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5 fake news sobre a vacina que previne o HPV

Boatos.org participou de oficina de checagem de fatos com alunos da escola CEM 02, de Ceilândia (Distrito Federal). Exercício resultou em uma série de conteúdos que derrubam fake news sobre a vacina contra o HPV.

Em tempos de pandemia, as fake news sobre as vacinas contra a Covid-19 tomaram conta da internet. O movimento lembra algo que ocorreu em menor escala no início da década passada: as fake news sobre as vacinas contra o HPV.

Primordiais para a prevenção do câncer no colo do útero, uma das doenças que mais vitima mulheres no Brasil, a vacina foi alvo de desinformação de grupos negacionistas e até foi citada como culpada em episódios que ocorreram no país.

Com o intuito de combater a desinformação sobre a vacina contra o HPV, a jornalista Gracielly Bittencourt organizou o projeto “Conhecimento é vacina para a desinformação” e organizou oficinas com alunos da professor de filosofia Mayara Moreira, no CEM 02, escola localizada em Ceilândia (região administrativa do Distrito Federal).

Confira um vídeo sobre a oficina

Vídeo: é falso que prédio da Chrysler colocou mensagem de Lula na cadeia

Participaram de palestras e de uma oficina a biomédica Kathlen Deruci e o editor do Boatos.org Edgard Matsuki. Os alunos, ao final da oficina produziram cinco checagens sobre a vacina contra o HPV. Foram feitos textos, vídeos e artes para redes sociais. O material (que passou por supervisão e edição pelo Boatos.org) pode ser conferido abaixo:

5 fake news sobre a vacina que previne o HPV

Confira vídeo produzido por alunos

@kamylla_lara♬ original sound – jaredjjenkins

Fake #1 – Vacina contra HPV não é eficaz e não serve para evitar o câncer de colo do útero

Por Cristiano Mateus, Stefany Dias, Nicole, Pedro Arthur, Carlos e Victor

Desde quando se iniciaram as campanhas de vacinação contra o HPV, algumas teses falsas circularam na internet. Uma delas, que circulou em um site negacionista que fazia muito sucesso no início da década passada, questionava a eficácia da vacina. Veja o que foi escrito:

Até o momento, a eficácia das vacinas contra o HPV na prevenção do câncer do colo de útero, não foi demonstrada, enquanto os riscos de vacinas ainda não foram completamente avaliados. -Atuais práticas de imunização do HPV no mundo todo, com qualquer uma das duas vacinas contra o HPV parece ser nem justificadas por benefícios a saúde a longo prazo, nem economicamente viavel, e nem há qualquer evidência de que a vacina contra o HPV (mesmo se revelar ser eficaz contra o câncer do colo do útero) reduziria a taxa de câncer de colo do útero além do que o exame de Papanicolau já alcançou

A tese é falsa! De acordo com médico que escreveu este artigo para o site MD Saúde, a vacinação tem uma eficácia de quase 100% na prevenção de tumores malignos do colo do útero provocados pelo HPV-16 e HPV-18 quando administradas antes do início da vida sexual. Há, ainda, proteção em menor nível para homens vacinados (90%) e em mulheres com a vida sexual ativa (44%).

Essa informação mostra que o boato inventado que a vacina não previne contra esse tipo de câncer é mentira. Vale lembrar que o câncer de colo do útero é o quarto câncer mais fatal que atinge mulheres no mundo todo, com cerca de 570 mil novos casos por ano. Ou seja: a vacina contra o HPV salva vidas.

Fake #2 – A vacina contra o HPV causa grandes riscos à saúde

Por Agatha Santos, Kamylla Cardoso, Gabriel Moraes, Samuel Souza e Eduardo Vinícius

Já há algum tempo, vacinas têm sido o foco das chamadas “teorias da conspiração”. O mesmo site que apontou para a “não-eficácia da vacina” também alegou que a campanha de vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) deveria ser combatida, pois a mesma, supostamente, causaria males à saúde.

Em um longo artigo, o site afirma que a vacina é suspeita de causar “mortes, efeitos adversos e muita controvérsia” e ainda de ser “desnecessária e perigosa” além de imputar dúvida quanto à responsabilidade e veracidade de pesquisas científicas relacionadas à área da saúde sugerindo a existência de viés de patrocínio econômico pela indústria farmacêutica. Leia um trecho da mensagem que circula online:

Apesar de ser uma vacina rodeada de suspeitas, mortes, efeitos adversos e muita controvérsia, o governo planeja vacinar ao menos 80% de todas as meninas entre 9 e 13 anos… Veja neste post o porquê desta vacina não ser realmente necessária como o governo mostra

Os efeitos do discurso contra a campanha de vacinação do governo federal já são perceptíveis, uma vez que somente metade do público-alvo da vacinação contra o HPV foi atingido. E a tese levantada pelo site não passa de uma fake news.

