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Amazônia é saqueada por Funai, índios, MST, Hydro e banda A-HA há 10 anos #boato

Amazônia é saqueada por Funai, índios, MST, Hydro e banda A-HA há 10 anos, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – Carioca Norma Lucia Lippel relata que trabalhou na Amazônia por 10 anos e que Funai, Índios, MST e estrangeiros saqueiam a região. Ela conta ainda que banda A-HA é dona da mineradora Hydro.

Existem alguns boatos que são atribuídos erroneamente a pessoas que apenas o compartilharam. Normalmente, são textos apócrifos, com muitas denúncias, nada de provas e que precisam de uma “assinatura” para ganhar credibilidade. O caso mais famoso é a postagem da teoria da conspiração que usa o nome de Gunther Schweitzer e que sempre aparece em Copas do Mundo. Pois bem, temos um caso similar hoje.

Nos últimos dias, o nome de Norma Lucia Lippel está sendo muito compartilhado em redes sociais e aplicativos de mensagem. O motivo é um texto atribuído a ela que “denuncia” os meandros da Amazônia.

De acordo com a mensagem, Norma Lucia Lippel teria trabalhado por 10 anos na Amazônia e apontado que viu “tudo que possa imaginar” de roubo e corrupção da “Funai” e de “caiaques” (possivelmente, a pessoa que redigiu o texto quis escrever cacique), que o MST é comandado pelo PCC e que a mineradora Hydro pertence, majoritariamente, à banda A-HA.

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Ela ainda aponta que a Amazônia foi invadida por chineses, que a Pastoral da Terra é a “parte podre do Vaticano” e que até o Mato Grosso (apontado como MS) está dominado por chineses. Leia a mensagem que circula online:

Confira o desmentido em vídeo

Norma Lucia Lippel Meninas. Por10 anos trabalhei na Amazônia em épocas diferentes. Nos últimos cinco anos e meio tive de morar lá é só vinha ao Rio por 6 dias de 40 em 40 dias, na minha folga de campo. Conheci e vi tudo que possam imaginar de corrupção, roubo, extração de ouro e outros minérios de terras indígenas e áreas de proteção ambiental com participação da Funai e de alguns caiaques. Vi e convivi com MST comandados pelo PT e PCC, que invadem terras da União, saqueiam e assassinam pessoas líderes das comunidades. Lutei muito junto às comunidades quilombolas e ribeirinhas.

Morava na cidade de Barcarena e percorria todo território. Nessa cidade está instalada a Hydro, como é conhecida lá. Há anos vem poluindo descaradamente os rios e Igarapés da região e sempre foi acobertada pela Sema PA e pelo IBAMA. A empresa é 1/3 do governo da Noruega e 2/3 é da família do vocalista da Banda A-HA. Agora em 2019 as coisas estão mudando(ainda muito pouco)para algumas empresas estrangeiras que adquirem terras ricas em minério e tratam o Brasil como os idiotas tupiniquins. A Amazônia está invadida por chineses, noruegueses, canadenses, italianos, Pastoral da Terra (parte podre do vaticano), canadenses e assim vai…. Mato Grosso tb está dominado. Em MS os chineses estão medindo forças com pequenos fazendeiros que eu conheço para não perderem a Serra da Bodoquena que é uma terra riquíssima em minérios. Viram pq sou Moro e Cia?(Vamos compartilhar ao máximo)

Amazônia é saqueada por Funai, índios, MST, Hydro e banda A-HA há 10 anos?

A tal mensagem em nome da senhora Norma circulou muito na internet. Mas será mesmo que esse relato foi mesmo feito por ela? E será que as acusações que estão no texto merecem crédito? A resposta para as duas questões é não. Calma aí que a gente explica tudo para vocês.

Vamos à parte da autoria. Ao contrário do que aparenta a mensagem, o texto não é de Norma Lucia Lippel. O primeiro ponto que nos leva a desconfiar disso está no fato de que ela não é do Rio do Janeiro. A senhora apontada como autora do texto é catarinense.

Desconfiança que vira certeza ao descobrirmos que a publicação sobre a Amazônia foi publicada em um perfil com o nome dela (que não sabemos se é mesmo dela) no dia 19 de agosto e que a mesma mensagem já circulava em redes sociais desde, no mínimo, o dia anterior. Vale dizer que a mensagem começa como “Telma e meninas” e não com “Norma Lucia Lippel”. Ou seja: ela apenas compartilhou uma mensagem que já circulava na internet e, após isso, “um jênio” passou a atribuir a autoria da mensagem a ela.

Passada a parte da autoria, vamos à parte do conteúdo. As informações (que se assemelham muito a dessa fake news sobre os “absurdos de Roraima”) não procedem ou, no mínimo, carecem de provas. Além de a mensagem ter características de boatos (vaga, alarmista, com erros de português, pedido de compartilhamento e nenhuma citação à fontes confiáveis) e imprecisões como tratar Mato Grosso como “MS” e caciques como “caiaques”, há erros checáveis (tem muita coisa de opinião que não pode ser checada).

Entre os erros checáveis do texto está a acusação de que a Funai e os indígenas agem deliberadamente “só com corrupção e roubo”. Além de a acusação generalizar a empresa e os indígenas, não há prova de que isso aconteça sistematicamente (talvez se a pessoa denunciasse à polícia em vez de escrever um textão no Whats, algo pudesse ser feito).

O mesmo vale ao ligar o MST ao PCC. Não há nada que comprove que haja tal ligação. Também vale para a informação que “estrangeiros estão invadindo a Amazônia” (contida também na fake news sobre Roraima). O único fluxo significativo dos últimos tempos foram dos venezuelanos em Roraima. Mas não há nada sobre “invasão de chineses, noruegueses, canadenses, italianos etc”.

A cereja do bolo fica para os “donos da Hydro”. De fato, o governo da Noruega tem 1/3 da mineradora (responsável pelo desastre em Barcarena em 2018). Porém, os outros 2/3 são divididos entre diversos acionistas e não são da banda norueguesa. É fato que houve uma parceria entre empresa e banda para ações de marketing no Brasil e Noruega. Mas falar que ela é sócia majoritária da Hydro é demais.

Resumindo: nem o texto que está circulando online é de Norma Lucia Lippel (que apenas, como tantas outras pessoas, compartilhou a mensagem) tampouco as informações contidas nele procedem. Ou seja: a história é mais uma balela relacionada à polêmica da Amazônia que circula online.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.