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Covid só vai parar quando infectar maioria das pessoas, mutação está menos letal e mentiram sobre isolamento #boato

Covid só vai parar quando infectar maioria das pessoas, mutação está menos letal e mentiram sobre isolamento, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – Segundo médica, Covid-19 só vai parar quando “infectar a maioria das pessoas”, mutação é menos letal e isolamento é uma mentira

E vamos, mais uma vez, de Covid-19! Os números de infectados e mortos pela doença voltaram a aumentar. Em alguns países, já se fala em segunda onda da Covid-19. Na Europa, muitos já se arrependem da flexibilização nas medidas preventivas que levou o número de casos a bater recordes.

Nos Estados Unidos, o número de pessoas internada também bateu recordes. Em alguns estados, como Utah, hospitais já estão tendo que priorizar atendimentos, leitos e tratamentos.

Mesmo com tudo isso, fake news sobre o assunto ainda insistem em aparecer (e desinformar muitas pessoas). Nos últimos dias, um texto gigante recheado de informações falsas tem circulado nas redes sociais. De acordo com a publicação, a Covid-19 só iria parar quando infectasse a maioria da população. Ainda de acordo com a mensagem, a mutação sofrida pelo SARS-CoV-2 teria deixado a doença menos letal e as autoridades estariam mentindo sobre o isolamento. Confira:

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Vou explicar pela milésima vez o que venho tentando enfiar na cabeça das pessoas desde que essa pandemia foi decretada. Vou tentar ter mais calma e usar termos mais fáceis de vcs entenderem. Vamos lá: Essa DESGRAÇA desse vírus só vai parar quando ele infectar a maioria das pessoas. Isso é o que acontece na p… dos ciclos virais. Esse c…, apesar de ter sido criado na p… da China, não é nenhum extra terrestre. Ele se comporta como qualquer outro vírus respiratório. O seu ciclo vai se cumprir querendo vc ou não. Seu código genético já foi todo codificado. Já foi visto que sua mutação deixa-o menos letal. Mentiram para vcs que se ficassem em casa esta merda desse vírus iria desaparecer. E a maioria das pessoas acreditou nessa loucura. Fecharam a p… toda e criaram um caos no mundo ( hoje entendemos os objetivos por trás disso). Obviamente o vírus não foi embora para outro planeta, como teve idiota acreditando. Ele ficou aqui esperando por vc porque, sinto muito te dizer,  ele vai te encontrar, cara pálida. Pare de ser marika e enfrente essa p… com coragem

Mas tudo bem. Acreditar a primeira vez eu até tolero. Não entendo, mas tolero. Mas acreditar nessa mentira pela segunda vez é demais para a minha cabeça. Não é possível ainda me deparar com tanta gente histérica e frouxa achando que vai todo mundo morrer e que a segunda onda vai ser pior. Meu Deus do céu. Que geração de m… essa. Eu não suporto mais ver gente denunciando outras pessoas e aplaudindo lockdown. Não se enganem pois ainda há muita gente assim. O maior número de óbitos que tivemos foi quando estava tudo fechado. Prenderam as pessoas de forma totalmente irresponsável e sem nenhuma comprovação de eficácia. É muito claro que os objetivos de tudo isso eram outros. Nunca foi proteger a população. Quem ainda não entendeu isso precisa se tratar. Mentiram sobre a preocupação em sobrecarregar o sistema de saúde. Não tivemos nenhuma morte por falta de leito de UTI. O sistema se organizou e continuaram fazendo terrorismo. A grande maioria das mortes que tivemos foi por negarem o tratamento e internamentos precoces. Fora as outras causas de óbito que jogaram na conta do vírus. Me respondam, diante disso tudo que aconteceu, qual a justificativa para novas ameaças de restrições?  Por que tem gente que ainda acredita em tanta mentira?

