Pular para o conteúdo
Você está em: Página Inicial > Religião > Notícia falsa: pastor cria milícia religiosa e queima terreiro na Paraíba

Notícia falsa: pastor cria milícia religiosa e queima terreiro na Paraíba

Boato – Pastor revoltado com proposta no MEC de obrigar candomblé nas escolas queima terreiro na Paraíba e cria milícia religiosa

Dizem que futebol, política e religião não se discutem, mas não é isso que a gente vê na internet, pois o que mais a gente vê é discussão em torno destes temas. A religião, suas práticas e divergências perante todos os credos e ideais distintos sempre levantam polêmicas e boatos.

A história que rola na Paraíba é que um pastor, num momento de surto, se revoltou com uma proposta do MEC (de obrigar o estudo do candomblé nas escolas) e criou uma milícia religiosa iconoclasta para dizimar as religiões que não seguem os preceitos do Criador. Além disso, o pastor também teria queimado um terreiro. Confira a notícia na íntegra:

Pastor surta, cria milícia religiosa e queima terreiro na Paraíba Revoltado com a aprovação da nova proposta do Ministério da Educação em relação ao Ensino Religioso nas escolas brasileiras, o pastor Luís Fernando dos Santos causou um lamentável episódio de intolerância religiosa na Paraíba. A determinação do MEC implementa um programa com abordagem da história e das práticas religiosas afrodescendentes. Para o pastor, isso demonstrou que o governo está tomado pelas forças de Lúcifer, o que justificaria a formação de uma milícia religiosa iconoclasta, cujo objetivo é dizimar religiões que não seguem os preceitos do Criador. Sob a égide do correto entendimento da vontade do Senhor, seu grupo invadiu, furtou, profanou e destruiu um Terreiro no município de Brejo dos Santos. Questionado sobre o uso da violência e da clara contradição com os ensinamentos de Cristo, LúIn Fernando declarou: “essa coisa de direitos e Constituição é do Diabo. A única lei é a divina. Mas o poder do Senhor se mostrou insuficiente no domínio dos homens. Com a Sua determinação, formei um exército. Só assim poderemos fazer valer os Seus desígnios. Eu sei quais eles são. E são absolutos! Aleluia!”

Vídeo: é falso que Ivermectina cure dengue, Covid e câncer

Será que o pastor ficou tão revoltado assim a ponto de queimar um terreiro? E essa religião diferente, foi criada mesmo? Acho que não, hein. A notícia foi publicada no Diário Pernambucano, um site já conhecido por publicar notícias que nem sempre são verdadeiras, na descrição de “Quem Somos” do site, está escrito “Fique tranquilo, nós somos um site de notícias meio fake (falsas), meio reais. Falsiê talvez seja o melhor conceito. Nossas notas não são fonte de informação (não de informação usual)”.

Ou seja, se formos julgar pelo veículo que publicou a notícia, é difícil acreditar que se trate de informações verdadeiras. Mas vamos aos fatos, em si. A proposta do MEC com relação ao ensino da história e das práticas religiosas afrodescendentes realmente existe, trata-se da Lei nº 10639/2003, que torna obrigatório o ensino da História da África e Cultura Afro-brasileira nas escolas de todo país.

A Lei prescreve que as religiões afro-brasileiras sejam abordadas em sala de aula, como parte de um conjunto de práticas e valores de origem africana importante para o desenvolvimento da população negra no Brasil.

O restante do texto não apresenta fontes noticiosas concretas, apenas cita o pastor Luís Fernando dos Santos e não encontramos referências a um pastor conhecido com este nome. Perseguição de evangélicos ao candomblé não é novidade, pois realmente já houveram casos assim, como esta invasão e passeata a um terreiro, que pode ser vista neste link no YouTube.

O texto é falso, típico boato em torno de um tema polêmico, com grande caráter de viral na internet, pois em um dia de publicação já alcançou mais de 12 mil curtidas no Facebook. Portanto, sempre vale a checagem de informações, pois ainda há pessoas que não reconhecem o caráter humorístico dos sites que publicam notícias fakes e acabam espalhando informações falsas por aí.