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Vacina da China e de Oxford são feitas com DNA recombinante e não deram certo em porcos #boato

Vacina da China e de Oxford são feitas com DNA recombinante, diz boato (Foto: Reprodução/WhatsApp)

Boato – Vacina da China e de Oxford, CoronaVac e ChAdOx1 nCoV-19, são genéticas e estudos realizados em porcos não deram certo. 

Desde o anúncio do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre a intenção de adquirir 46 milhões de doses da vacina CoronaVac, o debate sobre a possível obrigatoriedade da aplicação da vacina contra a Covid-19 no Brasil vem ganhando força na internet. Em meio às polêmicas, os boatos dominaram as discussões sobre o assunto.

A última que circula online aponta para a informação de que a CoronaVac e ChAdOx1 nCoV-19 são vacinas genéticas e que os testes realizados em porcos não deram certo. O alerta, compartilhado por áudio no WhatsApp, afirma que a vacina da China e de Oxford são genéticas e que foram feitas com DNA recombinante. O áudio aponta ainda que os testes em porcos não deram certo e que, de acordo com o presidente de Merck Sharp & Dohme, só seria confiável a produção segura das vacinas dentro de quatro anos. Leia a transcrição da mensagem:

[…] vacina da China, vacina de Oxford e vacina da Pfizer americana patrocinada pelo Bill Gates são vacinas genéticas. Nós estamos acostumados com vacina com vírus vivo atenuado ou vírus morto, que são as vacinas seguras. Essa genética é com DNA recombinante, procure no Google: vacina com DNA recombinante ou com RNA mensageiro. São vacinas genéticas com modificação do DNA do vírus eles recombinam em células de chimpanzé para amenizar o vírus e depois eles recombinam com um plasmídeo que são seres unicelulares. Isso é muito estranho. Nós nunca tivemos. Já foi testado em animais não deu certo em porcos.

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Por que que é perigoso? Porque pode desenvolver doenças autoimunes irreversível em pouco tempo. Os dois casos de Oxford de mielite aguda é um desses exemplos, de atacar a bainha de mielina dos nervos da coluna. Não façam isso. Uma outra desconfiança nossa que é o nosso maior medo é você modificar o padrão genético das nossas células e produzir câncer é a médio e longo prazo. Então pelo que eu tenho lido tem estudado e conversado com outros colegas ninguém quer tomar essas vacinas malucas mal testadas.

Então esperem até que aconteça uma vacina de vírus vivo atenuado. A Merck é o laboratório que melhor produz vacinas no mundo e o presidente da Merck já veio a público e falou que vacina segura só em 4 anos. Então a solução é máscara mais um ano com certeza porque a pandemia em geral dura dois anos até o final do ano que vem. Então, é isso aí! […]

Vacina da China e de Oxford são feita com DNA recombinante e não deram certo em porcos?

O alerta circulou feito pólvora e causou um rebuliço “daqueles” nas redes sociais. Pois bem, de fato, uma das vacinas foram testadas em porcos, mas ao contrário do que diz o áudio, os resultados foram positivos. Assim como também não é verdade que a vacina da China e de Oxford são feita com DNA recombinante.

Ao ouvir o áudio, dois detalhes chamaram atenção: as características da mensagem, que é vaga, alarmista e não cita fontes confiáveis, e o histórico recente de boatos sobre vacinas. Por aqui, no Boatos.org, já desmentimos histórias envolvendo testes em brasileiros, Bill Gates, plano maléfico da China e até supostos efeitos colaterais da vacina.

Fake 1 – Vacina da China e Oxford usam RNA mensageiro

Para início de conversa, as vacinas da China e de Oxford não são dos modelos (RNA mensageiro) citados no áudio. Isso porque a vacina Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech, utiliza o próprio vírus inativado por agentes químicos ou físicos para estimular as defesas do organismos contra a SARS-Cov-2. Ou seja, ao injetar o vírus morto, o sistema imunológico identifica o invasor e produz defesas contra ele. Assim, quando o corpo entra em contato com o vírus ativo, não será infectado. Dito isso, saiba que a tecnologia utilizada pelo laboratório chinês não possui nenhuma relação com a tecnologia de vetor viral recombinante ou com vacinas de DNA ou RNA.

