Pular para o conteúdo
Você está em: Página Inicial > Saúde > Limão no copo de cerveja se transforma em um veneno que pode matar #boato

Limão no copo de cerveja se transforma em um veneno que pode matar #boato

Limão no copo de cerveja se transforma em um veneno que pode matar, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – Cuidado! Colocar rodelas de limão em um copo de cerveja é fatal. Ácido cítrico da fruta causa reação com micro-organismos da bebida, infecção e envenenamento. Homem em Balneário Camboriú (SC) morreu após beber cerveja como limão.

Depois que o caso da contaminação das cervejas da marca Backer tomou conta dos noticiários e causou apreensão em muitas pessoas, o que não tem faltado são boatos novos (ou nem tão novos) sobre supostos riscos da cerveja. Hoje, vamos falar de um texto que foi desmentido no Boatos.org no longínquo ano de 2014, mas que parece “hiper atual”.

Uma mensagem gigantesca que está viralizando na internet aponta para uma história que teria acontecido na cidade de Balneário Camboriú (em Santa Catarina). No relato, uma mulher identificada como Michelle Martins Carvalho Muniz conta a história da morte do irmão após beber “cerveja com rodelas de limão no copo”.

Na mensagem, ela conta que o irmão bebeu a cerveja com limão e passou mal no dia seguinte. Depois de ir ao hospital, ficou internado por quatro dias e morreu. Na continuação do texto, ela diz que começou a pesquisar a respeito da causa da morte e chegou ao “limão no copo de cerveja”. A partir daí, começa uma “explicação científica”.

Vídeo: é falso que Elon Musk colocou imagem do Lula ladrão no prédio

No texto, a “Michelle” cita como fonte um estudante de biologia da UFSC. Ele teria falado que, por causa do ácido cítrico, o limão seria um “paraíso” para o micro-organismo Sacarovictus Coccus Cevabacillus ativus (que seria da cerveja). Isso resultaria em uma toxina que causa infecção e mata. Leia a mensagem que circula online (alerta textão):

LIMÃO NO COPO – avise ao maior número de pessoas (NÃO DELETE) MICHELLE MARTINS CARVALHO MUNIZ – Fisioterapeuta Dermato Funcional Venho, através desta, informar um desastre ocorrido, infelizmente, em minha família. Viajei com meu irmão na passagem do ano para a famosa praia de CAMBORIÚ-SC. No sábado (03/01/19) fomos nos divertir em uma casa noturna chamada IBIZA onde havia muita gente bonita, ambiente aconchegante. Foi uma noite superdivertida.

No domingo de manhã meu irmão acordou com fortes dores no estômago, febre alta e espasmos musculares. De imediato levamos ao HOSPITAL SANTA INÊS em Balneário Camboriú. Muitos exames e 4 dias de internamento depois, de início, eu suspeitava que os médicos soubessem o que ele tinha, mas não queriam contar. Falavam que, possivelmente, fosse uma Salmonella, mas eu descartei a possibilidade já que nossa alimentação havia sido somente em casa.

No dia 08/01/19 meu irmão infelizmente veio a falecer e, como os médicos ainda não haviam nos passado o diagnóstico, contactei meu advogado que entrou em contato com o Hospital. Tivemos uma reunião diretamente com o Diretor do Hospital. Para nossa surpresa o caso era o seguinte: as casas noturnas servem cervejas LONG NECK, e muitas pessoas pedem para que seja colocada uma FATIA DE LIMÃO para um ‘toque especial’ (e porque não dizer mortal). Decidi fazer umas pesquisas por conta própria, já que tenho um amigo próximo, pesquisador da escola de biologia Universidade Federal de Santa Catarina.

Desta forma, pude descobrir que, apesar de tudo estar sendo abafado pelos fabricantes de cerveja, o problema, está nos limões fatiados que não são utilizados prontamente, e muitas vezes eles são fatiados antes mesmo dos bares e restaurantes abrirem, durante a tarde. Ácido cítrico do limão ‘velho’ em ação com os conservantes estabilizantes excessivos presentes na cerveja são um paraíso para micro organismos já existentes naturalmente nas cervejas (Sacarovictus Coccus Cevabacillus ativus) se tornando um veneno letal tipo draft.

O resultado é a produção de uma toxina altamente nociva ao nosso organismo.. A sugestão para quem talvez não acredite nesta mensagem seria pedir que o garçom fatie o limão NA HORA E NA SUA FRENTE, isso minimiza e muito risco de qualquer tipo de infecção… Peço humildemente que divulguem este e-mail, nada trará meu irmão novamente, mas muitas vidas poderão ser poupadas. Nessa até refrigerante com a famosa fatia de limão, ou a cuba libre. PROTEJAM-SE E PROTEJAM OUTRAS VIDAS!!!!!!!!! LIMÃO NO COPO – avisem os filhos, amigos, irmãos, enfim todos Não guardem o limão depois de cortado, nem na geladeira ..

Limão no copo de cerveja se transforma em um veneno que pode matar?

Com todo o suspense em relação à cerveja de Minas Gerais, é claro que a história (assim como tantas outras) seria muito compartilhada na internet. Mas será mesmo que essa história de limão no copo de cerveja se transformar em um veneno fatal é real? A resposta é não. Calma aí que a gente explica tudo para vocês.

O primeiro ponto que nos chamou atenção na mensagem é temporal. Se você prestar atenção, o texto fala em acontecimentos que teriam ocorrido no ano de 2019. Agora eu lhe pergunto: como seria possível essa história ter acontecido em 2019 se já havíamos a desmentido no ano de 2014? Detalhe: já na época, havia versões do texto descritas como em 2004 e 2006 que nos fez indagar se o jovem de Balneário Camboriú havia morrido mais de uma vez.

O segundo ponto que nos chamou atenção está na mensagem em si. Assim como quase todos os boatos que precisam ser desmentidos mais de uma vez, ela carrega quase todas as principais características de um boato online. Ela é alarmista, com erros de português, pedido de compartilhamento e não cita fontes confiáveis. Há apenas uma característica de boato que essa mensagem não tem: o caráter vago. Isso no ajudou na apuração.

Ao procurar pelo nome da pessoa em questão, não achamos nenhuma fisioterapeuta chamada Michelle Martins Carvalho Muniz. Até achamos uma pessoa com esse nome, mas sequer é de Santa Catarina e não exerce essa profissão. Ao procurar pelo caso da morte por “limão na cerveja”, nada encontramos em fontes confiáveis. Se tirarmos como base a confusão que o “caso Backer” está causando, é claro que, se a história fosse real, estaria publicada em tudo que é lugar. Só para jogar a última pá de cal no boato, o tal micro-organismo chamado Sacarovictus Coccus Cevabacillus ativus não existe. Se buscarmos por ele, só encontramos referências à tal história de Balneário Camboriú. Ou seja: à balela.

Resumindo: uma vez que a história que aponta para a morte de um homem que bebeu limão no copo de cerveja em Balneário Camboriú é falsa, todo o alerta em relação ao assunto é falsa. Trata-se de uma balela desmentida em 2014 por aqui e que precisou de um “reforcinho” em 2020.

P.S.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.

Clique nos links “bit.ly” para acessar nossos perfis:

 – Siga-nos no Facebook http://bit.ly/2OU3Zwz
 – Siga-nos no Twitter http://bit.ly/2OT6bEK
 – Siga-nos no Youtube http://bit.ly/2AHn9ke
 – Siga-nos no Instagram http://bit.ly/2syHnYU
 – Grupo no WhatsApp http://bit.ly/39Tje3u
Marcações: