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Comissão de Direitos Humanos pede prisão de estudante que reagiu a assalto em MG #boato

Boato – Presidente da Comissão de Direitos Humanos de Minas Gerais, Gizelle Rosário Leitte, manda prender estudante de 21 anos que reagiu a assalto e espancou bandido.

A violência tem sido um assunto bastante discutido nos últimos anos. Grande parte dessa preocupação se deve pelo aumento do número de homicídios no Brasil. Em 2017, o país contabilizou cerca de 64 mil mortes violentas. Em 2018, no primeiro semestre, segundo estudos, esse número chegou a mais de 26 mil assassinatos.

Por conta disso, muitas pessoas buscam uma forma de se proteger da violência. Seja com atitudes junto às autoridades locais ou com as próprias mãos. Exemplo disso foi um estudante de Minas Gerais que, no último dia 22 de novembro de 2018, reagiu a um assalto ao perceber que o assaltante usava uma arma de brinquedo e agrediu o rapaz, que ainda levou vários pontapés após cair no chão.

Entretanto, segundo publicações que estão circulando nas redes sociais, a atitude do estudante foi repreendida pela Comissão de Direitos Humanos de Minas Gerais. Ainda segundo as postagens, a presidente da comissão, Gizelle Rosário Leitte, teria autorizado a prisão do estudante. Confira:

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A Comissão de Direitos Humanos de Minas Gerais, por meio de um pedido feito junto à promotoria de Belo Horizonte, conseguiu autorizar a prisão do estudante de 21 anos que reagiu a um assalto com arma de brinquedo e espancou o bandido. O caso aconteceu na última quinta-feira (22), na bairro Camargos, região Oeste de Belo Horizonte. De acordo com a presidente da Comissão, Gizelle Rosário Leitte, o jovem agiu com demasiada força e não deu chances de defesa ao assaltante, que continuou sendo agredido mesmo depois de ter caído no chão sem esboçar qualquer reação.

“Não precisava ele ter sido violento daquele forma, a vítima já estava no chão e ele continuou as agressões. O único criminoso nessa história é o estudante, que despejou todo seu ódio e rancor em cima da vítima. Ele deve ser preso e pagar pelo que fez. Nenhum ser humano merece passar pelo que aquele assaltante passou.” Disse Gizelle. O jovem foi conduzido pela polícia e responderá pelos crimes de tentativa de homicídio e lesão corporal grave sem chances de defesa da vítima, e pode pegar até 8 anos de prisão.

Comissão de Direitos Humanos pedem prisão de estudante que reagiu a assalto em MG?

A informação de que a Comissão de Direitos Humanos teria autorizado a prisão do estudante mineiro causou uma verdadeira polêmica nas redes sociais. Mas será que Gizelle Rosário Leitte realmente teria pedido pela prisão? A resposta até rima: Não! E para conferir os detalhes, continua lendo.

Para começo de história, a mensagem, que apresenta aquele velho enredo de boatos online (alarmista e não cita fontes confiáveis), segue a linha da clássica fake news do “direitos humanos ajudaram o bandido”. No Boatos.org, temos o exemplo da reforma da casa do ladrão morto pela policial militar em SP, a indenização que o INSS pagaria à família dele, o pedido de prisão por parte dos “direitos humanos” da policial que matou o ladrão na frente da escola do filho e a história de que Maria do Rosário teria criticado o policial militar que matou três assaltantes em SP.

E bem, assim como citado em outros textos aqui no Boatos.org, comissões não “mandam prender” ninguém. Dentre as funções da Comissão estão: instaurar processos, elaborar trabalhos escritos, emitir pareceres, promover seminários, painéis e outras atividades culturais, buscando estimular e divulgar a questão dos direitos humanos; proceder junto às autoridades sempre que tomar conhecimento de alguma violação, apurando os fatos, visando a reparação do direito violado. Ou seja, quem tem o poder de prender alguém é a Justiça e não uma comissão.

Resolvemos, então, fazer uma busca com as informações apresentadas no texto e descobrimos que a tal “presidente da Comissão”, Gizelle Rosário Leitte, sequer existe e é um membro da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais! Mais do que isso, Descobrimos que não existe, até o momento, nenhuma informação de que o estudante mineiro tenha sido preso pela Polícia Militar. No dia da agressão, ele foi encaminhado até à delegacia para prestar depoimento e foi liberado na mesma tarde. A Polícia Civil informou que está investigando o caso e apurando se houve excesso na defesa da vítima.

Por fim, mais dois detalhes: descobrimos que a historia não só não circulou em nenhum veículo de mídia confiável como também surgiu em um site que sempre publica fake news. A prova disso é que a imagem de alguém sendo conduzido pela polícia sequer tem a ver com o caso. Ela é de 2017, quando um estudante foi levado para a delegacia após ter dado uma cadeirada em um colega na cidade de Patos de Minas (MG).

Em resumo: a história que diz que a Comissão de Direitos Humanos de Minas Gerais autorizou a prisão do estudante mineiro que agrediu um assaltante é falsa. O nome citado como presidente da Comissão sequer faz parte do grupo. O caso surgiu em um site de fake news e até a foto da prisão é falsa. Ou seja, a história é apenas boato. Não compartilhe!

PS: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema para o Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, no Facebook e WhatsApp no telefone (61) 991779164.