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Lewandowski foi reprovado em 11 concursos e teve tese anulada por plágio #boato

Boato – O Ministro do STF Ricardo Lewandowski foi reprovado em 11 concursos públicos, teve a tese de mestrado anulada por causa de plágio e se formou em uma das piores faculdades do Brasil.

Há poucas horas, o Boatos.org publicou uma história falsa que servia para reforçar críticas ao STF após a confusão do ministro Ricardo Lewandowski em um avião. Agora, conforme adiantamos, vamos falar de uma história relacionada diretamente ao ministro do STF.

A última que surgiu na internet aponta para o passado de Lewandowski. De acordo com o texto, ele foi reprovado em 11 concursos públicos (entre eles para o MP, juiz e delegado), cometeu plágio na sua “tese de mestrado” e estudou em uma das piores faculdades do Brasil, a Faculdade de Direito de São Bernardo. Leia a mensagem que circula online:

Você sabia que o hoje ministro do STF, indicado por Luladrão…Ricardo Lewandowski tentou 11 vezes, concurso para a magistratura,MP e delegado de polícia e em todos foi reprovado, no período de 1974 a 1984?…vc sabia que Ricardo (o truculento e semideus) teve sua tese de mestrado reprovado,em 1980 por plágio e ainda teve que refazê-la?…que formou-se em direito em uma das piores faculdades do país (faculdade de direito de São Bernardo do campo). Essa é a ficha do todo poderoso, Ricardo Lewandowski…

Lewandowski foi reprovado em 11 concursos e teve tese anulada por plágio?

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É claro que não faltou gente compartilhando a história no Facebook e, principalmente, o print da postagem no WhatsApp. Mas será mesmo que o histórico do ministro do STF Ricardo Lewandowski apresentado na mensagem é real? A resposta é não. Vamos aos fatos.

Alguns fatores indicam a farsa. O primeiro deles é o caráter da mensagem. Além de ela ter as principais características de boatos (vaga, alarmista, com erros de português e sem citar fontes confiáveis), esse tipo de mensagem sobre o “passado profissional” de ministros do STF é manjada. Volta e meia, surge um “textão” falando do passado deles. Não faz muito tempo, desmentimos uma história sobre o “currículo” de Gilmar Mendes.

Juro que nos esforçamos em tentar encontrar qualquer coisa que provasse que a história da reprovação em 11 concursos é real (por sinal, se fosse real, não teria nada de mais. Teve caso de juiz reprovado em 43 concursos e que faz muito bem a sua função). Porém, não encontramos nada a respeito do assunto. Só o “textão do feice”.

Ao analisar a trajetória de Ricardo Lewandowski (é possível acessar o currículo Lattes dele, a biografia no STF, o currículo na USP e o currículo completo), é possível ver que é improvável que ele estivesse “preocupado” em prestar “concursos e concursos” (como muita gente faz hoje em dia) entre 1974 e 1984. Na época, ele fez mestrado e doutorado na USP e foi advogado-chefe de uma grande empresa.

Sobre o caso do “plágio na tese de mestrado” também é improvável. Além de a mensagem não falar nada sobre “detalhes” da história, nada encontramos sobre o assunto. Mais do que isso, consta no currículo dele que o mestrado na Universidade de São Paulo foi concluído em 1980. Se o plágio tivesse acontecido em 1980, a monografia (intitulada Crise Institucional e Salvaguardas do Estado) iria demorar um pouco para ser refeita, não?

O terceiro ponto é o mais frágil de todos. A mensagem tenta desqualificar o currículo de Lewandowski falando que ele se formou em uma das “piores faculdades de direito do Brasil”. Na realidade, a informação de que a Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo é uma das piores não procede.

Vamos usar como métrica o Ranking Universitário da Folha (RUF). Dentre mais de mil faculdades de direito do Brasil, a Faculdade de São Bernardo é a número 57. Se formos levar em conta o Enade, o resultado é mais modesto: 301º. Mesmo assim, o resultado é longe de significar “uma das piores do Brasil”.

Para terminar, entramos em contato com a assessoria do Supremo Tribunal Federal. A negativa deles sobre a mensagem só confirmou tudo que já tínhamos apurado. Leia:

Nenhuma das afirmações procedem. O único cargo provido por concurso ao qual o Ministro concorreu foi o de professor da USP, logrando êxito em sua aprovação. Também é falsa a informação sobre a tese de mestrado. Por fim, a faculdade de Direito de São Bernardo do Campo forma excelentes profissionais, muitos deles advogados atuantes, magistrados, membros do Ministério Público e ocupantes de outras relevantes carreiras jurídicas.

Resumindo: a denúncia que fala do “currículo” do ministro do STF Ricardo Lewandowski é falsa. Além das informações terem sido jogadas sem nenhuma prova, uma simples análise no currículo e uma consulta ao STF jogam por terra toda a tese. Trata-se de mais um boato que circula online.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.