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Covid-19 é H1N1 + HIV e vacina terá chip de plasma para reduzir população #boato

Covid-19 é H1N1 + HIV e vacina terá chip de plasma para reduzir população, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – SARS-CoV-2 (novo coronavírus) é uma combinação de H1N1 com HIV e plasma da vacina contra Covid-19 possui chip decodificador para reduzir população e inserir doenças nas pessoas. 

É oficial! Depois das eleições presidenciais nos Estados Unidos e das eleições municipais no Brasil, o assunto Covid-19 retornou com força no mundo das fake news. Dessa vez, o alvo está nas vacinas contra a doença.

E assim como quando essas histórias começaram a pipocar nas redes sociais, dessa vez, as publicações versam sobre possíveis consequências de se vacinar e supostos problemas envolvidos com os imunizantes.

E a história de hoje não é diferente. De acordo com um vídeo que viralizou nas redes sociais, o SARS-CoV-2 seria uma combinação dos vírus H1N1 e HIV. Além disso, a mulher que fala no áudio afirma que o plasma da vacina contra a Covid-19 poderia controlar as pessoas por meio de uma codificação para a leitura de inteligência artificial. Isso, de acordo com ela, resultaria na redução da população mundial. Se isso não bastasse, ela ainda destaca que a vacina faria parte do plano do grupo “Inteligência Artificial Internacional” que estaria tentando implementar o novo coronavírus desde 2018.

Vídeo: é falso que Ivermectina cure dengue, Covid e câncer

Ela também ressalta que o bilionário Bill Gates estaria por trás de todas as empresas de tecnologia envolvidas no desenvolvimento da vacina. Ainda segundo ela, o governo iria fazer um novo lockdown, obrigando todas as pessoas a se vacinarem. Caso contrário, ficariam trancados em casa. De acordo com a mulher, pessoas que já tiveram Covid-19 não podem tomar a vacina, senão irão morrer, por causa da imunidade debilitada. Por fim, ela ainda cita coisas relacionadas à religião e vomita preconceito contra homossexuais, pessoas transgêneras e mulheres que defendem a legalização do aborto. Escute o áudio (e se divirta):

Coronavírus é H1N1 + HIV e terá chip de plasma para reduzir população?

A informação, é claro, bombou nas redes sociais (especialmente, no WhatsApp) e chegou a muitas pessoas. Apesar do engajamento, a história não tem nada de real e muito menos apresenta informações corretas.

Ao olhar para o áudio, logo de cara, ficamos desconfiados. Isso porque toda a história apresenta diversas características de fake news, como o caráter vago (não fala o nome da médica, por exemplo), bastante alarmista (falando algo “bombástico” sobre um assunto em alta na sociedade), possui erros de português, pedidos de compartilhamento e não cita fontes confiáveis (tudo é baseado no que a suposta médica disse e na Bíblia).

Como já dissemos anteriormente, as notícias falsas sobre as vacinas contra a Covid-19 já estão circulando há algum tempo. Mas, nos últimos dias, registramos um boom desse tipo de informação na internet. Dito isso, vamos ao que interessa (entender os motivos pelos quais a história é falsa)!

Fake #1: Bill Gates, vacina contra a Covid-19 e chip

A equipe do Boatos.org já desmentiu essa informação aqui e aqui. Basicamente, não existe nenhuma vacina que vai colocar um chip nas pessoas (e muito menos um decodificador de inteligência artificial). Bill Gates, de fato, está financiando o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19. Ela está sendo desenvolvida pela farmacêutica Inovio e utiliza DNA produzido em laboratório que possui a função de estimular as células-T (que compõem o sistema imune). A vacina tem como foco os genes específicos no “espeto” do vírus e se mostrou bastante segura (e potencialmente eficaz). Vale ressaltar que a Inovio já desenvolve há anos medicamentos e imunizantes com base em DNA e até possui um imunizante contra a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS). Ou seja, a vacina desenvolvida pela farmacêutica Inovio não tem nada a ver com uma atuação direta de Bill Gates (e o bilionário também não está envolvido em um plano maligno) e muito menos pretende injetar um plasma com decodificação para a inteligência artificial.

Fake #2: Vacina vai reduzir a população mundial

Esse assunto também já fez bastante sucesso pelo Boatos.org. Nossa equipe já desmentiu diversas histórias sobre esse assunto (podem ser consultadas aqui e aqui). A verdade é que essa história não faz o menor sentido. Se isso realmente fosse algo viável, com certeza, já teria sido aplicada em alguma outra vacina com cobertura muito maior e de uma forma muito mais sutil e secreta. Vocês também acham engraçado a quantidade de pessoas que sabem sobre o tal plano maligno de reduzir a população mundial? Pois é. Se isso realmente fosse um plano sério, seria muito mais discreto e o número de pessoas que saberiam sobre ele também seria muito pequeno. Isso sem falar na prova física que a vacina deixaria. Seria muito fácil analisar o conteúdo da vacina e identificar se ele teria algo de estranho. Ou seja, a vacina não tem nada a ver com decodificador de inteligência artificial ou um plano maligno para diminuir a população mundial. Até porque isso seria tão absurdo e complexo para ser executado que não faria o menor sentido (muita gente precisaria se envolver, mortes aleatórias causariam desconfiança, sem falar na logística de todo o processo). Já sobre a existência de pessoas transgêneras e mulheres que defendem a legalização do aborto, isso não tem nada a ver com um “plano de redução da população mundial”, mas sim sobre pessoas reais e direitos individuais.