No caso da  ChAdOx1 nCoV-19 (vacina de Oxford), desenvolvida em parceria entre a Universidade de Oxford e a farmacêutica britânica AstraZeneca, é elaborada em uma plataforma de vetor viral recombinante.

Fake 2 – Vacina altera o DNA

Apesar da Pfizer, de fato, utilizar a tecnologia de RNA mensagem, não é verdade que ela altere o DNA. Nesta tecnologia, utilizada na vacina de Oxford, um adenovírus comum é geneticamente modificado com fragmentos do RNA do novo coronavírus, que possui instruções para a produção da proteína spike – que é utilizada pelo vírus para invadir as células do corpo.  Nas células, o adenovírus produz proteínas spike que, então, passam a ser reconhecidas pelas células de defesa. Assim, elas criam uma resposta imune, reduzindo as chances de que o SARS-CoV-2 infecte o organismo.

Na verdade, não existe vacina que altere o DNA humano e tampouco existe o risco de alterações genéticas, como cita o áudio e outras fake news que já circularam sobre o tema. Inclusive, o Boatos.org já desmentiu várias delas, como a que dizia que a Vacina mRNA contra a Covid-19 alterava o DNA e causava dano genético irreversível e a que indicava que o médico Robert F. Kennedy Jr. alertou que a vacina mRNA alterava o material genético das pessoas.

Em ambos os casos, explicamos que a vacina do tipo mRNA não consegue alterar o DNA, uma vez que não promove alterações no núcleo da célula. O mRNA é um tipo de RNA que tem como função levar a mensagem do DNA ao ribossomo para a correta síntese proteica. A vacina do tipo mRNA contém o mRNA do gene que codifica a proteína Spike (utilizada pelo novo coronavírus para se ligar e entrar nas células humanas).

Fake 3 – Foi testada em porcos e não deu certo

Antes de começar, saiba que todas vacinas só entraram na fase de testes em humanos porque foram testadas antes em animais. Pois bem, como já mencionamos anteriormente, ao contrário do que diz o áudio, os testes da vacina de Oxford foram realizados em porcos e ratos e tiveram respostas positivas. Já a vacina chinesa, realizou testes em macacos. A propósito, não existe nenhum indício de que a vacina da China e de Oxford causem doenças autoimunes.

Fake 4 – O presidente da Merck disse que vacina só em 4 anos

Ao buscar mais informações sobre o assunto, não encontramos nenhuma declaração do presidente da Merck sobre isso. Ele, de fato, chegou a criticar a urgência no processo de desenvolvimento da vacina, durante uma entrevista em julho de 2020, mas nunca falou em prazos. Inclusive, na época, surgiram boatos de que o presidente teria dito que a pressa do Brasil na produção da vacina estava relacionada ao carnaval.

Fake 5 – A transmissão é só “mão e boca” e a pandemia vai durar dois anos

Infelizmente, não é possível saber a duração da pandemia. Talvez a vacina resolva e dure menos do que o previsto no áudio. Ou, não e pode ser que dure bem mais do que isso. A verdade é, neste momento, o futuro ainda é muito incerto.

De acordo com o áudio, a transmissão não é só “mão e boca” também é possível se infectar pelas vias aéreas e nariz e já é considerada como real a transmissão pelo ar (por aerossóis) e não só por superfícies. Também é preciso sabermos mais sobre a doença para descobrirmos sobre todas as formas de contaminação.

Resumindo: a vacina da China e de Oxford não são feitas com DNA recombinante. Ao contrário do diz o áudio, os testes em porcos tiveram respostas positivas. As vacinas não são capazes de alterar o DNA humano e tampouco causar danos irreversíveis. A história é um mix de diversas fake news, alarmismo e muita desinformação.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99458-8494.

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