Boato – Faça boa compra de mantimentos porque os caminhoneiros deram um prazo de 72 horas para que os ministros do STF renunciem e seja aprovado o voto impresso. A partir daí, haverá uma greve.
Mesmo com a proposta de voto impresso rejeitada na Câmara e sem chances de implementação do sistema para as eleições de 2022, ainda tem gente que insiste em “patrocinar” essa pauta com fake news. E, mais uma vez, uma mensagem citando caminhoneiros está circulando por aí.
Outro dia, o Boatos.org desmentiu um boato que falava sobre uma “greve de caminhoneiros” em 7 de setembro. Na história de hoje, a ameaça “se adiantou”. De acordo com um texto que está viralizando em redes sociais, caminhoneiros falaram que vão realizar a greve “em 72 horas”. Leia a mensagem que circula online:
Confira o desmentido em vídeo:
Com certeza…fáça um boa compra de mantimentos porque vai faltar alimentos..os caminhoneiros não aceitam os Ministros do STF e o voto Tem que ser impresso..estão tentando de toda forma insistir nessa maquininha safada…eles darão um prazo de 72 hs.para que o Senado vote o voto impresso e NÃO ACEITAM MAIS ESSES MINISTROS..fia 8 estarei com os lideres caminhoneiros entregando esse documento..se não o fizerem…mais 72 hs.
O país vai parar..ninguem poderá trafegar nas estradas..ônibus com passageiros terão que voltar.. Sómente carga perecivel. Ambulâncias…bombeiros e ninguem máis..os fazendeiros . Vão bloquear com tratores..máquinas agricolas etc..a coisa vái ficar feia..fique preparado por que os caminhões do País vão parat ok? Abç.
Caminhoneiros vão fazer greve em 72 horas contra STF e por voto impresso?
Mais uma vez, o boato de greve de caminhoneiros se espalhou por aí. E, mais uma vez, aqui estamos para falar que se trata de um boato. Uma informação falsa. Como o desmentido de outro dia vale exatamente para hoje, relembre o que escrevemos.
A resposta para a história está em dois elementos: 1) O histórico de ameaças falsas de greve de caminhoneiros. 2) O fato de que caminhoneiros (e quase todas outras classes profissionais) não deflagram greves por questões políticas. Sempre são por questões relacionadas à classe.
Quando houve a chamada “grande greve dos caminhoneiros” em maio de 2018, a motivação foi toda ligada a questões relacionadas aos preços dos combustíveis e dos fretes cobrados pela categoria. Ao contrário do que apontavam mensagens, não havia nada sobre “fora Temer” ou mesmo a favor de partidos (como o PT) ou políticos (como Bolsonaro). Era uma manifestação de classe.
Desde a “greve de verdade” dos caminhoneiros, não faltaram ameaças de novas paralisações por questões relacionadas à classe. Invariavelmente, as convocações vinham de grupos pequenos e, em nenhum caso, a greve acabou tendo adesão. Também houve ameaças ligadas a questões políticas. Nestes casos, a adesão era menor ainda. O enredo era sempre o mesmo: muitos compartilhamentos de uma ameaça inflamada e zero adesão no “dia da greve”.
Vamos refrescar a memória de vocês com alguns exemplos. Em 2019, mensagens apontavam que os caminhoneiros iriam fazer uma greve “a favor da reforma da Previdência”. Não fizeram. Em abril e em maio do ano passado, foi dito que seriam feitas greves contra a “quarentena” da Covid-19. Obviamente, os movimentos não tiveram adesão. Em agosto do ano passado, grupos bolsonaristas na internet apontavam que haveria uma “greve contra o STF”. Não houve.
Ou seja: esse enredo é mais do que batido. Isso porque vem de grupos pequenos e que não representam a classe toda e não tem adesão de quem tem bom senso. No fim, as convocações acabam se espalhando mais entre simpatizantes ao governo do que entre caminhoneiros em si.
Só por desencargo, resolvemos procurar mais em relação a essa suposta greve. De cara, descobrimos duas coisas. A primeira é que não há nenhuma entidade representativa dos caminhoneiros de relevância que apoie uma greve por causa do voto impresso. Há, sim, insatisfação com o preço dos combustíveis. Mas não há nada que suscite uma greve geral.
A segunda é que, em tempos de inflação puxada pelo preço dos alimentos (inclusive com alta da taxa de juros para controlar os índices), uma greve seria péssima para o próprio governo. Ou seja: nem Bolsonaro (ou pelo menos Paulo Guedes) apoiaria uma paralisação dos caminhoneiros em 7 de setembro.
Assim como no caso desmentido do “outro dia”, não há qualquer movimentação significativa que aponte que caminhoneiros vão fazer uma greve em 72h por causa do STF e voto impresso. Trata-se de mais um fake absurdo que circula por aí.
Resumindo: não é verdade que caminhoneiros vão parar o Brasil por causa do STF e do voto impresso. Por mais que haja alguns caminhoneiros bolsonaristas que façam ameaças, o grupo é ínfimo e a pauta (assim como tantas outras políticas) não mexe com a classe a ponto de promover uma “greve geral”.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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