Boato – Livro distribuído nas escolas pelo MEC aponta que extrema direita foi responsável pelos ataques do dia 11 de setembro.
Desde os tempos em que Dilma ainda estava na Presidência da República, um movimento tem ganhado força na área da educação. É o Escola Sem Partido. Ele defende que os professores não devem repassar nenhum conteúdo “doutrinador” aos alunos. Entre os argumentos citados está o de que alunos estão sendo diariamente influenciados por professores de esquerda.
No final de julho de 2016, um texto, divulgado pelo site do Instituto Liberal, aponta que livros do MEC estão culpando a extrema direita pelos atentados terroristas do dia 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos. A “prova do crime” seria uma imagem de um livro. Leia:
Livro do MEC culpa extrema-direita pelo atentado terrorista de 11 de Setembro
O ataque terrorista mais marcante da história recente, o atendado de 11 de Setembro, em que um grupo radical islâmico liderado por Osama Bin Laden derrubou duas torres de Nova York e causou mais de 2 mil mortes, é mostrado no livro do MEC como consequência de uma ideologia política de direita.
O livro obrigatório do MEC é estudado e lido por milhões de alunos de escola pública, o que apenas confirma o elevado grau de doutrinação que passam os alunos brasileiros. O Ministério da Educação (MEC) não deveria regulamentar livros e disciplinas em escolas, as gestões de todas as escolas deveriam ser independentes e os pais deveriam ter opção de escolher a melhor escola para seus filhos, ou até mesmo ter a permissão de educá-los em casa.
Livro do MEC disse que extrema direita fez 11 de setembro?
É claro que a mensagem viralizou e foi replicada por diversas páginas do Facebook. Uma delas é a Geração de Valor (com direito a textão a favor da Escola Sem Partido). Mas será mesmo que o “livro do MEC” está dizendo que a “extrema-direita” realizou o 11 de setembro. Calma, gente, não é bem assim.
A primeira missão nossa foi descobrir “qual é o livro do MEC” que está em questão. Apesar da falta de colaboração de quem postou a mensagem (que não divulgou o livro), trata-se do “Nova História Crítica, de Mario Schmidt”. Pelo o que vimos, há diversas críticas, de fato, ao autor. Em 2007, Ali Kamel (do Jornal Nacional) fez críticas ao livro. Naquele ano, ele foi um dos reprovados na lista do MEC.
Sim. Na última frase do parágrafo anterior está o furo da bala. O livro já foi da lista do MEC (nos governos Lula e FHC), mas a entrevista de Ali Kamel ajudou na reprovação da obra. Desde então, ele não é mais “livro do MEC”. A prova é que para 2017 não há previsão do uso do livro em salas de aula. Confira aqui.
Resumindo: não há nenhum “livro do MEC” que fala sobre extrema direita e atentados do dia 11 de setembro de 2001. O livro esteve por duas vezes na lista das escolas. Uma com FHC e outra com Lula.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão dos leitores Jorge ZP e Ed Zerlin. Se você quiser sugerir um tema para o Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site ou pelo Facebook.