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Informação falsa: HIV é inofensivo e não transmite aids

Boato – Se a pessoa que tem o vírus HIV não tomar remédios, ela não acaba desenvolvendo aids. A doença só acontece com quem usa drogas ou remédios como o AZT. Quem disse isso é Peter Duesberg, vencedor do Prêmio Nobel.

No início de dezembro de 2013, uma história que se arrasta desde o final da década de 1980 voltou à tona. Após a publicação de um texto do blogueiro Roberto Villanova (e que pode ser lido aqui), muitos internautas começaram a discutir um assunto seríssimo: o vírus HIV e a aids.

De acordo com o artigo escrito no dia 2 de dezembro, o doutor Peter Duesberg se tornou uma “persona non grata” após provar que o HIV não transmite a aids. De acordo com a teoria do biólogo (e do jornalista), o HIV é um vírus inofensivo que existia muito antes da epidemia de aids.

Para comprovar a tese, o médico teria mantido 4 mil pessoas infectadas sem tomar remédio algum. E metade delas havia se curado. Além disso, ele chegou à conclusão de que os remédios para curar a aids é que causavam a doença.

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O texto ainda aponta que o HIV foi isolado em 1938 e que a aids era uma invenção da década de 1980. Por fim, o autor fala que se um dia tiver aids não tomará o remédio e que o médico ainda contava com o apoio de dois químicos vencedores do prêmio Nobel.

Admito (falando de forma pessoal) que é triste ver um jornalista disseminando um texto muito similar aos hoaxes que rodam na web (com a diferença de não ter erros ortográficos) e não tentar fazer o mínimo de dever de casa.

Primeiramente, Peter Duesberg nunca provou nada em relação ao vírus HIV e aids. Apesar de ele realmente ter feito experimentos (na década de 1980), tudo que ele aponta não passa de uma hipótese. Este verbete da Wikipédia trata o assunto como hipótese. Hipótese que foi refutada. Leia este artigo da revista Galileu. 

A hipótese é derrubada principalmente com uma pergunta: se o HIV não se transforma em aids e some, por que quem não toma os coquetéis morre? O assunto é tão grave que já houve casos de pessoas que morreram por acreditar na hipótese refutada e abandonar o tratamento.

Essa matéria do The Guardian conta a história de Kerry Stokely. Ela descobriu o HIV em 1996 e tomou remédio por 11 anos. Após saber do “tratamento sem remédios”, ela interrompeu o uso do coquetel e morreu em 2011.

Além disso, o texto que circula na internet tem informações erradas. A primeira delas é sobre Peter Duesberg ter se tornado “persona non grata” agora. Por isso aconteceria “agora” se a teoria é antiga. Ao contrário do que o autor fala, o vírus foi descoberto em 1983 e não em 1938. Isso derruba a hipótese do vírus ter “durado” anos sem ninguém desenvolver aids.

Por fim, foi citado que o doutor tinha o apoio de dois prêmios Nobel de Química e que seria contratado para tratar da aids na África do Sul. Nenhuma das duas informações foi confirmada. Com isso, chegamos à conclusão de que a história é um perigoso hoax e que enganou até um jornalista, que por sua vez, repassou a informação e deu falsa credibilidade a ela.

 Leia na íntegra o texto que fala da hipótese do doutor Peter Duesberg