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Kiwi que “testa positivo” para Covid-19 é a prova que pandemia é uma farsa #boato

Kiwi que testa positivo para Covid-19 é a prova que pandemia é uma farsa, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – Cientistas italianos mostram que kiwi testa positivo para Covid-19 e comprovam a farsa dos testes chineses e da pandemia. 

E seguimos de Covid-19 por aqui! Nas últimas semanas, o assunto vacina inundou as redes sociais e foi o suficiente para causar desconfiança e medo em muitas pessoas. Mas parece que o tema saturou e, novamente, um velho conhecido voltou à cena.

Os testes para identificar a presença do SARS-CoV-2 ou de anticorpos contra a Covid-19 são os novos queridinhos dos criadores de fake news. Exemplo disso é a história absurda de hoje.

De acordo com um vídeo que está circulando nas redes sociais, cientistas italianos teriam conseguido provar a farsa dos testes chineses para identificar a Covid-19. Nas imagens, é possível ver um homem coletando um pouco do líquido de um kiwi, misturando a substância no tampão (um líquido que manteria o valor do pH da amostra constante) e realizando o teste. Ao final do vídeo, o cientista mostra que o teste rápido acusou que o kiwi testou positivo para Covid-19. Confira:

“A maior fraude da humanidade. Muitos estão contaminados, mas muitos nunca tiveram essa doença.. Testes chineses dão positivo até para frutas. Sorria, VOCÊ está sendo enganado! Veja só, cientistas italianos usam o “teste SARSCOV2” rápido de antígeno de fluxo lateral em um kiwi: deu kiwi positivo. A China faturou bilhões vendendo ao mundo essa fraude”.

Kiwi que “testa positivo” para Covid-19 é a prova que pandemia é uma farsa?

A informação, claro, caiu como uma bomba nas redes sociais, em especial, no YouTube e no WhatsApp e foi o suficiente para deixar muita gente em pânico. Mas apesar disso, a história é uma farsa!

Não faz muito tempo, desmentimos uma história que dizia que uma amostra de Coca-Cola teria testado positivo para Covid-19. Na época, relembramos outros casos de substâncias estranhas utilizadas em testes rápidos de Covid-19. Na realidade, toda essa história de testar coisas bizarras para provar que os testes são uma farsa começou na Tanzânia. No início da pandemia, o presidente do país afirmou que amostras de mamão, galinha e cabra teriam testado positivo para Covid-19. Além disso, ainda houve quem tentasse testar uma amostra de geleia de maçã.

Como já explicado, as substâncias bizarras não testaram positivo. O que ocorreu, na verdade, foi algo bastante simples. Substâncias que não sejam secreções humanas (nasais, bucais e sanguíneas) acabam confundindo o teste. Substâncias muito ácidas, por exemplo, podem destruir a proteína do anticorpo do teste. E aí, meu amigo, o teste pode indicar qualquer coisa (inclusive, um falso positivo). Isso não significa que o kiwi esteja infectado e muito menos que os testes (que não foram criados para testar frutas) sejam uma farsa.

Ao procurar por mais informações sobre essa história, descobrimos diversas coisas que colocam a história em xeque. A primeira delas é que os homens que aparecem no vídeo não são cientistas (até porque cientista não nega a Ciência). Um deles é o médico Mariano Amici e os outros dois são negacionistas já bem conhecidos pelos italianos. Além disso, o médico Mariano Amici já foi desmentido na Itália após afirmar que a vacinação contra a gripe e a Covid-19 seriam inúteis (e redigir um apelo à Justiça italiana para suspender a obrigatoriedade da vacina contra a gripe). Se isso não fosse suficiente, outro negacionista acabou desmentido na Itália após contestar os testes para Covid-19, em outubro de 2020.

Por fim, o vídeo foi registrado na Itália, porém, não há provas de que os testes sejam da China. Mais do que isso, mesmo que o ataque aos testes fosse real (o que não é), os testes rápidos não são o tipo mais recomendado para averiguar se uma pessoa está ou não infectada pela Covid-19. Os testes rápidos são usados para detectar a presença de anticorpos, isto é, para saber se uma pessoa já teve contato com o vírus (o teste mede a presença das imunoglobulinas IgG e IgM). Já o teste RT-PCR é indicado para detectar a presença do vírus no organismo, isto é, se a pessoa possui a doença (o teste detecta parte do RNA do vírus). Esse é o tipo de teste com função diagnóstica e definitiva, inclusive, respaldado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Enquanto isso, o teste sorológico funciona como um teste de sangue rápido (parecido como aqueles realizados para a identificação de DSTs) e também busca mapear os anticorpos IgM, IgG e IgA.

Em resumo: a história que diz que um kiwi testou positivo para a Covid-19 e cientistas italianos afirmam que os testes chineses são uma farsa é falsa! Infelizmente, esse movimento de descredibilizar os testes para Covid-19 não é novo. Começou na Tanzânia com o próprio presidente do país afirmando que amostras de mamão, galinha e cabra testaram positivo para Covid-19. Depois disso, houve teste com geleia de maçã e Coca Cola. O fato é que os testes não foram desenvolvidos para testar substância não-humanas. Isto é, o teste vai funcionar com eficácia somente com secreções nasais, bucais e sanguíneas humanas (não com frutas, refrigerantes, animais ou geleias). Além disso, um teste rápido não é o mais indicado para identificar se uma pessoa está com Covid-19 ou não. Apesar do alarde, o vídeo tem valor informativo zero. Ou seja, a história não passa de boato. Não compartilhe!

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99458-8494.

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