Boato – Anúncios pagos nas redes sociais divulgam vaquinhas para ajudar a família de Juliana Marins a trazer seu corpo ao Brasil e apoiar o voluntário Agam
Análise
Após a tragédia envolvendo Juliana Marins durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, uma onda de comoção tomou conta das redes sociais. Juliana caiu de um penhasco e morreu após ficar sem resgate por dias. O caso foi amplamente noticiado pela imprensa e gerou comoção nacional, principalmente após o esforço do voluntário Agam, que liderou a missão de resgate do corpo da brasileira.
No rastro da repercussão, começaram a surgir campanhas de arrecadação financeira alegando buscar recursos para trazer o corpo de Juliana de volta ao Brasil ou apoiar financeiramente Agam. Muitas dessas campanhas foram promovidas por anúncios pagos no Facebook e Instagram. Abaixo, veja o conteúdo que está circulando:
Versão 1: VAQUINHA OFICIAL AUTORIZADA PELO AGAM, voluntário que resgatou Juliana no vulcão VAQUINHA OFICIAL AUTORIZADA PELO AGAM – Ele arriscou a própria vida para dar a uma família a chance de se despedir. E agora, o Brasil inteiro quer agradecer. Agam é o alpinista que resgatou o corpo da brasileira Juliana Marins no Monte Rinjani, na Indonésia. Com equipamentos precários, sem ganhar nada, ele liderou a missão quando ninguém mais foi. Desceu o penhasco, passou a noite ao lado dela, no frio, para garantir que ela voltasse pra casa. Agora, essa é a vaquinha oficial — autorizada por ele — em nome de todos os brasileiros que se comoveram com o que ele fez. Agam já disse que vai dividir o valor com os amigos que arriscaram a vida ao seu lado. Vamos retribuir esse gesto com amor?
Versão 2: Ajude familia da juliana a trazer seu corpo de volta ao Brasil. Juliana fazia trilha com um grupo de cinco pessoas e um guia. Já no segundo dia, sentiu-se exausta e pediu uma pausa. Segundo sua irmã, Marianna, o grupo prosseguiu sem ela, e o guia teria continuado sozinho ao perceber que ela demorava . Por volta das 6h30 de sábado, Juliana escorregou da trilha e despencou cerca de 300 m até ficar presa numa face rochosa dentro da cratera — chegando a uma área a aproximadamente 500 m de profundidade Infelizmente a Juliana foi encontrata hoje sem vida. Pedimos ajuda de todo para a familia pode trazer o corpo de volta ao brasil É com muita dor que comunicamos que Juliana Marins faleceu após um acidente trágico durante uma viagem na Indonésia. Seu corpo ainda está fora do Brasil, e sua família precisa de ajuda para custear o traslado — um processo caro e burocrático. Criamos essa vakinha com o objetivo de trazer Juliana de volta para casa e garantir a despedida digna que ela merece. Qualquer valor já é uma grande ajuda. Obrigado por compartilhar e apoiar.
Checagem
Dada a repercussão do caso, as vaquinhas falsas que clonam campanhas reais ou inventam histórias enganaram muita gente. Por isso, vamos checar a história respondendo às três perguntas: 1) A vaquinha para trazer o corpo de Juliana Marins é real? 2) A campanha para Agam que aparece em anúncios pagos é confiável? 3) Como diferenciar as campanhas verdadeiras das falsas?
A vaquinha para trazer o corpo de Juliana Marins é real?
Não. A própria família de Juliana negou a existência de qualquer campanha de arrecadação nesse sentido. Em postagem oficial no Instagram, os familiares foram claros: “NÃO TEMOS VAQUINHA ABERTA! NÃO DOEM!”. Além disso, o governo brasileiro se comprometeu a custear o traslado do corpo após uma decisão presidencial. Inicialmente, o Itamaraty indicou que isso não seria possível, mas a posição foi revista após a repercussão pública, como aponta matéria da Gazeta do Povo. Não há, portanto, necessidade de qualquer vaquinha para esse fim.
A vaquinha para Agam, que ajudou a resgatar Juliana Marins, que está sendo publicada por anúncios pagos é real?
Existe uma vaquinha verdadeira em nome de Agam, o voluntário indonésio que participou do resgate. No entanto, também surgiram diversas vaquinhas falsas aproveitando a comoção do caso. Muitas delas estão sendo divulgadas por meio de anúncios patrocinados nas redes sociais, o que já é um sinal de alerta. Campanhas falsas frequentemente exploram tragédias reais para arrecadar dinheiro de forma indevida. A recomendação é nunca doar por meio de links pagos e, se for o caso, procurar diretamente fontes confiáveis que tenham sido divulgadas por veículos jornalísticos ou pela família envolvida.
Como diferenciar as campanhas verdadeiras das falsas?
Campanhas legítimas geralmente são divulgadas por familiares ou amigos próximos nas redes sociais e confirmadas por veículos de imprensa confiáveis. Por outro lado, vaquinhas falsas tendem a usar linguagem sensacionalista, apelos emocionais exagerados e são promovidas via anúncios patrocinados. Diante de casos de grande comoção, é comum que golpistas explorem a empatia das pessoas para obter vantagem financeira. Neste caso, a própria família de Juliana desmentiu as campanhas, e o governo brasileiro já garantiu os custos do traslado. A recomendação é não contribuir com nenhuma vaquinha publicada via anúncios.
Conclusão
É falso que a família de Juliana Marins tenha criado uma vaquinha para trazer seu corpo ao Brasil. Também é enganosa a divulgação de vaquinhas em nome de Agam por meio de anúncios pagos. Enquanto a campanha da família foi desmentida publicamente, há relatos de golpes envolvendo falsos links de arrecadação relacionados ao caso. A orientação é nunca doar por meio de anúncios patrocinados e sempre verificar a autenticidade de qualquer vaquinha antes de realizar contribuições.
Golpe ⚠️
Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo e-mail [email protected] e WhatsApp (link aqui: https://wa.me/556192755610)