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Chile aprova fim da polícia na nova Constituição #boato

Chile aprova fim da polícia na nova Constituição, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – Em nova Constituição, esquerda chilena de Gabriel Boric aprovou a extinção da polícia no país (os Carabineiros).

A eleição de Gabriel Boric, nas eleições presidenciais do Chile, foi um dos assuntos mais comentados (não só no país, como no mundo todo). Em uma eleição marcada pela polarização, Boric (que representava a esquerda) venceu José Antonio Kast (representante da ultradireita chilena).

Muita gente se demonstrou preocupada com a escolha de Boric, temendo que o novo presidente do Chile adote políticas “comunistas”. Com isso, as fake news sobre o assunto começaram a viralizar nas redes sociais.

Exemplo disso é uma história que está sendo compartilhada por aí. De acordo com a publicação, a esquerda chilena teria aprovado, na reforma da Constituição do país, a extinção dos Carabineiros (a polícia militar do Chile). Segundo a história, a decisão teria sido aprovada no meio da madrugada e seria inconstitucional. Confira:

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Versão 1: “ESQUERDA APROVA O FIM DA POLÍCIA NA NOVA CONSTITUIÇÃO DO CHILE. As Policias Militares, Civis e Guardas Municipais do Brasil coloquem ‘as barbas de molho’”. Versão 2: “Primeiro a esquerda acaba com a polícia, depois arma as suas milícias criminosas, por fim o povo vive na violência e intimidado pela falta de segurança e medo de massacre pelas milícias. Finalizado, comunismo e ditadura permanente”. Versão 3: “Vai vendo aí,! Esquerda chilena aprovou na reforma da Constituição do país a extinção dos Carabineiros (a Polícia Militar Chinela)”. 

Chile aprova fim da polícia na nova Constituição?

A informação causou grande revolta entre alguns brasileiros nas redes sociais, em especial, no Facebook. Apesar disso, a história não é real. A explicação fica por conta da distorção de uma informação verdadeira.

Antes mesmo das eleições presidenciais começarem no Chile, as fake news já tomavam conta do país. A equipe do Boatos.org desmentiu inúmeras delas, como a que dizia que o presidente Gabriel Boric teria posado com uma foto de Jesus travesti. Também a que indicava que a esquerda chilena teria comemorado a vitória de Boric com nudez em uma praça pública e, por fim, a que apontava que as Forças Armadas do Chile teriam entrado em ação, permanecido ao lado do ex-presidente Sebastián Piñera e declarado guerra aos socialistas comunistas.

Ao procurar por mais informações sobre o assunto, descobrimos que a história, na realidade, é uma distorção de uma informação real. Em outubro de 2019, a insatisfação política, econômica e social levou diversos chilenos às ruas. As manifestações começaram com uma campanha organizada por estudantes do ensino médio, em Santiago, capital chilena. Na época, eles iniciaram protestos com o intuito de obter a gratuidade da passagem do metrô (que havia sofrido uma forte alta). Após o uso da força policial por parte do governo, outros grupos se rebelaram contra Sebastián Piñera (então, atual presidente do Chile), gerando uma onda de protestos que se estendeu por todo o país.

Dentre as exigências dos manifestantes estava uma solução para o alto custo de vida no país, a reforma da Previdência, um maior amparo do Estado a toda a população, a mudança da classe política e a reforma da Constituição. Os protestos surtiram efeito e, em 2020, os chilenos foram convocados a votar por manter a atual Constituição ou redigir uma nova. Com quase 80% dos votos, os chilenos decidiram adotar uma nova Constituição a ser redigida por uma Assembleia que também seria escolhida pelo povo. A Comissão acabou sendo eleita pelos chilenos em 2021.

No dia 3 de julho de 2021, a Comissão se reuniu para a primeira reunião da Convenção Constitucional do Chile. O prazo para a construção da nova Constituição chilena é de 9 meses, prorrogável por mais 3 meses. Depois de definirem as comissões e a composição das mesas temáticas, o grupo responsável por redigir a nova Constituição começou a debater os conteúdos da nova Carta Magna no dia 18 de outubro de 2021. Ainda não há nada definido. Inicialmente, um texto provisório deve ser apresentado em setembro de 2022 e o povo chileno será obrigado a votar, em um plebiscito, para dizer se aprova ou nega o texto.

Como é possível ver, o Chile sequer tem uma nova Constituição. Se isso não bastasse, os debates feitos pela Comissão Constituinte não falam da extinção da polícia. Na realidade, muito antes da formação da Convenção Constitucional, já se esperava que o grupo fosse debater sobre o assunto. Ao longo dos protestos de 2019, uma das principais reclamações do povo chileno foi o modo como os Carabineiros agiam contra a população. Por conta disso, a Comissão de Direitos Humanos da Comissão Constituinte incluiu, em seu texto, uma proposta que busca a desmilitarização dos Carabineiros. A Comissão busca um trabalho mais humanizado e que respeite os direitos humanos.

E é óbvio que houve certa resistência à proposta. O ministro do Interior do Chile, Rodrigo Delgado, criticou fortemente a sugestão da Convenção Constitucional e se opôs à ideia. Apesar disso, a proposta sequer foi votada e precisa da aprovação do plenário.

Em resumo: a história que diz que a esquerda chilena quer acabar com a polícia militar na nova Constituição é falsa! A Comissão Constituinte, que vai escrever a nova Carta Magna do Chile, começou a debater os conteúdos que devem estar presentes na Constituição apenas no dia 18 de outubro de 2021. Com as eleições presidenciais, os debates esfriaram e devem retornar no início de 2022. O texto com a nova proposta da Carta Magna deve ficar pronto apenas em setembro de 2022. Além disso, o Chile não vai acabar com a polícia. Na realidade, a Comissão de Direitos Humanos da Convenção Constitucional sugeriu que a polícia fosse desmilitarizada. A proposta atende a um pedido antigo do povo chileno, que exigiu um novo tipo de abordagem por parte da polícia durante os protestos de 2019. Ou seja, a história não passa de balela!

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.

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