Outra coisa: era meio óbvio que quando libertassem os escravos parcialmente o número  de casos iria aumentar. Ou precisa ser um gênio para concluir isso?  O vírus só vai embora quando o número de pessoas suscetíveis diminuir. Esse aumento de casos  não está acarretando maior número de óbitos. Parem de se informar pela mídia. Vcs precisam de mais o que para acreditar que o objetivo de todo a midia sempre foi fazer terrorismo? Eu trabalho em hospitais. Trabalhei em UTI destinada a pacientes com COVID. Eu estou participando de dentro do problema. Eu não preciso me informar por nada e nem por essa horda de cientistas desonestos que descobrimos existir.  Eu estou vendo de dentro. Os casos estão se manifestando de forma mais leve e sabemos que isso está ocorrendo por múltiplos fatores, além da mutação do vírus: as pessoas estão tomando sol, se  exercitando novamente, tomando suas profilaxias que já sabemos que funcionam, fazendo tratamento precoce. Não tem porque aceitar qualquer restrição de liberdade. Protejam as pessoas mais frágeis, que, aliás, precisam ser protegidas de qualquer outro agente infeccioso e não só do covid. Parem de denunciar as pessoas. Parem de assistir TV. Não podemos deixar que nos prendam de novo. Se isso acontecer é motivo pra se ter uma guerra civil”.

Covid só vai parar quando infectar maioria das pessoas, mutação está menos letal e mentiram sobre isolamento?

A informação caiu como uma bomba nas redes sociais e deixou muitos internautas preocupados. Os compartilhamentos no Facebook e no WhatsApp já ultrapassam os milhares. Apesar disso, calma lá! A história não tem nada de real.

Basta ler um parágrafo do relato para perceber o caráter raivoso (e mau educado) da mensagem, com direito ao uso de termos homofóbicos, como “marica” (usado pelo presidente Jair Bolsonaro e, no texto, escrito propositalmente de maneira errada, “marika”, para burlar os filtros das redes sociais). Além disso, o texto é recheado de desinformação (mesmo partindo de uma médica), onde não há aprofundamento das informações citadas e sequer referências para embasar tudo o que foi dito.

Há algum tempo já falamos aqui que, dentro da academia, todos os estudos científicos sobre um assunto precisam passar por um processo (inclusive, por uma revisão por pares, isto é, por outros cientistas) para serem considerados válidos. É assim que se produz Ciência e todo o conhecimento que temos acesso hoje. Por isso, é necessário muito cuidado com algumas informações propagadas por determinados profissionais. Nesse caso, podemos citar alguns médicos. De nada adianta ser um profissional de saúde e ir contra todo o conhecimento produzido dentro da área. Se a pessoa está no cargo de médico, mas apenas propaga desinformação ou histórias já desmentidas pela Ciência, o que essa pessoa diz, automaticamente, não serve. Se a informação propagada pela pessoa é falsa, não interessa se ela é médica ou presidente do Brasil, ela não deve ser levada em consideração. Dito isso, vamos esclarecer as informações falsas em forma de tópicos para ajudar na compreensão. Vamos lá!:

1) “Essa DESGRAÇA desse vírus só vai parar quando ele infectar a maioria das pessoas. Isso é o que acontece na p… dos ciclos virais”

Errado! Isso só aconteceria se não tivéssemos nenhum tratamento ou vacina contra o vírus. Desde o início da pandemia, diversas universidades, instituições de pesquisa e farmacêuticas têm se desdobrado para chegar à uma combinação eficaz e segura em forma de vacina. Nos últimos meses, diversas instituições de pesquisa divulgaram dados avançados sobre a efiácia e segurança das vacinas com resultados bastante animadores. No Brasil, inclusive, o próprio Ministério da Saúde já divulgou a primeira parte do plano de vacinação contra a Covid-19. Dessa forma, incentivar a população a se expor ao vírus nesse momento é assinar a sentença de morte para muitas pessoas.