Fake #3: Pessoa que já tiveram Covid-19 podem morrer ao tomar a vacina, por causa da imunidade debilitada

A afirmação é tão absurda que não existe nenhum relato científico ou até mesmo midiático sobre o assunto. As vacinas do tipo mRNA (da Pfizer e da Moderna) não possuem o vírus da Covid-19, mas sim um RNA mensageiro que pode decodificar o código genético do SARS-CoV-2 e produzir uma proteína específica do vírus no nosso organismo, o que alerta o sistema imune e ensina o nosso organismo a combatê-lo. Já as vacinas que usam o vírus não são capazes de desenvolver a doença no corpo humano. A vacina de Oxford, por exemplo, usa o modelo vetor viral não replicante, onde a vacina utiliza outro vírus, modificado geneticamente, com o código genético do SARS-CoV-2. Isso impede que ele se replique nas células humanas. Já a CoronaVac utiliza cópias inativadas do SARS-CoV-2, estimulando o sistema imune a produzir anticorpos contra o vírus. Essa é uma tecnologia utilizada há bastante tempo, como nas vacinas contra a poliomielite, gripe e hepatite A.

Fake #4: Coronavírus já estava sendo planejado em 2018 e médica sabia

Ok, as fake news foram longe demais. Se a suposta médica, realmente, sabia de tudo o que estava acontecendo, por que não denunciou antes? Ou melhor ainda: por que não fez uma denúncia formal contra o tal grupo? Por que a informação só chegou à mulher que “denunciou tudo” no WhatsApp? Muitas perguntas sem respostas e que evidenciam a história sem pé nem cabeça.

Fake #5: Coronavírus é metade H1N1 e metade HIV

Não, não e não! Muitos cientistas já conseguiram realizar o sequenciamento genético do vírus e ele não tem nada a ver com os vírus H1N1 e HIV. O SARS-CoV-2 é um vírus RNA+ e faz parte do grupo coronavírus, causando a Covid-19. Já o vírus H1N1 faz parte do gênero Influenzavirus A e causa a doença Influenza A (ou gripe suína). Enquanto isso, o HIV é um tipo de lentivírus (isto é, um grupo de vírus com longo período de incubação) da família Retroviridae e pode causar a AIDS. Ou seja, nada possui relação com nada aqui.

Fake 6#: É melhor pegar a doença do que tomar a vacina

A grande verdade é que não. Apesar da doença ter sido naturalizada ao redor do mundo, ela segue firme, forte e fazendo vítimas. Cientistas estão se desdobrando para entender o comportamento do vírus e trazer mais respostas e tratamentos efetivos contra a doença. Porém, o que temos observado ao longo do tempo foi que a Covid-19 pode levar à morte em várias situações. Dessa forma, não há como saber se você será o grande “sortudo” da vez. Até o momento, a vacina é a coisa mais próxima de cura que temos hoje. Ou seja, é melhor se vacinar do que pagar para ver (e, talvez, não voltar para contar). Se não bastasse, já desmentimos essa ideia no Boatos.org. Todas as vacinas passam por inúmeros testes e análises e por um processo de avaliação das agências reguladoras até serem disponibilizadas à população. Ou seja, se algo chegar à população, é porque se mostrou segura e eficaz.

Fake #7: Jesus está voltando, um meteoro vai cair na Terra em 2060 (controlado por inteligência artificial) e causar terremotos, precisamos ajoelhar e rasgar nossas vestes

Sabemos que, por aqui, existem pessoas bastante religiosas e se apegar à fé em um momento tão triste e delicado, realmente, pode trazer conforto. Mas, sinceramente, eu me recuso a acreditar que um Deus tão bom seja o responsável por toda desgraça ocorrida na Terra. Além disso, sua fé não deve interferir na Ciência e nem no conhecimento científico, afinal de contas, muitos pesquisadores passaram meses, anos e perderam muitas noites de sono em busca de respostas para o que está acontecendo. Você pode até acreditar em Deus e que um meteoro vai cair na Terra em 2060, mas vamos fazer um acordo: sua fé fica dentro da sua casa e você não tenta usá-la para convencer outras pessoas a tomarem decisões erradas. Na verdade, Deus não gostaria nada disso (como é aquele mandamento mesmo? Não dirás falso testemunho?)! Muito pelo contrário. Compartilhando esse tipo de história, é mais provável que você fique mais distante do Reino dos Céus e mais perto do Inferno por mentir.

Em resumo: a história que diz que o coronavírus é metade H1N1 e metade HIV, a vacina contra a Covid-19 possui um plasma com decodificador para a inteligência artificial e pessoas que já tiveram Covid-19 não podem se vacinar é falsa! O áudio, na realidade, apresenta diversas informações falsas sem comprovação científica ou mundana. Além disso, cita diversas informações já desmentidas pela equipe do Boatos.org. Por fim, vale lembrar que todas as vacinas passam por um longo processo de testes, análises e aprovação de agências reguladoras. Quando aprovadas, significa que são seguras e eficazes. Dessa forma, se vacinar ainda é a melhor opção para ficar seguro e reduzir drasticamente o contágio. Ou seja, a história não passa de balela. Até a próxima!

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99458-8494.

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