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Termômetro digital na testa lança um raio destruidor da glândula pineal #boato

Termômetro digital na testa lança um raio destruidor da glândula pineal, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – O termômetro digital na testa pode lançar um raio destruidor da glândula pineal e causar vários problemas de saúde. Por isso, o ideal é medir a temperatura no pulso.

Nos últimos dias, vimos surgir na internet uma avalanche de boatos relacionados a novos hábitos e acessórios que adotamos na rotina por causa da pandemia do coronavírus, entre eles, a máscara, álcool gel e até ao termômetro digital, usado principalmente em comércios para medir a temperatura das pessoas antes destas adentrarem os locais. E em mais uma série da saga de teorias da conspiração sobre os “malefícios” do termômetro infravermelho, trazemos uma nova versão dessa informação que está dando o que falar nas redes sociais.

Em um vídeo que está sendo compartilhado pelos internautas, com pouco mais de cinco minutos de duração, um homem traz à tona uma informação de que o termômetro digital na testa é capaz de lançar um raio destruidor da glândula pineal e causar vários problemas de saúde, já que esta seria responsável por funções importantes no corpo humano, tais como proteção do sistema imunológico, desenvolvimento sexual e sono.

Por isso, segundo ele, o ideal seria utilizar o aparelho para medir a temperatura no pulso. Como argumento, o homem cita no vídeo o suposto relato de uma enfermeira australiana sobre o assunto. Confira, a seguir, a transcrição do que é falado nele:

Confira o desmentido em vídeo

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“Raio na testa destruidor da glândula pineal !! Cuidado mandem colocar no pulso !!” Atenção! Cuide-se! Não deixe colocar na testa. Se quiser, apenas do braço. Isto parece inofensivo, mas não é em tudo não. Protejam-se! Tudo é subliminar. Sem querer, vão nos acostumando, adestrando e sabotando as nossas vidas. A tal famosa matrix. Vamos lá! A tradução, então, de uma mensagem muito importante de uma enfermeira australiana. “Estou realmente preocupada. Comecei a implementar os novos protocolos em vigor. Uma das minhas novas tarefas é medir e registrar a temperatura de cada pessoa. Eu aponto para o centro da sua testa com a minha arma em forma de termômetro, puxo o gatilho, espero pelo bipe e registro a temperatura.

Sempre peço desculpas à pessoa antes de prosseguir. Depois de fazer isso uma dúzia ou mais vezes, de repente, tive uma percepção. Estamos sendo de dessensibilizados ao direcionarmos isto à cabeça e também causando problemas de saúde potenciais ao apontar um raio infravermelho para a glândula pineal. Comecei, então, a medir a temperatura no pulso, que acabou sendo mais precisa, já que a testa é mais fria do que o pulso e os resultados diferem em mais de 1 grau em alguns casos.

Fui a um shopping center e as pessoas faziam fila para medir a temperatura por um funcionário que, obviamente, não era médico e não foi devidamente instruído sobre como realizar este procedimento corretamente. Muitos ficaram chocados quando chegou a minha vez e eu peguei a arma que estava sendo apontada para minha testa e a redirecionei para o meu punho. Falei baixinho, mas com firmeza, e disse ao funcionário que um termômetro infravermelho nunca deve ser apontado para a testa de alguém, especialmente de bebês e crianças pequenas. Além disso, requer conhecimento básico de como ler corretamente a temperatura de alguém. Ou seja, colocar um termômetro no punho ou cotovelo é mais preciso e muito menos prejudicial.

Foi muito perturbador para mim observar a criança se acostumando a ver um objeto em forma de arma apontado para a testa e sem nenhuma reação negativa dos adultos, como se isso fosse normal e aceitável. Como profissional da área médica, recuso-me a visar diretamente a glândula pineal, que está localizada diretamente no centro da testa, com raio infravermelho. No entanto, a maioria das pessoas concorda em passar por isso várias vezes ao dia. Nossas glândulas pineais devem ser protegidas, pois é crucial para nossa saúde agora e no futuro. {…]

Termômetro digital na testa lança um raio destruidor da glândula pineal?

