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Fernanda Torres disse “dane-se o povo se o vírus cumprir missão de abreviar o governo” #boato

Fernanda Torres disse “dane-se o povo se o vírus cumprir missão de abreviar o governo”, diz boato (Foto: Reprodução/WhatsApp)

Boato – A atriz Fernanda Torres disse, em relação ao coronavírus, “dane-se o povo e os cadáveres. Se o vírus cumprir sua missão de abreviar o governo, tudo está bem”.

Desde que o “problema” da Covid-19 mudou nossas vidas (seja direta ou indiretamente), o que não faltaram na internet foram notícias falsas sobre o assunto. Muitas delas, inclusive, acabaram se modificando para voltarem a circular. É o caso da história de hoje, que cita o nome da atriz Fernanda Torres.

De acordo com uma mensagem que circula online, Fernanda Torres teria dito que o “importante é o coronavírus acabar com o governo de Bolsonaro e que não importa se morrer algumas pessoas”. Leia:

Confira o desmentido em vídeo:

Cuidado Fernanda Torres, palavras ditas não se retiram e o retorno as vezes vem em dobro. Todo esse seu ódio é pq as tetas da Lei ROUNAT seccaram né? Vou compartilhar muito isso. “Dane-se o povo e os cadáveres, se o vírus cumprir ‘sua missão’ de ‘abreviar’ o governo, tudo está bem.” Fernanda Torres

Fernanda Torres disse “dane-se o povo, se o vírus cumprir missão de abreviar o governo”?

Vídeo: É falso que vacina da gripe tenha "vírus do câncer"

Muita gente saiu compartilhando a mensagem, em muitos casos, ilustrada por um “meme da atriz”. Só há um detalhe, a informação que circula sobre a tal fala de Fernanda Torres é falsa. Como nós já desmentimos um boato muito parecido com esse em março desse e a argumentação vale para hoje, relembre o que foi dito:

Bastou ler o artigo escrito por ela na Folha de S.Paulo (que está, infelizmente, bloqueado pelo Paywall) para ver que, em nenhum momento, ela diz que torce para que morra muita gente. Como interpretação (ou interpretação enviesada) parece ser o problema de muitos, vamos explicar o que ela fala no artigo (se você tiver sorte, pode ler aqui).

O artigo tem 21 parágrafos (alguns de uma ou duas linhas). No início (cinco primeiros parágrafos), Fernanda faz uma citação ao livro A Distant Mirror, que fala da peste negra que dizimou milhões de pessoas no século XIX, e relembra que, por influência da igreja, muitas pessoas se juntavam em romarias para pedir a proteção de Deus para, em seguida, caírem doentes.

A partir daí (mais cinco parágrafos), Fernanda Torres começa a fazer uma comparação com a situação atual do coronavírus em que religiosos, médicos (desmentidos aqui no Boatos.org) e até o presidente (também desmentido aqui no Boatos.org) insistem em minimizar o poder do coronavírus.

Depois disso (mais quatro parágrafos), ela faz uma crítica mais direta ao presidente e à política econômica do governo. E aí, no 15º parágrafo, chegamos ao ponto mal interpretado.

Ela escreve a seguinte frase: “Torço para que o centro ressurja dessa emergência. E que o coronavírus, a exemplo da peste negra na Europa do século 14, venha abreviar o obscurantismo medieval travestido de liberal em que nos metemos”. Ela não fala, em nenhum momento, que torce o coronavírus ou mesmo pela morte de muitas pessoas. Ela torce para que as pessoas mudem por causa da situação de emergência. Vamos seguir o texto.

A partir daí (mais três parágrafos), ela faz mais uma crítica a todas as pessoas que agem em “negação” aos perigos do coronavírus (mesmo, como ela cita, do lado “pagão”). Para terminar (últimos três parágrafos), ela fala que ninguém sairá a mesma pessoa dessa crise e arremata falando que espera que “voltemos às ruas mais humanos e menos afeitos a fundamentalismos religiosos, políticos e econômicos” assim como na Europa de 700 anos atrás.

Em nenhum momento do texto ela fala que “torce para o coronavírus” ou mesmo que torce para que muitas pessoas morram. Só “para garantir” tentamos achar qualquer outra informação que corroborasse para a acusação de que ela estaria torcendo para a morte das pessoas. Como era de se esperar, achamos apenas “interpretações” de cunho político de pessoas que, claro, visam defender o presidente Bolsonaro.

Vale apontar também que no artigo em questão (que foi a origem para todos esses boatos), Fernanda Torres também não disse a tal frase (recheado de erros de português, o que causa mais estranheza ainda) “dane-se o povo e os cadáveres. Se o vírus cumprir sua missão de abreviar o governo, tudo está bem”. Ou seja: trata-se apenas da evolução de outro boato.

Resumindo: a história que aponta que a atriz Fernanda Torres disse “dane-se o povo e os cadáveres. Se o vírus cumprir sua missão de abreviar o governo, tudo está bem” é falsa. Não passa de uma fake news muito parecida com outra já desmentida por aqui.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.

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