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Fiocruz atrasou entrega de vacinas porque faz boicote a Bolsonaro #boato

Fiocruz atrasou entrega de vacinas porque faz boicote a Bolsonaro, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – Para atacar e boicotar governo Bolsonaro, Fiocruz atrasou e sabotou propositalmente a entrega de vacinas aos brasileiros.

A vacinação contra a Covid-19 no Brasil estava sendo apontada como uma grande aposta no combate ao vírus no país. Entretanto, a realidade está se mostrando muito mais dura do que as expectativas.

Denúncias de pessoas furando a fila de vacinação e a demora em vacinar os brasileiros que pertencem ao grupo prioritário foram alguns dos problemas registrados desde o início de 2021. Mas de acordo com uma história que está circulando nas redes sociais, uma instituição brasileira estaria por trás de todo esse atraso.

Segundo as publicações, a Fiocruz teria atrasado a entrega de vacinas propositalmente. Ainda de acordo com o texto, o motivo seria um boicote ao governo Bolsonaro. O texto também aponta que os atrasos têm ocorrido de forma frequente e que a Fiocruz teria enviado a pesquisadora Margareth Dalcomo à mídia para atacar o governo federal. Confira:

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“BOICOTE O grande investimento do governo brasileiro na produção de vacinas foi na Fiocruz. Em meados de 2020, decidiu-se pela produção de 200 milhões de doses da vacina Oxford em 2021, com 100 milhões em cada semestre. Em setembro, o governo liberou R$ 2 bilhões para que a Fiocruz pudesse produzir o insumo IFA no Brasil, sem precisar importá-lo da China, o que aumentará ainda mais a produção. Para a produção inicial o IFA foi adquirido da China e deveria ter chegado ao Brasil em dezembro, permitindo que as primeiras doses da vacina Oxford estivesse prontas em fevereiro. O insumo não chegou e só foi entregue pela China em março. Nesse período, não se viu um alerta da Fiocruz para a mídia nacional, informando do atraso da China e, em consequência, atraso no início da produção. Seria  uma forma mais clara de pressionar o Ministério da Saúde para interceder junto ao governo chinês, tentando agilizar a entrega do IFA. Mas não! A Fiocruz preferiu iniciar ataques e até escalou a pesquisadora Margareth Dalcomo para ir a mídia atacar duramente o governo. Ela chegou a fazer uma cena ridícula, ao chorar em público, dizendo que a vacina não viria mais para o Brasil. No dia seguinte, com a cara limpa, voltou aos holofotes pedindo desculpas pela cena histérica que havia promovido no dia anterior e desmentindo sua informação mentirosa. 

Bem, chegando o IFA em março, a Fiocruz iniciou a produção da vacina. Definiu-se a data da entrega incial, só que não entregou! Houve atraso de mais de 15 dias e a Fiocruz alegou problema num equipamento de envasamento dos frascos. Muito estranho! Depois veio a promessa de produzir 1 milhão de doses por dia. O Ministério da Saúde acreditou e fez a programação, contando com essa produção significativa: 15 milhões de doses em março e 28 milhões de doses em abril. Enquanto isso, a Fiocruz liberou a velha histérica, Margareth Dalcomo, para voltar aos holofotes que ela adora, fazendo novos ataques ao governo. A própria Fiocruz, ao invés de se concentrar na produção já  injustificadamente atrasada, começou a soltar notas para a mídia, pedindo lockdown nas cidades brasileiras. Essa história de lockdown é senha da oposição violenta ao governo, que vê nele a chance de desestabilizar ainda mais o país, na tentativa de derrubar Bolsonaro. Em termos de resultado, a Fiocruz já é um fracasso industrial: até ontem, dia 1° de abril, entregou a ridícula quantidade de 2,2 milhões de doses, ao invés das 15 milhões prometidas. 

Alega defeito em máquina recravadora, que ficou parada 1 semana. Ficaram 1 ano se preparando para produzir as vacinas contra covid e agora vem com essa história de máquinas quebradas! Que excelência industrial e científica é essa? Injustificável! É BOICOTE! Tenho defendido essa tese desde o ano passado e mais do que nunca, acredito que ela é real. A Fiocruz é quase toda petista, a começar de sua presidente. Essa gente não tem o menor interesse em fazer qualquer coisa que favoreça o governo Bolsonaro. O governo federal colocou “RAPOSA TOMANDO CONTA DO GALINHEIRO”! Esses atrasos e as justificativas da Fiocruz são inaceitáveis! Essa corriola petista não se importa que mais alguns milhares de vidas se percam por falta de vacina: importante é derrubar o governo! O Ministério da Saúde tem que agir e mandar investigar o que está ocorrendo na Fiocruz! Alguma coisa grave está em andamento e poderá jogar por terra o excelente esquema de vacinação que já estava programado para atender a população brasileira. É muito sério! 13 MILHÕES DE DOSES DE VACINAS A MENOS QUE A PROMESSA INICIAL DA FIOCRUZ! ABSURDO! SABOTAGEM!”.

Fiocruz atrasou entrega de vacinas porque faz boicote a Bolsonaro?