Além disso, se essa mesma mentalidade fosse aplicada desde o início da pandemia, onde nenhuma medida de proteção fosse implementada e as pessoas fossem estimuladas a se contaminarem, muito provavelmente teríamos, de fato, um cenário bastante diferente. Mas para pior! Um estudo da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) indicou, no início da pandemia e com essas condições, que o Brasil poderia ter 1 milhão de infectados em apenas um mês.

Vale ressaltar também que não é possível afirmar que o SARS-CoV-2 vai parar de infectar as pessoas quando grande parte da população já tiver contraído a doença. Isso porque nem todos os vírus são iguais e, dessa maneira, nem todos se comportam da mesma forma. Exemplo disso é o vírus HIV e HPV, que, uma vez contraídos, permanecem no organismo (e podem ou não fazer o organismo desenvolver doenças). Por outro lado, temos o vírus da gripe que, todo ano, infectam diversas pessoas (inclusive, algumas, todos os anos) e logo são eliminados. Já em relação à Covid-19 e o SARS-CoV-2, pesquisadores garante que a imunidade contra o vírus após à contaminação é duradoura, porém, existem casos de recontaminação com cepas diferentes do vírus.

2) “Já foi visto que sua mutação deixa-o menos letal”

Errado!  A menor letalidade entre a população não está ocorrendo somente por causa de uma mutação. Atualmente, de acordo com dados de outros países, a segunda onda tem atingido mais jovens (que, naturalmente, possuem um sistema imunológico melhor do que os idosos). Além disso, nos dias de hoje, a lotação de hospitais e o colapso na saúde não são um problema (pelo menos por enquanto). Se isso não bastasse, hoje, as pessoas estão usando mais máscaras e outros métodos de proteção que contribuem para a diminuição de infecções tão severas. E também pela descoberta de medicamentos e tratamentos que ajudam a reduzir a mortalidade.

Por outro lado, os pesquisadores acreditam sim que o SARS-CoV-2 deve sofrer mutações que levem ao enfraquecimento do vírus e, consequentemente, infeções mais leves. Entretanto, os estudiosos afirmam que isso só deve ocorrer nos próximos anos e garantem: atualmente, é apenas ilusão acreditar que o vírus estaria ficando “mais bonzinho”.

3) “Mentiram para vcs que se ficassem em casa esta m… desse vírus iria desaparecer”

Errado! Ninguém disse isso. Desde o início da pandemia, os governos e pesquisadores solicitaram que as pessoas ficassem em casa para evitar o colapso nos serviços de saúde e para diminuir a circulação do vírus em espaços públicos. Ninguém nunca afirmou que o isolamento seria para “fazer o vírus desaparecer”, mas sim para as pessoas pararem de ficar doentes.

4) “Não é possível ainda me deparar com tanta gente histérica e frouxa achando que vai todo mundo morrer e que a segunda onda vai ser pior.”

Errado! Além de usar termos homofóbicos como “marica” e “gente frouxa”, a médica ainda ressalta não conseguir acreditar que pessoas acham que “a segunda onda vai ser pior”. E já não está? De acordo com dados dos EUA, o país já bateu recordes de internações por Covid-19 no país. Segundo informações, existem quase 17 mil pessoas internadas com sintomas da doença.

Já na Europa, diversos países, como a Alemanha, estão quase batendo o recorde no número de mortes por dia no país. No dia 18 de novembro de 2020, a Alemanha registrou 305 mortos pela doença. O recorde é do dia 16 de abril de 2020, quando 315 pessoas morreram em apenas um dia. Diante desse cenário, todo cuidado é pouco!

5) “Prenderam as pessoas de forma totalmente irresponsável e sem nenhuma comprovação de eficácia”

Errado! No Brasil, por conta de todo o problema de administração da crise da doença e por pessoas como a autora do texto, o isolamento social mal funcionou (ou funcionou aos trancos e barrancos, para ser otimista). Até o momento, não existem provas de que não se isolar tenha funcionado alguma coisa no Brasil. Pelo contrário, já somamos mais de 170 mil mortes e mais de 6 milhões de infectados, sendo criticados até pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Além disso, hoje, a Suécia, um dos países que optou por não adotar medidas de proteção tão rígidas, apresenta números muitos mais assustadores do que seus países vizinhos que optaram por uma quarentena mais rígida. Isso só mostra que a ideia de “imunidade de rebanho” não funcionou.

