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Jantar de Temer para 400 deputados custou R$ 30 milhões #boato

Boato – Banquete oferecido por Michel Temer a 400 deputados custou cerca de R$ 30 milhões. Jantar serviu para ajudar na aprovação da PEC 241

Na segunda-feira (10), dia atípico de atividade legislativa, a Câmara dos Deputados aprovou a PEC 241. Enviada pelo governo, a PEC limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos. Para os que criticam a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição, um dos motivos que levaram a Câmara ter quórum para votação foi um jantar feito no Palácio do Planalto.

Jantar de Temer para deputados custou 30 milhões, diz boato
Jantar de Temer para deputados custou 30 milhões, diz boato

Mais do que isso, alguns destes críticos compartilharam uma informação que circulava online: a de que o “banquete” teria custado a bagatela de R$ 30 milhões. Ou seja, um governo que pensa em cortar gastos teria “queimado” dinheiro em um jantar. Leia o texto que circula online:

Banquete para 400 deputados ofertado por Temer pode ultrapassar 30 milhões de reais, dizem especialistas

Pode até parecer exagero, mas o banquete a ser ofertado hoje (9) por Michel Temer (PMDB) no Palácio do Alvorada para 400 (quatrocentos) deputados governistas se convencerem a aprovar a PEC 241 pode custar mais de 30 milhões de reais aos cofres públicos. Estimativa é feita a partir de ponderações de especialistas em gastronomia e organização de grandes eventos.

“Organizar um jantar para 400 (quatrocentas) pessoas bastante exigentes como nossos parlamentares não é coisa tão simples e nem tampouco barata”, diz Alexandre N Villa, chef de cozinha e especialista em organização de grandes eventos para autoridades.

Villa afirma que iguarias finas normalmente servidas nessas ocasiões custam verdadeiras fortunas. O Almas Caviar, por exemplo, custa 25 mil dólares a latinha. Multiplique por R$ 3,22 (cotação do dólar hoje, 9) e você chega a R$ 80.500 a unidade. “E se cada deputado decidir degustar uma porçãozinha dessas?”, indaga com ironia.

Além de iguarias finas, nesses banquetes também não costuma faltar bebidas caras, principalmente vinhos importados. No site AGAZETA, o enófilo Luiz Cola lista os 50 vinhos mais caros do mundo segundo o Wine Searcher.

Da coleção, deputados menos expressivos poderão apreciar um Domaine Leflaive Montrachet Grand Cru, Cote de Beaune, France. Preço médio da garrafa: 5.726 dólares. Para os mais chegados do presidente, a pedida pode ser o Henri Jayer Richebourg Grand Cru, Cote de Nuits, France. A garrafa custa a bagatela de 23.941 dólares.

Jantar de Temer para 400 deputados custou R$ 30 milhões?

É claro que a história causou indignação a muitos. Afinal, fazer um jantar para deputados às vésperas de uma votação de total interesse do governo (e não tão popular) já seria algo questionável. Agora, gastar R$ 30 milhões seria algo bizarro. Disse seria porque a história é falsa.

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Para começar, o texto foi publicado no site Mídia Popular. A página, pode-se dizer, tem sido a nova revelação dos boatos online. O motivo? Enquanto muitas páginas batem no PT, o site angaria um “grande público” batendo no governo Temer usando notícias falsas. Aqui no Boatos.org, já desmentimos a história dos professores pagos por hora e das “regalias” para professores.

Só a fonte da informação já nos ajudaria a desconfiar da matéria. Mas a estrutura do texto e os entrevistados ajudam a chegar à conclusão. Para começar, o texto simplesmente pega os produtos mais caros do mundo e diz que eles foram servidos no banquete. A partir daí, chega ao número de R$ 30 milhões. E qual é a base? O especialista em gastronomia e grandes eventos Alexandre N. Villa.

Fomos procurar quem era esta figura e, assim como em outras matérias do Mídia Popular, não achamos sequer uma referência sobre o tal especialista em gastronomia Alexandre Villa. A única exceção é o texto do boato, que foi replicado por outras páginas. Ou seja, todas as “provas” para o custo do banquete foram baseadas em um depoimento de um fake.

Para além disso, a Folha, que cobriu detalhes sobre o jantar, noticiou o que tinha no cardápio. O menu chegou a ser piada entre políticos, segundo o jornal. Como é possível ver abaixo, o vinho não era o mais caro do mundo e nem tinha caviar no menu. Leia:

O cardápio frugal do encontro também foi motivo de galhofa. Nas palavras de um congressista, foi uma “refeição do teto de gastos”: salada, salmão, carne e risoto, além de vinho argentino.

Resumindo: sem fazer juízo de valor sobre o jantar em si, uma coisa podemos afirmar. Depois de descobrirmos a fonte da informação e ver o que realmente foi servido, podemos afirmar que o “banquete” nem chegou perto do R$ 30 milhões.