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O que aprendi desmentindo fake news, por Carol Lira

O melhor do Boatos.org em 2020, por Carol Lira

Em seu último texto para o Boatos.org, Carol Lira conta o que aprendeu nesses quase seis anos de experiência desmentindo boatos na internet.

Em 2016, quando o meu futuro ex-editor e amigo Edgard Matsuki me convidou para fazer parte do projeto chamado Boatos.org, eu não fazia ideia que o termo “fake news” chegaria tão longe. Você pode não acreditar (especialmente se você é um bolsominion “clássico”), mas mover as peças do jogo político é um dos muitos motivos que levam ao compartilhamento desenfreado de notícias falsas, sobretudo em tempos de corrida eleitoral e polarização política. Acredite!

Pois bem, depois de tantos boatos e lições, acredito que a melhor forma de me despedir do Boatos.org, após uma longa caminhada junto às mentes brilhantes da internet, é compartilhando o que aprendi nesses quase seis anos de experiência no mundo dos boatos. Os aprendizados foram inúmeros, mas pontuo aqui três das principais lições aprendidas.

1 – Compartilhar fake news é algo perigoso!

A primeira e mais importante lição, obviamente, está no fato de que um boato não tem nada de ingênuo. As fake news possuem um propósito e são criadas com um objetivo muito claro e, na maioria das vezes, o motivo está ligado à questões financeiras e políticas. O problema está em suas consequências que podem ser drásticas e causar danos em centenas de vidas, como no caso da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, que foi espancada e morta por causa de um boato. Quando se trata de saúde, as consequências não são menores. A disseminação de notícias sobre vacinas, dietas milagrosas, alimentos que curam doenças graves e tratamentos alternativos de doenças sérias também são mais perigosos do que os próprios vírus e doenças.

2 – O combate às fake news é uma responsabilidade coletiva

O segundo está no fato de que as pessoas ainda não têm noção do poder de uma fake news e ignoram (embora não deveriam) sua responsabilidade com os conteúdos que são compartilhados. Para o “tiozão” do WhatsApp, a responsabilidade de compartilhar uma informação termina depois de enviar. Acontece que a história não é bem assim. Se teve algo que aprendi durante todo esse processo, é que boa parte dos boatos que circulam por aí poderiam ser resolvidos com uma simples pesquisa. Logo, uma dose de bom senso e boa googlada resolveria uma boa parte do problema.

3 –  Terra sem lei

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A falta de limites e fronteiras no mundo digital são um dos principais desafios no combate às fake news. O mesmo se aplica aos boatos, já que não possuem limites ou fronteiras. Em quase seis anos de Boatos.org, desmenti muitas histórias bizarras, curiosamente, muitas delas começaram do outro lado do mundo ou se espalharam e se transformaram por lá. O fato é que quando se trata de fake news a expressão “estamos todos no mesmo barco” explica muita coisa.

Entre os inúmeros aprendizados, me despeço com uma sensação de dever cumprido. Parece clichê, mas fui acolhida por um time incrível e que me ensinaram muitas coisas. Uma delas é que não importa onde ou o que eu esteja fazendo, serei sempre uma eterna “caçadora de boatos”. Agora, sigo de longe compartilhando os desmentidos, corrigindo as balelas que circulam no grupo da família, dos amigos e do trabalho.