A informação ganhou destaque nas redes sociais, em especial, no Facebook e fez muita gente se virar contra a Fiocruz. Apesar disso, a história não passa de balela.

Basta olhar para o texto gigante e perceber que ele apresenta as principais características de fake news na internet, como o caráter vago, alarmista e a falta de fontes confiáveis.

Além disso, apesar do texto ser enorme, ele não prova nada. Ao contrário do que se propõe, o texto apenas cita acontecimentos que não conseguem comprovar que a Fiocruz teria sabotado a produção de vacinas e boicotado o governo federal.

A publicação cobra que a Fiocruz deveria exigir, publicamente, que a China entregue o ingrediente farmacêutico ativo (IFA) atrasado. Entretanto, essa não é a missão da Fiocruz. Na realidade, quem é o responsável por fazer tal exigência é o próprio governo federal (seja pelo Ministério da Saúde ou pelo Ministérios das Relações Exteriores). O fato é que a Fiocruz executa um trabalho (isto é, a produção da vacina), já o governo federal tem por obrigação manter boas relações estratégicas e comerciais com outros países (para garantir a entrega de IFAs, por exemplo).

Se isso não bastasse, em janeiro de 2021, a pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcomo, já havia alertado sobre a “incompetência diplomática do Brasil” que culminou no atraso do envio de insumos e vacinas por parte da China e da Índia. Na época, a vacinação contra a Covid-19 tinha acabado de ser iniciada e já sofria com a possibilidade de ser interrompida pela falta iminente de vacinas.

Já em relação ao atraso por parte da Fiocruz por conta de um problema em uma das máquinas utilizada pela instituição, de fato, o problema ocorreu. No início de março de 2021, a máquina que faz o envasamento dos frascos da vacina apresentou um problema e precisou ficar parada por uma semana até que o reparo fosse feito. E bem, se alguém acha que isso tem a ver com uma suposta sabotagem contra o governo, precisa provar (afinal de contas, apenas apresentar a informação em um texto solto nas redes sociais não serve como prova).

Além disso, apesar do atraso (devido ao equipamento e à demora na entrega do IFA), a Fiocruz tem se desdobrado, nas últimas semanas, na produção da vacina. Atualmente, a instituição está conseguindo produzir cerca de 900 mil doses por dia da vacina contra a Covid-19. Se isso não fosse suficiente, a instituição de pesquisa também está trabalhando para otimizar a produção. Em abril de 2021, a Fiocruz abriu mais um turno da linha de produção para fabricar mais doses. A estimativa, daqui para frente, é produzir 1,2 milhão de doses por dia e, com isso, conseguir entregar 100,4 milhões de doses até julho de 2021 (isso se a entrega do IFA não sofrer mais nenhum atraso).

Já sobre o suposto pedido de lockdown por parte da Fiocruz, isso não ocorreu. No início de abril de 2021, alguns pesquisadores da instituição fizeram um alerta sobre a piora na curva de infectados e mortos pela doença. Na ocasião, eles sugeriram um lockdown nacional como forma de amenizar os números e prevenir o colapso na saúde nacional. A afirmação, entretanto, não veio da Fiocruz como instituição, mas sim de profissionais epidemiologistas que sabem muito bem o que está por vir. Além disso, o texto aponta o lockdown apenas como uma forma de boicotar o presidente Jair Bolsonaro, não como uma medida de proteção extremamente válida (e defendida por diversos profissionais e pesquisadores do mundo todo) para evitar o pior no Brasil. Como é possível ver, nem tudo gira em torno do presidente Jair Bolsonaro.

Por fim, em termos de resultado, as informações apresentadas no texto não condizem com a realidade. De fato, a Fiocruz entregou menos doses do que o previsto (pelos motivos citados acima). Entretanto, não é justo afirmar que a instituição é um fracasso industrial. Dada a situação, a Fiocruz ampliou os turno da linha de produção e, até o início de maio de 2021, vai entregar 18 milhões de vacinas. Vale ressaltar que parte do atraso tem relação com a máquina que apresentou problemas, porém, a outra parte tem relação direta com a falta de insumos (que não está ao alcance da instituição resolver).

Em resumo: a história que diz que a Fiocruz atrasou a entrega de vacinas para boicotar o governo Bolsonaro é falsa! O texto apresenta um amontoado de dados, muita opinião e, ao final, nenhuma prova sobre o suposto boicote. Como mencionamos anteriormente, parte do atraso tem relação direta com a Fiocruz, que teve problemas com uma máquina de envase. Mas, no final, sabemos que essa é a menor culpa. Na realidade, todas essas acusações buscam tapar o sol com a peneira sobre o real problema: falta de boas relações diplomáticas (com ofensas ao embaixador da China), falta de planejamento e ação (para garantir os IFAs necessários no momento correto), falta de estratégia (como iniciar a produção antes da aprovação da Anvisa, assim como foi feito com a Coronavac, no Instituto Butantan) e mais um montão de coisas bizarras que ocorreram ao longo da pandemia. Ou seja, a história não passa de boato. Não compartilhe!

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164. 

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