Se isso não fosse suficiente, países onde o isolamento social foi bem executado e medidas de proteção intensas foram adotadas, a doença foi controlada muito mais rápido e com maior sucesso.

6) “Mentiram sobre a preocupação em sobrecarregar o sistema de saúde. Não tivemos nenhuma morte por falta de leito de UTI”

Errado! E muito errado! Se houve uma coisa que, com certeza, ocorreu no Brasil durante a pandemia, essa foram as mortes por falta de leitos em UTI. Em junho de 2020, o presidente Jair Bolsonaro também afirmou a mesma coisa. Na época, diversos familiares de vítimas da Covid-19 se pronunciaram sobre o assunto e deixaram claro que muitas pessoas morreram sim por falta de leitos em UTI. Se ninguém morresse por falta de leitos, nenhuma UTI teria sido construída em hospitais de campanha (e nenhuma família teria entrado com pedido na Justiça para garantir um leito em hospital).

7) “A grande maioria das mortes que tivemos foi por negarem o tratamento e internamentos precoces. Fora as outras causas de óbito que jogaram na conta do vírus”

Errado! Infelizmente, ainda não há um tratamento precoce para a Covid-19, apenas o isolamento social e as medidas preventivas para evitar a contaminação. Depois de inúmeras pesquisas que pretendiam identificar o potencial de tratamento de algumas substâncias, estudos não chegaram a resultados animadores. A maior parte dos medicamentos estudados não provou sua eficácia no combate ao vírus ou à doença. Apenas a dexametasona e alguns corticóides demonstraram eficácia na redução da mortalidade por Covid-19. Entretanto, o medicamento só funciona em casos graves e não para “curar a doença”.

Além disso, também é falso dizer que houve “supernotificação”. Na realidade, o que houve foi uma subnotificação sobre os casos de infectados e óbitos pela doença. Muitos desses casos precisaram ser revistos. Em algumas cidades, por exemplo, houve até quem sepultasse um familiar, vítima de Covid-19, sem saber.

Por outro lado, também tivemos histórias (mais do que) bizarras sobre “supernotificações”, como o caso do homem que teria morrido após uma explosão no pneu do caminhão, mas registrado como vítima da Covid-19.

8) “Parem de se informar pela mídia. Vcs precisam de mais o que para acreditar que o objetivo de todo a midia sempre foi fazer terrorismo?”

Errado! Sabemos que a imprensa tem seus mil e um problemas, mas as pessoas que estão trabalhando na mídia são profissionais formados e que buscam transmitir, da melhor maneira, a informação. Por isso, sempre checam e confirmam a informação antes de liberá-la ao público! A outra opção seria qual? A informação que a sua tia Márcia, de Pindamonhangaba (SP), recebeu do vizinho e compartilhou no grupo da família? Sem saber se era verdade ou pesquisar sobre o assunto? A mídia pode ter os seus problemas, mas, de longe, ainda é a melhor maneira para se informar.

Em resumo: a história que diz que a Covid-19 só vai acabar quando infectar a maior parte da população, o isolamento social é uma mentira e a nova mutação da Coivid-19 é menos letal é falsa! O texto, mesmo sendo escrito por uma médica, é recheado de abobrinhas já desmentidas pela equipe do Boatos.org, outros serviços de checagem e por pesquisadores. Grande parte das informações, inclusive, circula desde o início da pandemia e partem de uma ideia (bastante errada) do que é ou como está a pandemia da Covid-19. Ou seja, a história não passa de um monte de balela. Não compartilhe!

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99458-8494.

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