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Estudo em Sorocaba prova que tratamento precoce com Kit Covid tem 99% de eficácia #boato

Estudo em Sorocaba prova que tratamento precoce com Kit Covid tem 99% de eficácia, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – Estudo promovido pela prefeitura de Sorocaba (SP) prova que o tratamento precoce com o Kit Covid tem 99% de eficácia contra o coronavírus.

Desde quando a pandemia foi declarada pela OMS, o que não faltaram foram anúncios de estudos sobre eficácias de medicações contra a Covid-19. É uma pena que nem todos eles (como apontamos, por exemplo, aqui e aqui) não têm sequer o rigor científico para serem considerados um “estudo”.

Um dos últimos que causou impacto aponta que a prefeitura de Sorocaba descobriu que o tratamento precoce com o chamado Kit Covid (coquetel que inclui remédios como hidroxicloroquina e ivermectina) teria 99% de eficácia contra a Covid-19. Um “estudo”. “Estudo preliminar aponta 99% de eficácia do tratamento precoce. Prefeitura de Sorocaba”, diz a mensagem que circula online.

Estudo em Sorocaba prova que tratamento precoce com Kit Covid tem 99% de eficácia?

O que não faltou foi gente falando da suposta pesquisa. É uma pena que o “estudo” sequer pode ser considerado uma pesquisa com rigor científico e, muito menos, comprova que o tratamento precoce tenha 99% de eficácia contra a Covid-19.

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O histórico de boatos que falam sobre “números de eficácia” do tratamento precoce ou de remédios como a hidroxicloroquina e ivermectina já nos deixa muito desconfiados da veracidade da informação. Há pouco tempo, desmentimos boatos que falaram em 83% e 90% de eficácia da ivermectina (note que o número só faz aumentar).

Ao analisar a metodologia do suposto estudo, vimos que não dá para considerar que ele prova a eficácia de 99% da ivermectina. Isso porque o texto não se baseou no chamado padrão ouro das pesquisas: o teste duplo-cego.

Aqui cabe um exemplo de como deveria ser calculada a eficácia de uma medicação. Para considerar a eficácia de um remédio, o teste deveria ser feito com dois grupos. Em um, o remédio era dado. Em outro, seria dado um placebo. A partir do número de sucessos (cura) ou fracassos (óbito) dos dois grupos, calculados (em alguns casos) com variáveis, é que se faz uma relação entre os grupos e se chega à porcentagem de eficácia.

O que foi feito em Sorocaba foi dar o remédio a um grupo de pessoas e depois, sem nenhuma relação com outro grupo, se calculava quantas não morreram Como 99% das pessoas que fizeram o tratamento precoce sobreviveram, chegou-se ao número. Ou seja: foi um cálculo que não segue uma metodologia utilizada nas pesquisas.

Além disso, o “estudo” ignorou alguns detalhes na metodologia. O primeiro é que só foram levados em conta casos leves da doença (que não necessitavam de internação imediata). É possível (com base em dados de letalidade da doença, de acordo com a OMS) que, mesmo sem tomar qualquer medicação, essas pessoas sobreviveriam.

Outro ponto ignorado é o mais óbvio: a ciência já demonstrou em estudos com muito mais profundidade do que esses em questão, que a ivermectina e a hidroxicloroquina não são eficazes contra a Covid-19.

Vale apontar que, depois que a publicação foi feita pela Prefeitura de Sorocaba, a justiça determinou a retirada de qualquer propaganda sobre o tratamento precoce ou do estudo (posteriormente chamado de “levantamento”) em questão. Também é importante citar que, de acordo com essa matéria do UOL, Sorocaba é a cidade de São Paulo que teve maior aumento de óbitos entre janeiro e março deste ano.

Resumindo: ao contrário do que apontam mensagens, o “estudo” (que não pode ser considerado uma pesquisa científica) não prova que o tratamento precoce tenha 99% de eficácia. Além da metodologia estar errada, a própria justiça já ordenou a retirada do “levantamento” da internet.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164. 

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