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O melhor de 2022 no Boatos.org, por Edgard Matsuki

O melhor do Boatos.org em 2019, por Edgard Matsuki

Em mais uma parte da nossa retrospectiva, Edgard Matsuki, editor do Boatos.org, lista as cinco fake news mais impactantes do Boatos.org em 2022.

Conforme esperávamos, o ano de 2022 não foi nada fácil para quem desmente fake news. Por um lado, as fake news sobre a pandemia da Covid-19 (assim como a pandemia em si) arrefeceram (assim como a pandemia, arrefeceram, mas não acabaram), por outro, as eleições de 2022 impactaram (no antes, durante e depois) a desinformação online.

Dentre as centenas de fake news que eu desmenti, não foi fácil (assim como em outros anos) escolher cinco textos para a nossa retrospectiva. Como critérios para este ano usei o impacto do desmentido (não só em audiência como também em influência) e o fato de sermos os primeiros a dar uma informação correta em meio a fake news.

A nossa lista tem um desmentido sobre a pandemia e quatro desmentidos relacionados às eleições. Curiosamente, os períodos mais críticos em relação a fake news foram no segundo turno das eleições e no pós-eleições, quando fake news visavam fomentar o pensamento golpista em algumas pessoas. Sem mais delongas, confira o nosso top 5.

#5 – Japão declara ao mundo que ivermectina é mais eficaz que a vacina #boato

Esta história falsa foi desmentida lá no início de 2022. Em um período no qual a variante Ômicron fez o Brasil ter mais um pico de infecções (inclusive esse quem vos fala foi infectado pela primeira vez pelo coronavírus), ainda tinha gente falando que “o Japão havia descoberto” que a ivermectina era melhor do que a vacina.

Vídeo: é falso que prédio da Chrysler colocou mensagem de Lula na cadeia

A informação não só era falsa como também era perigosa. Felizmente, o Brasil teve índices de vacinação suficientes para o pico de casos de 2022 não ser acompanhado pelo pico de mortes. Por outro lado, até hoje a falácia é compartilhada entre negacionistas que ainda defendem remédios sem eficácia e atacam a vacina.

#4 – Greve geral de todos os caminhoneiros do Brasil vai ser deflagrada em 18/11/2022 #boato

Há muitos requisitos em quem se dispõe a desmentir fake news. A coragem é um deles. O desmentido de que “caminhoneiros que iriam parar o Brasil” pedindo intervenção militar entra na nossa lista justamente pelo fator coragem.

Entre diversas vezes em que o nome da classe foi utilizado (de forma indevida) politicamente, o do final de novembro de 2022 chamou atenção. A mensagem apontava que “todos caminhoneiros iriam para por apoio a Bolsonaro”. Eram dois os objetivos: 1) Assustar e mostrar poder. 2) Arregimentar pelo mecanismo de “onda” outros caminhoneiros.

Só havia um detalhe: faltava avisar as entidades de caminhoneiros. Na prática, o que havia era um grupo de bolsonaristas em caminhões (muitos mandados por chefes bolsonaristas “do agro”) se dispondo a patrocinar a ação.

Desmentimos a “magnitude prometida” e sofremos ataques de bolsonaristas (inclusive influentes) falando que “iríamos perder a credibilidade”. No final, não houve greve que parou o Brasil e os influencers só não perderam credibilidade porque não tinham muita.

# 3 – Ipec que faz pesquisas eleitorais fica no mesmo endereço do Instituto Lula #boato

Falando em “influencers bolsonaristas”, essa história que entra no nosso top 3 foi criada por um youtuber apoiador do presidente. Depois das primeiras pesquisas eleitorais apontarem para uma liderança de Lula nas eleições, começou a circular a informação que aponta que o Instituto IPEC (feito por alguns integrantes do Ibope) ficava no mesmo endereço do Instituto Lula.

A informação não procedia. O IPEC que “ficava” no endereço do Instituto Lula nada tinha a ver com o instituto de pesquisas eleitorais. Colocamos essa história na nossa lista porque acabou sendo a mais lida do primeiro turno das eleições e uma das mais lidas de todo o pleito.

#2 – Lula morreu e foi substituído por clone de 10 dedos na COP27 #boato

O pós-eleições (junto com o segundo turno do pleito) foi o pior período em termos de fake news. Tanto que os dois primeiros lugares da nossa lista falam justamente deste período.

Logo depois que Lula venceu as eleições, houve um anúncio de que ele tiraria uns “dias de férias”. Foi justamente neste período de ausência de aparições públicas que surgiu a tese de que ele “havia sido internado no Hospital Sírio-Libanês”. Haviam várias versões. Em alguns casos, era dito que ele havia tido um AVC. Em outros, era infarto ou câncer.

O Boatos.org desmentiu a fake news, mas a coisa não parou por aí. Depois da doença que nunca ocorreu, surgiu a fake news da “morte de Lula” (novamente, sem nenhuma prova). Desmentimos as fake news da morte, mas a coisa não parou por aí.

A cereja do bolo foi a fake news que ele apontava que Lula não só havia morrido (após estar internado, claro) como também havia “sido substituído” por um clone de dez dedos. Mais uma vez, era mentira: as provas eram fotos “espelhadas” que mostravam a outra mão do presidente. Por conta de ser um exemplo de mentira contada sobre mentira, essa história entra no nosso segundo lugar (poderia entrar até em primeiro).

#1 – Site Veja Seu Voto (vejaseuvoto.info) mostra em quem você votou e revela fraude nas eleições de 2022 #boato

O nosso primeiro lugar da retrospectiva acaba juntando diversos elementos citados nos textos anteriores. Juntou o fator “coragem” (sabíamos que a página em questão era falsa e não esperamos um “desmentido oficial”), esteve inserido nos temas eleições e intervenção militar e também seguiu uma “narrativa”.

Durante todas as eleições, bolsonaristas tentaram vender uma narrativa de que houve fraude nas eleições. Para tanto, chamaram até um argentino para divulgar um dossiê sobre fraude nas urnas (que, na realidade, era um PDF utilizado em uma fake news havíamos desmentido).

Dias depois, o argentino em questão divulgou, em uma live, que havia um site que “comprovava a fraude”. Nele, a pessoa “colocava o CPF” e descobriria em quem a pessoa votou. Na realidade, era um site que se utilizava de algum banco de dados de CPF (destes que vazam na internet) e colocava aleatoriamente “13” ou “22” (com muito mais votos para Lula do que para Bolsonaro).

Quando tivemos acesso à história, percebemos os furos do site e fizemos o desmentido (alertando, inclusive, para o risco de roubo de dados). No outro dia, o próprio TSE nos referenciou e também desmentiu a história. Esta é a nossa medalha de ouro.

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