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Aumento de casos de Gibraltar prova que vacinas não funcionam e não são seguras #boato

Aumento de casos de Gibraltar prova que vacinas não funcionam e não são seguras, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – Gibraltar tem aumento de casos por Covid-19, cancela o Natal e mostra que as vacinas não funcionam.

A situação da pandemia da Covid-19 na Europa tem preocupado o restante do mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já fala em uma 4ª onda mundial da doença e ressaltou que o SARS-CoV-2 continua em evolução, com variantes mais transmissíveis.

Por conta disso, diversos países na Europa anunciaram novos lockdowns e o retorno de medidas de proteção. Além disso, os países também têm adotado ações que restringem a circulação de não-vacinados, uma vez que a alta de casos e mortes por Covid-19 está altamente relacionado com o baixo índice de vacinação.

Com base nesses dados, Gibraltar, um dos lugares mais vacinados contra a Covid-19 no mundo, decidiu cancelar seu evento natalino. De acordo com histórias que começaram a circular nas redes sociais, o aumento de casos na região levou ao cancelamento do evento e seria a prova de que as vacinas não funcionam. Houve até um texto que circulou online:

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New photo posted in FRAUDEMIA: ‘Gibraltar é o país mais vacinado na Terra. Muitos já estão com as 3 doses. Agora eles irão cancelar o natal por causa do aumento de casos. Isso significa apenas que a vacina “funciona e é segura e eficaz”. Confiem!

Aumento de casos de Gibraltar prova que vacinas não funcionam e não são seguras?

A informação ganhou bastante visibilidade nas redes sociais, em especial, no Twitter e no Facebook. Apesar disso, a história não é verdadeira. A explicação fica por conta da Ciência.

Desde que a pandemia da Covid-19 se espalhou por todo o mundo, as histórias falsas sobre a doença (em especial, sobre as vacinas) começaram a pipocar na internet. A equipe do Boatos.org já desmentiu inúmeras delas, como a que dizia que o general David. H. Berger teria se negado a vacinar sua tropa contra a Covid-19. Também a que indicava que as vacinas contra a Covid-19 poderiam causar Alzheimer e teriam níveis tóxicos de alumínio e, por fim, a que apontava que a esposa do CEO da Pfizer teria morrido por causa da vacina contra a Covid-19.

Resolvemos, então, buscar mais informações sobre o assunto. Foi aí que descobrimos que o caso não tem nada a ver com a suposta falta de eficácia das vacinas. Gibraltar é um território ultramarino que pertence ao Reino Unido e está localizado ao sul da Espanha. De fato, o governo local decidiu suspender as comemorações oficiais do Natal, após um aumento expressivo de casos de Covid-19 na região. Entretanto, isso não tem nada a ver com a teoria de que as vacinas não funcionam.

Gibraltar terminou de vacinar completamente sua população em abril de 2021. Já as doses de reforço começaram a ser aplicadas no final de setembro de 2021. Entretanto, no início de outubro de 2021, o território viu o número de casos de Covid-19 saltar. De acordo com especialistas, os surtos começaram a ser registrados em encontros religiosos e outras reuniões. Posteriormente, o contágio em locais de trabalho também aumentou. Vale ressaltar que o território de Gibraltar testa com frequência seus moradores.

Por conta disso, as comemorações natalinas oficiais acabaram canceladas. O governo local também recomendou que as pessoas não se aglomerem, evitando grandes eventos sociais, e usem a máscara de proteção nos casos indicados. Além disso, orientou que, caso as pessoas decidam comemorar a data, optem por lugares abertos, com boa ventilação e entre pessoas completamente vacinadas.

Segundo a imprensa local, o último comunicado da assessoria de imprensa de Gibraltar informava que o território possuía 359 casos ativos e 440 pessoas em isolamento. De acordo com o comunicado, 5 pessoas estavam hospitalizadas e apenas uma delas em estado grave. Dados da Universidade Johns Hopkins apontam que o território não registra mortes por Covid há mais de 28 dias.