O vídeo viralizou e deixou muitos internautas preocupados com o que o simples aparelho usado no dia a dia (até mais de uma vez, na maioria dos casos) poderia causar à saúde. Mas será mesmo que o termômetro digital na testa lança um raio destruidor da glândula pineal? A resposta é não!

Antes de começar, vale lembrar que essa história toda de “malefícios do termômetro infravermelho à glândula pineal” já foi desmentida em outro post aqui pela equipe do Boatos.org. Lá, falamos sobre as características da mensagem, que são muito comuns em fake news: ela é vaga (não diz quando e onde a enfermeira teria divulgado o tal relato), alarmista (tem o objetivo de gerar alvoroço), possui erros de português e não cita fontes confiáveis de notícias que possam confirmar o que está sendo dito.

Além disso, como falamos no início deste artigo, este não é o primeiro boato que surge online relacionados a acessórios que passamos a utilizar na pandemia para evitar a Covid-19. Inclusive, nós já desmentimos vários deles, tanto relacionados à máscara, como o que dizia que o uso prolongado de máscaras de proteção poderia causar hipóxia (baixa oxigenação); como ao álcool gel, como, por exemplo, a história falsa de que o produto não teria o poder de matar o coronavírus e nem outras bactérias, mas sim, o vinagre; e até causo de que a Dra. Stella Emanuel teria dito que a hidroxicloroquina é a cura da Covid-19 e que as máscaras fazem mal.

E da mesma forma que nestes casos, não é possível encontrar nada sobre os males que o termômetro digital supostamente pode causar à glândula pineal. Ao contrário disto, ao buscarmos sobre a informação que está sendo compartilhada, achamos vários desmentidos mundo afora, como nos Estados Unidos (feito pelo site AP News), na Índia (pelo site The Logical Indian), na Malásia (pelo New Straits Times).

Também é possível encontrar matérias até em lituano e espanhol rebatendo o assunto, como a do site Univision, por exemplo, que publicou um texto esclarecendo que esses aparelhos usados para medir a temperatura, ao contrário do que supõe o boato, não emitem radiação, como controles de TV ou raios X. Por isso, não afetam a pele e tampouco qualquer parte do cérebro. Na realidade, os termômetros digitais têm a função somente de captar os comprimentos de onda infravermelhos naturais que são emitidas pelo corpo humano, e não de enviá-los.

Já ao AP News, o Dr. Harris Sair, diretor de neurorradiologia da Universidade Johns Hopkins, explicou que a glândula pineal também não está localizada próxima à testa, como é falado no vídeo. Ela se encontra a vários centímetros do tecido cerebral, isto é, nas áreas mais profundas do cérebro. Isso quer dizer que, mesmo que os termômetros infravermelhos pudessem fazer mal à saúde (o que já vimos que não é verdade), jamais poderiam alcançá-la, uma vez que estes aparelhos são fabricados para captar apenas temperaturas da superfície da pele.

Por último, não há qualquer evidência de que a tal enfermeira australiana tenha dado o tal relato sobre o assunto. Até porque a única citação que encontramos sobre ela foi na checagem do site World Today News. Além do mais, mesmo que ela realmente tivesse falado sobre o assunto, a informação continuaria sendo fake, já que a tese já foi refutada por vários especialistas, como mostramos no decorrer deste artigo.

Resumindo: O vídeo que está compartilhando a notícia de que os termômetros digitais na testa podem lançar um raio destruidor da glândula pineal não fala a verdade. Primeiro, porque esses aparelhos têm a única função de captar a temperatura corporal da superfície da pele, e não de enviar radiação ao corpo humano. E mesmo que isso acontecesse, não seria possível atingir a glândula pineal, já que esta não está localizada próxima à testa, mas sim, em áreas profundas do cérebro.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164. 

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