que essa porcentagem não faz sentido e que “se isso fosse verdade, o vírus nem circulava”. Para ela, só teremos  80% da população imune com uma vacina ou com a imunidade de rebanho.

Resumindo: 80% da população mundial não está imune à Covid-19 e nem Karl Friston foi responsável pela tal pesquisa. Ou seja, a premissa não é real e nem foi defendida pelo cientista.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164. 

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