Boato – A atriz Camila Pitanga mentiu que contraiu malária apenas para poder tomar cloroquina a fim de se livrar da Covid-19. Rio de Janeiro não tem casos da doença e hospital não notificou autoridades em saúde sobre episódio.
No dia 11 de agosto de 2020, a atriz Camila Pitanga se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais após anunciar que, junto com a filha, contraiu malária. Em um longo post no Instagram, a atriz relatou todo o drama vivido depois da suspeita de que estaria com Covid-19 para, em seguida, descobrir que estava com malária.
A partir do relato da atriz, começaram a circular na internet publicações que apontavam que a atriz teria mentido que estaria com a doença. O motivo seria o seguinte: Camila Pitanga queria uma “desculpa” para poder tomar cloroquina para tratar a Covid-19. Para quem não sabe, a cloroquina (ou a hidroxicloroquina) é recomendada para tratar a malária.
As provas estariam em dois pontos: o primeiro é que a atriz não teria como ter contraído a doença no Rio de Janeiro durante o isolamento social. O segundo ponto é que os médicos do hospital que a atendeu teriam que fazer a notificação da doença às autoridades sanitárias rapidamente ou “poderiam responder” a processo. Leia duas das versões da história que circula online:
Confira o desmentido em vídeo:
Versão 1: E o Oscar vai para… Camila Mingana. “Peguei malária no Leblon”. Camila Pitanga pegou Malária em pleno inverno e no Leblon e por isso está tomando cloroquina? Não sabia dessa. Surto de malária voltou??? Ministério da Saúde veja isso….providências urgentes!!!
Versão 2: Camila Pitanga mentiu ao dizer que estava com malária. Não só os casos dessa doença no Rio de janiero são muito raros como tambeém Malária é doença de NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA, ou seja, é obrigatório informar sua ocorrência aos órgãos de saúde. Se não houver notificação, o médico responde pelo CRIME de OMISSÃO DE NOTIFICAÇÃO, previsto no art. 269 do CP.
Camila Pitanga mentiu que pegou malária só para poder tomar cloroquina contra Covid-19?
A tese conspiratória, é claro, se espalhou com muita força por aí. Mas será mesmo que faz algum sentido falar que a Camila Pitanga mentiu ao dizer que estava com malária só para poder tomar cloroquina “com álibi”? A resposta é não. Calma aí que a gente explica tudo para vocês.
Assim como tantos outros boatos que circulam online, as mensagens que estão circulando online são vagas, extremamente alarmistas, com erros de português e não citam nenhuma fonte confiável. Mais do que isso: ao buscar em alguma fonte confiável sobre qualquer indício de que a história pudesse ser verdadeira, nada encontramos.
Para além disso, há de se convir que a tese levantada é um tanto sem pé nem cabeça. Por que Camila Pitanga precisaria de um álibi para poder tomar cloroquina? Não seria mais fácil, se ela quisesse tomar a cloroquina (mesmo sabendo que o remédio não tem comprovação científica de que combata a Covid-19), só tomar e “ficar quietinha”. Não precisava “criar uma história” e citar um monte de médicos. E em relação das razões apresentadas? Ela também não têm muita lógica.
É fato que a grande maioria dos casos de malária no Brasil ocorre na região amazônica e que, no Rio de Janeiro, são raros os casos. O que muita gente não se atentou é que Camila Pitanga, em seu relato no Instagram, disse que esteve em isolamento social numa zona de “Mata Atlântica no litoral de SP”. Ou seja: em uma área que já teve casos de malária, como mostram esses dados do Ministério da Saúde. É importante citar que todos os hospitais e profissionais de saúde citados pela atriz são de instituições de São Paulo.
A segunda tese, de que médicos não teriam notificado os serviços de saúde sobre a doença da atriz, também não se sustenta. É fato que a malária é uma doença de notificação compulsória (assim como diversas outras como dengue, influenza). De acordo com essa portaria do Ministério da Saúde, a notificação deve ser feita em até 24 horas após o ocorrido.
Porém, em nenhum momento, é apresentada qualquer prova de que o Hospital das Clínicas não notificou as autoridades em saúde sobre o caso. Ao contrário, a lógica é que uma instituição de renome (que, de fato, atendeu a atriz, como verificamos em ligação para assessoria) não tenha dificuldade em realizar os trâmites de notificações de casos para autoridades em saúde.
Resumindo: além de a informação que aponta que Camila Pitanga teria fingido ter contraído malária ser falsa (e um tanto quanto absurda), motivos que sustentam a suposta tese caíram por terra com uma rápida averiguação e um pouco de lógica.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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