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628 médicos cubanos se inscreveram no Revalida e só dois foram aprovados, diz CRM #boato

Boato – O CRM do Paraná informa que, dos 628 médicos cubanos que se inscreveram no Revalida (programa de revalidação do programa), apenas dois passaram. Isso mostra que eles são enfermeiros utilizados como escravos da ditadura cubana.

O governo Bolsonaro nem começou e as polêmicas envolvendo o futuro presidente e “países socialistas” já começaram. Nos últimos dias, o governo de Cuba anunciou que a parceria entre Brasil e Cuba no Mais Médicos será encerrada. O motivo alegado foi o desejo do presidente eleito em mudar regras do programa.

Bastou o comunicado ser noticiado para diversas informações “atacando médicos cubanos” surgirem na internet. Uma delas aponta que eles não passam de “enfermeiros utilizados como escravos da ditadura cubana”. O motivo seria o fato de 628 médicos cubanos terem prestado o Revalida (exame de revalidação de diploma obtido no exterior), mas só dois terem sido aprovados no exame. Leia a mensagem que circula online:

Confira o desmentido em vídeo:

Segundo o CRM do Paraná, dos 628 médicos cubanos que se inscreveram para exame de revalidação de diploma, apenas DOIS passaram!!! Ou seja, mais de 99% não são médicos, são enfermeiros utilizados como escravos pela ditadura cubana, com ajuda da quadrilha petista.

628 médicos cubanos se inscreveram no Revalida e só dois foram aprovados?

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A tal mensagem se espalhou muito na internet e gerou “satisfação” em quem crê na tese de que “os médicos cubanos” não sabem de nada. Mas será mesmo que essa história procede? A resposta é não e cá estamos para derrubar cada uma das mentiras no post.

A primeira tese falsa está na informação de que 628 médicos cubanos se inscreveram no Revalida e apenas dois passaram. Dados do Inep (órgão ligado ao Ministério da Educação) apontam que, de 2011 a 2016, 459 médicos cubanos conseguiram a revalidação do diploma de um total de 1594 inscrições (vale lembrar que o mesmo médico pode ter tentado em mais de um ano).

A porcentagem de aprovação é de 28,8%, maior do que a porcentagem, por exemplo, de médicos brasileiros que estudaram no exterior e tentaram o Revalida no período (20,7%). Essa matéria do G1 dá todos os detalhes. Dados do site da Lei de Acesso à Informação corroboram com a informação.

A segunda tese falsa é a que aponta que o CRM do Paraná disponibilizou esses dados. Ao procurar no portal da entidade, a única informação que achamos foi esse clipping de um artigo publicado na coluna de opinião do Estadão em 2011. No texto, foi dito que 628 “formados” (sem dizer a nacionalidade) em universidades cubanas tentaram o exame e só dois passaram.

Ao buscar pela informação, achamos mais um erro. De fato, o Revalida 2010 (que era apenas um exame teste) revalidou apenas 2 diplomas de 628 formados no exterior. Porém, essa matéria deixa claro que o exame não foi apenas de formados em Cuba. Havia também formados na Argentina, Bolívia e outros países. Vale relembrar que a maioria absoluta das pessoas que tentaram o exame era de brasileiros.

Outro ponto posto sem qualquer prova na informação: a de que Cuba só está enviando “enfermeiros escravos da ditadura” para o Brasil (tem até outro viral que detalha o assunto e que devemos tratar em breve). Não há qualquer comprovação disso e se a “prova” se baseia no percentual de aprovados ela já está “prejudicada”.

Resumindo: a história que aponta que 628 médicos cubanos prestaram o Revalida e só dois passaram é falsa. Os números estão errados, o CRM do Paraná não deu essa declaração e essa é mais uma balela que está servindo para reforçar muitas teses por aí sobre a saúde no país.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.