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Hoax: pesquisa falsa é feita por sequestradores em porta de cinemas

História falsa fala de golpe do sequestro em cinemas
História falsa fala de golpe do sequestro em cinemas

Boato – Bandidos se disfarçam de pesquisadores e recolhem informações na porta do cinema para aplicar o golpe do sequestro nos familiares dos telespectadores.

Uma pessoa posta uma informação sem procedência e outra vê. E mais outra, outra e outra. Quando menos se espera milhares de pessoas viram, a informação ganhou força e o que nem é certeza torna-se uma verdade incontestável.

É assim que os boatos funcionam e esse é o perigo. Mesmo os conteúdos postados por brincadeira (ou falta de noção), na internet podem tomar proporções inimagináveis e resultar até em tragédias.

Um triste exemplo disso foi a morte de Fabiane Alves de Jesus, agredida e linchada até a morte após ser confundida com uma bruxa satanista do Guarujá (SP). A história da bruxa, claro, era um boato mal contado e insensato.

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E como hoje em dia tudo é motivo para susto e insegurança, histórias do mal se espalham na web como pólvora e são repassadas sem o menor cuidado. É o caso do alerta sobre o golpe da pesquisa, publicado em maio (apenas semanas depois do acontecido com Fabiane) e que rende comentários até hoje. Confira um trecho do alerta postado em um perfil do Facebook:

ATENÇÃO-ALERTA 

AVISEM SEUS FILHOS E PARENTES !!!
Dentro dos Shoppings Centers há pessoas próximas às entradas dos cinemas fazendo uma suposta pesquisa com os jovens (algo “interessante”, como cinema, TV, um novo filme a ser lançado…).

Pegam então o nome, telefone celular, fixo e residencial, endereço, nome dos pais e discretamente anotam algumas características como as roupas, cor do cabelo, etc. etc. etc. E em seguida pedem para não esquecer de desligar o telefone celular para não incomodar outras pessoas no interior do cinema durante a exibição do filme.

Depois que as pessoas entram no cinema, eles esperam alguns minutos, ligam para a pessoa que foi “entrevistada” para ver se o celular está mesmo desligado e, se estiver, eles ligam para a casa da pessoa. […]

AVISO DE UM DELEGADO DE POLÍCIA¨

Isso não é boato e nem uma brincadeira, é fato verídico. Instruam seus filhos e parentes a não responder nenhuma entrevista ou pesquisa nas ruas e fornecer informações curriculares a não ser que sejam apenas diretamente para empresas.

[…]

FAVOR, ENCAMINHE PARA SEUS AMIGOS E SUAS FAMÍLIAS !!!

Para quem leu o texto anterior e ainda assim tem dúvidas de que se trata de um boato, vamos às obviedades. Primeiro, a lógica do golpe é fantasiosa demais, mesmo para bandidos.

Disfarçar-se de pesquisadores na porta de cinemas dentro de shoppings para recolher informações se não é inviável, é no mínimo dificílimo. A política de segurança dos shoppings costuma ser rígida e pesquisas não são permitidas sem credenciais devidamente verificadas e aprovadas. Além disso, o local é recheado de câmeras de segurança.

Segundo, fontes não identificadas já indiquem que não há veracidade na informação. Se a função da polícia é evitar casos do tipo, porque “o delegado” em questão não é identificado? O termo “um delegado de polícia” só reforça que não há delegado nenhum afirmando o que vem escrito no alerta.

Terceiro, o golpe do falso sequestro é antigo, de fato existe, mas não exige toda essa logística. Basta discar números aleatórios e fazer algumas afirmações sobre possíveis familiares que as pessoas caem no golpe. É tentativa e erro, simples.

Claro, não vamos desconsiderar aqui quadrilhas especializadas que observam pessoas por um tempo para então aplicar o golpe, mas no caso do alerta em questão as informações são muito rasas. Não há um só caso que comprove a história. E mesmo que exista, não se trata de uma “nova moda” de bandidos. Vale a regra de ficar alerta e não passar dados pessoais em nenhum caso. Inclusive em pesquisas no cinema.

Por fim, vale ressaltar, cuidado com o que lê, publica e compartilha. Estejam alerta de fato, para histórias devidamente esclarecidas e com o mínimo de respaldo. Cuidado para não colaborarem com uma incerteza como as mais de 470 mil pessoas que o fizeram compartilhando esse texto.