Pular para o conteúdo
Você está em: Página Inicial > Política > Sérgio Moro foi treinado pela CIA nos EUA para Lava Jato #boato

Sérgio Moro foi treinado pela CIA nos EUA para Lava Jato #boato

Boato – Antes de entrar na Operação Lava Jato, Sérgio Moro foi treinado pela CIA e pelo FBI nos Estados Unidos.

Sem dúvidas, o nome do juiz Sérgio Moro é um dos que mais sofrem ataques das pessoas simpáticas ao governo de Dilma. Por estar à frente da Lava Jato, volta e meia aparece alguma “denúncia bombástica” contra ele. A última dá conta que ele recebeu tratamento especializado nos Estados Unidos pela CIA e pelo FBI para trabalhar na Operação Lava Jato.

Moro foi treinado pelos EUA para Lava Jato, diz boato
Moro foi treinado pelos EUA para Lava Jato, diz boato

A história começou a repercutir na internet após um vídeo da filósofa Marilena Chauí. Na filmagem, ela acusa Moro de ter recebido nos Estados Unidos para derrubar Dilma e fazer os norte-americanos ficarem com o pré-sal. O objetivo da Lava Jato seria para destruir a soberania brasileira.

Após o relato de Chauí, surgiu uma notícia que apontava que o Wikileaks teria descoberto detalhes sobre o tal treinamento de Moro nos Estados Unidos. A notícia, publicada em diversos blogs de esquerda, aponta que o treinamento havia sido em 2009. Leia descrição de postagem sobre o assunto no Facebook:

Wikileaks revela treinamento de Moro nos EUA

Documentos liberados hoje, mostram os detalhes do treinamento de Moro nos EUA, pelo departamento de estado norte americano, os americanos tem interesse em comprar a Petrobrás

Zuaram a Marilena Chauí por ela dizer que o Moro foi treinado pela CIA, FBI, zuaram ela o dia todo, mas hoje também o Wikileaks liberou documentos dando detalhes do treinamento de Moro nos EUA pelo governo americano.

Moro foi treinado pela CIA nos EUA?

Vídeo: é falso que viúva de Eduardo Campos, Heloísa, escreveu texto sobre Lula

É óbvio que as pessoas juntaram as duas informações (o vídeo da Marilena Chauí e o vazamento do WikiLeaks) para chegar à brilhante conclusão de que a Lava-Jato nada mais é do que uma armação da CIA, que treinou um juiz brasileiro para instaurar o caos no Brasil. Mas será mesmo que isso faz sentido? Pelo menos com os fatos que estão postos, não. Vamos aos fatos.

Primeiro vamos falar do tal treinamento feito pela CIA. Pelo o que o documento do WikiLeaks apontou, o “treinamento” nada mais é do que um encontro promovido entre o judiciário brasileiro e o norte-americano. O seminário aconteceu durante cinco dias e Sérgio Moro, que já tinha certo renome em investigações por corrupção devido à atuação no caso Banestado, foi um palestrante.

Outros detalhes: o seminário sequer foi nos EUA. Foi no Rio de Janeiro. E, além disso, não foi organizado pela CIA ou pelo FBI. Ou seja, a tese que aponta que Moro foi treinado pela CIA e FBI nos Estados Unidos cai por terra só de analisar o texto do WikiLeaks (que, por sinal, não foi divulgado “hoje”).

Além disso, encontros entre judiciários de países para troca de experiências não são tão incomuns. No ano passado, o ministro Ricardo Lewandowski (do STF) falou em um seminário internacional. Em 2010, o então ministro César Pelluso falou da importância da troca de experiências. O site da Embaixada Norte-Americana também fala sobre o assunto.

Sobre a fala de Marilena Chauí. Tudo que ela falou caiu mais no contexto de defesa política de um lado (nada de errado nisso aliás. Cada um defende o seu lado) do que algo com base em provas irrefutáveis. Até porque há dois furos no argumento: 1) o trabalho do Judiciário acontece porque houve crimes na Petrobrás. Senão existissem crimes, não teria como a Operação Lava Jato agir. 2) Ela fala que a delação era uma técnica historicamente usada contra terroristas. Mas ela foi sancionada no próprio governo Dilma. Ou seja, por que não se evitou se ela é tão ruim?

Resumindo: apesar de existir uma onda contra Moro (assim como há uma contra Dilma, Lula e etc), a tese que aponta que documentos do WikiLeaks provam que ele foi treinado pela CIA nos Estados Unidos é furada. Não passa de uma acusação sem provas plausíveis.