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Exército matou dezenas de bandidos no Rio de Janeiro #boato

Boato – Fotos mostram ação do Exército em comunidades, como o Morro do Alemão, no Rio de Janeiro. São dezenas de bandidos e traficantes (incluindo mulheres e idosos) mortos.

A situação no Rio de Janeiro está longe, muito longe, de ser considerada tranquila. Na semana passada, três militares, que participavam de uma operação em comunidades, morreram em confrontos com traficantes. Todo o clima de animosidade (somado ao debate político sobre segurança no estado) tem feito, inclusive, alguns exageros surgirem na internet.

Logo após a morte dos integrantes do Exército, começaram a circular na internet áudios no WhatsApp e fotos do que seriam dezenas (em alguns casos, centenas) de bandidos e traficantes mortos em uma suposta ação do Exército após a morte dos militares. Infelizmente, as fotos (que podem ser acessadas aqui) não poderão ser publicadas aqui pelo seu forte teor.

Junto às imagens, surgiram diversos áudios “relatando” o que teria acontecido. Em um áudio, um homem fala que há um caminhão do Exército com mais de 50 mortos. Em outro, um homem relata que traficantes estão “pulando da pedreira” para se salvar. Há também um áudio que fala que mais de “200” foram mortos.

Fotos de dezenas bandidos que o Exército matou no Rio de Janeiro vazaram na internet?

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Boa parte dos áudios e fotos foram divulgados por quem apoia a ação do Exército e uma “intervenção militar completa”. Mas será mesmo que todas imagens retratam uma operação no Rio de Janeiro em que a polícia matou bandidos? A resposta é não. Para você entender tudo, vamos aos fatos.

Antes de tratar das fotos, vamos falar da informação que aponta que o Exército matou “centenas de bandidos”. O primeiro indício que aponta que a informação é falsa está na forma que ela está circulando na internet. As mensagens estão circulando apenas em áudios anônimos no WhatsApp. Vamos convir que, se quaisquer das informações fossem reais, já teriam saído na mídia (ainda mais que a violência no Rio está sendo coberta de perto pela imprensa).

O segundo indício está no que “seriam” as provas do crime. Dentre as fotos que estão circulando online, há algumas que são, de fato, da operação no Rio de Janeiro e outras tantas que são de situações diversas. Vamos explicar o que achamos foto por foto.

Duas das imagens que mais chamaram atenção e “embasaram” a tese de que o Exército “matou geral” são as que mostram dezenas de homens mortos. As duas fotos são do México. Uma delas são de 16 cadáveres encontrados na cidade de Tijuana em 2008. A outra foto é de uma chacina ocorrida em 2011 na cidade de San Fernando na qual 72 imigrantes foram mortos.

Outras fotos que chamaram atenção foram a de uma mulher e de um idoso mortos. Ao contrário do que se imagina, as fotos não são recentes e também não são do Rio de Janeiro. A imagem do idoso é de um crime que ocorreu em 2014 em Cuiabá. A da mulher é de uma morte ocorrida em Manaus em 2016 (no qual uma mulher e seu companheiro foram mortos). Há, ainda, fotos que são do Rio de Janeiro, mas não são da semana anterior. A foto do homem que está no hospital é de uma ação nas favelas da Penha e do Alemão em 2012.

É claro que há fotos que, de fato, são da operação do Exército no Rio (uma é da morte do traficante Costelão. Outra é a de homens mortos na mata). Porém, mesmo as fotos reais não atestam nada diferente dos dados oficiais: que cinco (e não dezenas/centenas) suspeitos foram mortos. Há, ainda, vídeos que não conseguimos achar a origem (como o vídeo das pessoas que correm para o morro) e que podem ser (ou não) da ação da polícia. Porém, com o que temos já dá para dar um veredicto.

Resumindo: se as fotos que circulam online são a prova de que o Exército matou centenas de bandidos em operações no Rio de Janeiro, a história é falsa. Além de os áudios não terem nenhuma comprovação, boa parte das fotos que circulam online não são atuais e nem do Rio de Janeiro.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.