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Relatório do governo da Alemanha aponta que vacinas causam aids em quem se imuniza #boato

Relatório do governo da Alemanha aponta que vacinas causam aids em quem se imuniza, diz boato

Boato – Dados da Alemanha indicam que pessoas completamente vacinadas contra Covid-19 terão algo semelhante a aids.

Os disseminadores de desinformação não tiraram férias e a prova é a enorme quantidade de fake news que têm circulado na internet nas últimas semanas. Em especial, informações falsas sobre as vacinas contra a Covid-19. E a história de hoje não é diferente.

De acordo com uma publicação que está sendo compartilhada nas redes sociais, um relatório do governo da Alemanha teria apontado que todos os imunizados contra a Covid-19 desenvolveriam “algo semelhante a aids”. Em outubro de 2021, uma história parecida começou a circular na internet e ganhou ainda mais repercussão após o presidente do Brasil Jair Bolsonaro usar a informação falsa durante uma live presidencial.

E segundo a história de hoje, a descoberta teria sido feita por cientistas alemães, que teriam constatado que o sistema imunológico de pessoas completamente vacinadas se degradaria em 87%, após completarem o esquema vacinal. Ainda segundo a publicação, a degradação apenas continuaria, até que o sistema imunológico desaparecesse completamente. Confira:

Vídeo: É falso que vacina da gripe tenha "vírus do câncer"

Versão 1: “Dados oficiais da Alemanha sugerem que totalmente vacinadas do Covid desenvolverão algo semelhante a AIDS”. Versão 2: “Após as injeções de Covid em médio e longo prazo, a maioria das pessoas que estão “totalmente vacinadas” terá desenvolvido algo semelhante à AIDS”.

Relatório do governo da Alemanha aponta que vacinas causam aids em quem se imuniza?

A informação causou medo nas redes sociais, em especial, no Twitter e viralizou em grupos antivacina. Apesar disso, a história não é verdadeira. A explicação fica por conta da origem da informação e de uma distorção de uma informação real.

Histórias falsas sobre as vacinas contra a Covid-19, infelizmente, se tornaram frequentes nas redes sociais. A equipe do Boatos.org já desmentiu inúmeras delas, como a que dizia que vacinados contra a Covid-19 estariam desenvolvendo aids. Também a que indicava que a ex-funcionária da Pfizer, Karen Kingston, teria revelado que as vacinas teriam óxido de grafeno em sua composição e, por fim, a que apontava que o número de internações de crianças, nos EUA, teria aumentado após o início da vacinação.

Ao analisar a história de hoje, percebemos que ela surgiu a partir de uma distorção de um relatório com dados compilados sobre a Covid-19, na Alemanha. Na realidade, a história surgiu após algum jênio (com J mesmo, desprovido de inteligência) pegar dados sobre a vacinação e o número de infecções por Covid-19 no país alemão. Após identificar que, na época, o número de pessoas vacinadas representavam o maior número de casos de Covid-19, uma análise completamente equivocada foi feita.

A partir daí, o jênio criou uma relação equivocada, onde indicava que pessoas totalmente vacinadas contra a Covid-19 teriam mais chances de se infectarem pela variante Ômicron. Se isso não bastasse, o jênio ainda tentou fazer um cálculo onde considerava a eficácia da vacina como a eficácia do sistema imunológico da pessoa. Com isso, encontrou o número de 87,7%, em que “os vacinados contra a Ômicron” teriam uma resposta imunológica 87,7% menor do que os não-vacinados. Como é possível ver, a pessoa não entende absolutamente nada sobre Biologia ou Estatística.

Se tudo isso não fosse o suficiente, um site conspiracionista comprou a teoria totalmente equivocada e fez todo o trabalho de divulgação e amplificação da fake news. Ou seja, toda a história surgiu de uma leitura equivocada e distorcida de um documento real. Além disso, a história surgiu em uma fonte não confiável (e posteriormente foi compartilhada em um site negacionista).

Por fim, o fato da maior parte dos casos de infecção pela variante Ômicron terem sido registrados entre os vacinados contra a Covid-19 não é motivo para preocupação. A Alemanha tem quase 72% de toda a sua população completamente vacinada contra a Covid-19. Ou seja, os vacinados representam a maior parte dos alemães. A vacina funciona, mas não fornece imunidade esterilizante (quando o imunizante consegue prevenir totalmente uma infecção). No caso das vacinas contra a Covid-19, seu objetivo principal é prevenir o desenvolvimento de casos graves e diminuir as hospitalizações. Dessa forma, é normal que pessoas vacinadas se contaminem. E isso não significa que a resposta imunológica de pessoas completamente vacinadas seja menor do que a de não-vacinados. Afinal de contas, a taxa de morte e de hospitalizações entre os não-vacinados segue sendo muito maior e mais preocupante.

Em resumo: a história que diz que dados do governo da Alemanha indicam que pessoas completamente vacinadas contra a Covid-19 vão desenvolver algo semelhante com a aids é falsa! A história, assim como aquela divulgada pelo presidente Jair Bolsonaro, em outubro de 2021, surgiu a partir de uma leitura equivocada de um documento real. Após supor diversas coisas e ignorar o contexto da realidade, alguma mente brilhante (só que não) criou toda a teoria que, posteriormente, foi compartilhada por um site negacionista. Ou seja, a história não passa de balela.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.

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