Como é possível observar, as medidas de segurança tratam-se de precaução por causa do aumento do número de casos e não porque as vacinas não funcionam. E como já estamos cansados de lembrar por aqui, o objetivo principal das vacinas é evitar mortes e casos graves, que requeiram hospitalizações. Além disso, os imunizantes também ajudam a reduzir o número de infecções pela doença, mas isso não significa que eles vão acabar com as infecções.

Podemos fazer um parâmetro da ação da vacina com a proteção de um colete à prova de balas. O simples uso do colete vai reduzir (e muito) as chances de uma pessoa morrer por um tiro de arma de fogo. E mesmo usando um colete apropriado, você ainda pode se machucar. No caso dos coletes, as pessoas podem acabar com hematomas e feridas. Mas isso não quer dizer que o colete não cumpriu o seu papel (afinal de contas, a pessoa não morreu). Além disso, os coletes à prova de bala são organizados em níveis de proteção. Alguns deles não protegem contra determinados tipos de armas. Isso não significa que um colete à prova de balas não sirva ou não deva ser usado, certo?

O mesmo acontece com uma vacina. Como já explicamos, sua função principal é evitar mortes e hospitalizações. Apesar disso, muitas pessoas têm se descuidado após a vacinação, achando que a vacina vai deixar qualquer pessoa imune. Trago fatos: nenhuma vacina é 100% eficaz e infalível, especialmente quando ainda há a transmissão contínua do vírus. E isso se explica por um grupo de variáveis, como a eficácia da vacina e a presença de novas variantes. Lembram dos níveis de proteção de um colete à prova de balas? As vacinas são desenvolvidas com o conhecimento que se tem sobre o vírus até aquele momento, ou seja, possuem um certo nível de proteção. Isso significa que a vacina pode não proteger contra novas mutações, porque elas modificam o comportamento do vírus no nosso organismo, encontrando um jeito de burlar a proteção fornecida pelo imunizante.

O caso de Gibraltar, ao contrário do que diz a história, mostra a eficácia da vacinação massiva. Apenas 5 pessoas acabaram hospitalizadas e só uma delas está em estado grave. Se a vacina não funcionasse, muito mais pessoas morreriam (dado o grande número de infectados). A situação não é catastrófica, assim como no restante da Europa, que enfrenta uma situação muito pior pelo baixo índice da vacinação.

Por fim, é importante destacar que a situação da Europa, que parecia ter a pandemia controlada, é mais complexa. Mesmo com a vacinação avançando em diversos países e o número de casos diminuindo, as medidas de restrição (como o uso de máscara e o distanciamento) ainda eram obrigatórios. Com a falsa sensação de segurança, a flexibilização das medidas de proteção, o baixo índice de vacinados e um sistema que facilita o deslocamento das pessoas entre os países da Europa, a situação voltou a piorar e evidenciou os erros cometidos pelos governos. Isso significa que existe um contexto para a alta de casos na Europa e ele não tem nada a ver com a falta de eficácia da vacina.

Em resumo: a história que diz que o aumento do número de casos de Covid-19, em Gibraltar, seria a prova de que a vacina não funciona é falsa! Como já cansamos de repetir por aqui, nenhuma vacina é 100% eficaz e infalível (isso seria impossível, ainda mais se tratando de vírus que sofrem mutações mais facilmente). Além disso, o objetivo principal de um imunizante é evitar mortes e casos graves com hospitalizações. Os números em Gibraltar mostram o contrário do que diz a história. Recentemente, apenas 5 pessoas foram hospitalizadas e só 1 está em estado grave. O território não registra mortes por Covid-19 há mais de 28 dias. A decisão do governo local de cancelar eventos e emitir orientações para as festividades de final de ano foram certeiras e necessárias. As medidas devem controlar o número de casos e evitar que as pessoas se exponham ainda mais ao vírus. No final das contas, o governo de Gibraltar deveria ser aplaudido e não criticado. Ou seja, a história não passa de balela.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.

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