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Mônica Moura forjou prova contra Dilma ao criar e-mail em 2017 #boato

Boato – Google desmente delação de Mônica Moura ao apontar que e-mail Iolanda foi criado em 2017. Prova contra Dilma foi forjada.

Além do depoimento de Lula à Lava Jato, outro acontecimento político que tem chamado atenção nos últimos dias: é a liberação da delação premiada de João Santana e Mônica Moura. Entre as denúncias citadas pelo casal ao STF, uma chamou atenção: Dilma teria criado um e-mail para se comunicar diretamente com Moura.

Um dia depois da liberação do conteúdo, uma controvérsia apareceu na internet. Textos publicados em blogs favoráveis a Dilma teriam apontado que Mônica Moura teria forjado a prova contra a ex-presidente. Os textos apontavam que a data que constava em um print do e-mail seria de 22 de fevereiro de 2017. Ou seja, o Google teria desmentido Mônica Moura. Leia uma das versões do texto:

Google desmente Mônica Moura, e-mail foi criado em 22 de fevereiro deste ano; prova é forjada. A prisão de Mônica Moura ocorreu no dia 23 de fevereiro de 2016. Porém a imagem mostra que o rascunho foi elaborado no dia 22 de fevereiro desse ano. O Gmail mostra isso no rascunho. Esse serviço de e-mail não indica o ano quando se trata de mensagens e rascunhos recentes.

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A imagem poderia, sim, ter sido colhida no ano passado, mas a foto de Mônica foi recortada para esconder a data do computador onde a imagem foi criada: a barra de tarefas do sistema operacional, que é, sem dúvidas, o Windows – devido ao navegador utilizado, Internet Explorer.

Portanto é evidente que Mônica Moura forjou essa prova no intuito de ser beneficiada pelo acordo de delação, pois basta citar de alguma forma o nome de Dilma Rousseff. Claro que basta, também, citar o nome de Lula, mas quem se encarregou disso foi o marido da empresária, João Santana. No mais, aqui vai um exemplo de um rascunho antigo num e-mail do gmail

Mônica Moura criou e-mail do Google “Iolanda” em 2017?

Não precisa nem dizer que a história se espalhou nas redes sociais. Mas será mesmo que a tese que Mônica Moura criou o e-mail para forjar uma prova contra Dilma é verdadeira? A resposta é não. Vamos aos fatos.

Toda a teoria faria todo sentido se não fosse um detalhe: Mônica Moura tomou “o cuidado” de pedir que o e-mail fosse registra em cartório no dia 13 de julho de 2016. Veja só o que diz o documento (que pode ser acessado por completo aqui):

Ata Notaria lavrada por solicitação de Felipe Pedrotti Cadori, na forma abaixo: Ata Notaria lavrada aos treze dias do mês de julho do ano de dois mil e dezesseis (13/07/2016), nesta cidade de Curitiba/PR, em Cartório, por mim, Escrevente Autorizado do Tabelião, por solicitação de Felipe Pedrotti Cadori…

Item I – Da Constatação e Registro: Aos 13/07/2016, as 15 horas e 14 minutos, acessei o sítio http://gmail.com, e, após o solicitante efetuar login com usuário e senha, acessei o referido e-mail, registrando a rotina sugerida na forma a seguir, do que dou fé. Em seguida, a pedido da solicitante, na tela acima, cliquei sobre o botão/link “Rascunhos (1)”, e fiz o registro da rotina nas imagens nºs 02/03 e 03/03, que dou fé.

Ou seja, toda a teoria que o e-mail teria sido criado em 2017 cai por terra com um documento que aponta que ele foi acessado em 2016. O documento também “resolve” o mistério que aponta o a data do rascunho no ano do print com uma resposta simples: o print era de 2016 e a mensagem de 2016 também.

No meio de tudo isso, temos uma ressalva para fazer. Ainda será preciso analisar todas as provas apresentadas por Moura a respeito do e-mail e Dilma para que se chegue a uma conclusão sobre se a comunicação entre as duas ocorreu de fato. E isso é papel da Justiça julgar e não nosso. Porém, é fato que a tese que aponta que o e-mail foi criado após a prisão não se sustenta. Desmentir boatos como esse é, sim, nosso papel.

Mais do que isso: se os sites que criaram o factoide (que, por sinal, são velhos conhecidos nossos) acham que estão ajudando Dilma e o PT, eles estão enganados: boatos tão frágeis a respeito do assunto só ajudam a fortalecer a tese que a delatora tem razão.

Resumindo, só para ficar bem claro: a história que fala que Mônica Moura criou o e-mail que seria usado contra Dilma só em 2017 é falsa. A tese é derrubada pelo documento lavrado em 2016.

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