Boato – A nova febre dos tokens culturais vai fazer com que você e sua empresa lucrem muito com a venda deste tipo de ativo.
O interesse crescente em tokens culturais como o shiba inu levou muitas startups a acreditar que esse tipo de projeto representa um novo modelo de sucesso digital. Não é à toa: a criptomoeda não só virou pauta em redes sociais e na mídia como também alcançou bons valores.
Apesar disso, é preciso cautela: por trás da viralização e da aparência comunitária, há muita especulação, ausência de propósito sustentável e riscos de desinformação. O que pode parecer uma estratégia inovadora nem sempre é replicável (e muito menos desejável) no setor financeiro.
Afinal, Tokens culturais são fórmulas mágicas para o sucesso financeiro?
Infelizmente, não. A realidade é que os chamados tokens virais não são modelos de negócio. Na realidade, se trata de algo que emerge mais por acaso do que por outros meios.
O sucesso do shiba inu está mais relacionado ao humor da internet e ao comportamento especulativo de investidores do que a qualquer fundamento estratégico. Embora tenha gerado uma comunidade engajada, esse movimento ocorreu sem um produto sólido, modelo de governança claro ou propósito social definido.
Infelizmente, startups que tentam copiar esse “modelo” correm o risco de confundir engajamento com sustentabilidade. A lógica de memes e viralidade funciona em nichos muito específicos e raramente se traduz em valor duradouro. Mas essa não é a única ideia errada.
Atrair seguidores não significa, exatamente, fidelizar clientes. Falamos isso, porqu a ideia de construir uma comunidade antes do produto se tornou popular entre projetos cripto. Só que muitas dessas comunidades são motivadas por incentivos de curto prazo, como promessas de lucro ou distribuição gratuita de tokens, e abandonam o projeto assim que o entusiasmo passa. Na realidade, fintechs precisam focar na entrega de valor concreto: soluções para problemas reais. A construção de comunidade deve ser uma consequência de um bom serviço, não o ponto de partida.
Além disso, é preciso organização e hierarquia. Modelos de DAO são frequentemente apresentados como o futuro da governança. Na prática, a maioria dessas estruturas enfrenta baixa participação, concentração de poder entre poucos detentores de tokens e dificuldades operacionais. Para uma startup em crescimento, depender da deliberação coletiva pode gerar mais obstáculos do que soluções. A participação dos usuários pode e deve ser incentivada, mas dentro de estruturas claras, auditáveis e juridicamente viáveis. Mecanismos tradicionais de pesquisa de opinião e testes com usuários ainda são mais eficazes em ambientes regulados.
Uma fintech não pode se basear apenas em imagem ou discurso. A comunicação emocional precisa ser respaldada por ações, atendimento ético e compromisso com os dados dos usuários. Do contrário, torna-se apenas mais uma promessa vazia no mercado. O mesmo podemos falar da viralização.
A viralidade espontânea é sedutora, mas imprevisível. Esperar que a comunidade crie campanhas, memes e defenda sua marca sem orientação nem estratégia é ingenuidade. A maioria das iniciativas que dependem de UGC (User Generated Content) sem um direcionamento claro acaba se diluindo rapidamente. Uma marca forte se constrói com consistência: identidade visual clara, mensagens coerentes e uma proposta de valor replicável. A comunidade pode ampliar essa mensagem — mas não criá-la do zero.
Ou seja: tokens culturais podem servir como curiosidades ou estudos de caso sobre comportamento digital, mas não devem ser tratados como referência para inovação em finanças. Startups que desejam crescer de forma sustentável precisam priorizar:
- Soluções reais para usuários reais.
- Modelos de negócio claros, auditáveis e viáveis.
- Governança transparente e responsabilidade jurídica.
A lição dos tokens culturais não está na forma, mas nos limites que revelam. Eles mostram o que não fazer, mais do que o que copiar. E para o setor financeiro, isso já é um aprendizado valioso.