Boato – Um advogado condenado pelos atos do 8 de janeiro tirou a própria vida em razão de decisões do STF.
Análise
Desde o início de julho de 2025, diversas mensagens têm circulado em redes sociais apontando que um advogado, identificado como “Montenegro” e supostamente condenado por envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro, teria tirado a própria vida por conta de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), mais especificamente por ordens atribuídas ao ministro Alexandre de Moraes.
As mensagens têm forte carga emocional e política, sugerindo que o Judiciário brasileiro estaria promovendo perseguições injustas e pressionando condenados a tal ponto que cometeriam suicídio. Leia algumas das mensagens que circulam online:
Versão 1: Cuidado! cenas fortes! Não deixe crianças ver!!! Meu Deus! Mais uma vítima do STF! O Advogado Montenegro se matou em decorrência das decisões arbitrárias do STF, onde foi condenado de 8 de Janeiro. Lamentável, ele tirou a vida. Mais sangue nas mãos deles
Versão 2: ATÉ QUANDO O CABEÇA PIROCA E SEUS CÚMPLICES VÃO FAZER CADÁVERES…!!! O Advogado Montenegro se matou em decorrência das decisões arbitrárias do STF. Lamentável, ele tirou a vida Condenado de 8 de janeiro suicidou-se!
Versão 3: Mais uma morte nas costas do Alexandre de Moraes este senhor não aguentou a dor de ser um condenado do 8 de janeiro injustamente. Precisamos de autoridades estrangeiras para acabar com este STF. Não aguentamos mais.
Versão 4: O Advogado Montenegro se matou em decorrência das decisões arbitrárias do STF, onde foi condenado de 8 de Janeiro. Lamentável, ele tirou a vida. Mais sangue nas mãos deles Que ódioooooo, desse diabo Alexandre de Moraes….não é possível que ninguém faça .
Checagem
As mensagens viralizaram com força, mas distorcem completamente os fatos. Vamos responder a três perguntas centrais nesta checagem: O que aconteceu com o caso do advogado no consulado? Advogado que tirou a própria vida foi condenado no 8 de janeiro? Houve injustiça deste tipo no julgamento do 8 de janeiro?
O que aconteceu com o caso do advogado no Consulado?
Na realidade, houve sim um caso envolvendo suicídio, mas com contornos completamente diferentes. O episódio ocorreu no Paraguai, quando um homem atirou contra o consulado brasileiro em Foz do Iguaçu e, posteriormente, tirou a própria vida. Segundo o jornal La Nación, o autor tinha antecedentes por ameaça e porte ilegal de arma. Ele também tentou se candidatar a cargos públicos em São Paulo e Foz, como mostra a Tribuna de Foz, mas não era um advogado atuante.
Advogado que tirou a própria vida foi condenado no 8 de janeiro?
Não. Diferentemente do que as mensagens afirmam, o homem que cometeu o suicídio não tinha qualquer ligação com os processos do 8 de janeiro. Ele não consta na lista de investigados ou condenados pelo STF relacionados aos atos antidemocráticos daquele dia. A associação de seu nome ao episódio é uma construção falsa usada para espalhar desinformação contra o Supremo Tribunal Federal.
Houve injustiça deste tipo no julgamento do 8 de janeiro?
O julgamento dos envolvidos no 8 de janeiro tem sido alvo de atenção nacional e internacional, com críticas e defesas. No entanto, ele segue o rito judicial previsto em lei, com amplo direito à defesa e transparência dos processos. A alegação de que decisões arbitrárias do STF estão levando pessoas ao suicídio é infundada.
É importante lembrar que parte da insatisfação se refere à revogação do regime de tributação unificada de importações, um tema econômico que motivou o atirador, mas que não está relacionado ao julgamento dos atos golpistas.
Conclusão
É falsa a alegação de que um advogado condenado pelos atos de 8 de janeiro teria tirado a própria vida por conta de decisões do STF. O caso real trata-se de um ataque ao consulado do Paraguai em Foz do Iguaçu, motivado por questões econômicas e sem qualquer relação com as decisões judiciais sobre os atos golpistas. As mensagens distorcem os fatos e tentam culpar o STF de forma infundada, utilizando tragédia para gerar revolta política.
Fake news ❌
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