A falsa informação de que a vacina é danosa à saúde já foi desmentida pela própria OMS e há diversas pesquisas que comprovam a sua eficácia e segurança. Por isso é de extrema importância conscientizar sobre os benefícios da vacina.

A vacina contra o HPV tem cobertura mundial e em diversos países desenvolvidos é observável a infalibilidade, visto que na Inglaterra, que já desenvolve a campanha de vacinação há 12 anos, se espera a erradicação dos tipos 16 e 18, os mais perigosos de HPV. Mais do que isso: não há relatos de problemas graves.

De acordo com a pesquisadora Kathlen Rodrigues, alguns dos principais efeitos colaterais são dor no local da aplicação, inchaço e vermelhidão. Em casos mais raros podem ocorrer desmaios que duram poucos minutos e não acarretam nenhum prejuízo a saúde do paciente.

Ou seja: a vacina contra o HPV não só previne o câncer do colo do útero se tomada da maneira correta como também estudos mostram que ela é segura. Os efeitos colaterais mais comuns são inerentes e qualquer vacina.

Fake #3 – Vacinas do HPV causam sexualização nas crianças

Por Lauana Vitória, Ana Júlia de Jesus, Gabrielle Marques, Pedro Henrique Alves e Júlia Barbosa

Outra tese falsa que circula por meio de mensagens soltas em redes sociais é a que aponta que vacina contra HPV estimula prática sexual de meninas. Este seria um motivo para conservadores “protegerem as crianças”.

“Vacina de HPV, do Ministro da Saúde Alexandre Padilha, é para meninas de 9 a 13 anos Sexualização das crianças Governo Federal” e “Brasil crianças tomam vacina do HPV desde 9 anos,pq a mídia, escola,sistema de saúde,diz é normal adolescentes ter vida sexual precoce,Enquanto não acabarmos c/ incentivo a sexualizacao infantil,teremos casos como d SC.Casais d crianças tendo relação sexual e abortos legalizados”, dizem algumas mensagens.

Apesar disso, o fato é que meninas que foram vacinadas contra HPV não estão mais propensas a praticar mais sexo do que as meninas que não receberam o tratamento. E é a ciência que aponta para isso.

Esta matéria do jornal Extra desmente a tese e cita pesquisadores norte-americanos e britânicos. Os dois grupos concluíram na revista Vaccine: “Não vimos nenhuma diferença na vida sexual ativa”. Ou seja, a afirmação de que a vacina estimula sexualização precoce é FALSA.

Fake #4 – MPF proibiu a vacina contra o HPV em todo o Brasil/vacina é ilegal

Por Eduardo Andrade, Sara Rodrigues, Maria Luiza Morais, Gyovanna Alves, Igor Inácio.

Outro boato que correu pelas redes sociais é o que apontava que o MPF (Ministério Público Federal) proibiu a vacina contra o HPV no Brasil. Esses boatos apontavam que a vacina poderia deixar seus filhos debilitados por toda a vida ou até mesmo levá-los ao óbito por conter metais pesados, vírus transgênicos e conservantes. Leia o texto:

MPF proíbe a vacina contra o HPV, que pode deixar seus filhos debilitados por toda a vida ou até mesmo levá-los à morte por conter metais pesados, vírus transgênicos e conservantes, além de destruir a capacidade natural do indivíduo. NÃO VACINE SEU FILHO CONTRA O HPV porque por trás disso, esconde-se uma máfia que só visa lucrar com isso.

Para começar, a vacina contra Covid-19 não causa problemas graves (conforme explicamos acima) e, na composição da vacina, não existem esses “ingredientes” (algo que já foi desmentido pelo Boatos.org). Por fim, é importante esclarecer que não há suspensão do uso da vacina, a Juíza da 14a Vara federal de Minas Gerais, Anna Cristina Gonçalves, considerou que o argumento usado para pedir a suspensão da vacina era vago pois não foi comprovado a não eficiência da vacina. Por sinal, essa fake news foi desmentida pelo Boatos.org em 2016.

Fake #5 – Vacina contra HPV causou múltiplos problemas em meninas no Acre

Por Julia de Sousa, Aline Félix, Millene Moraes e Isabella Leles

Um dos casos que mais gerou repercussão em relação a supostas ameaças da vacina contra o HPV ocorreu no Acre na década passada. Mães que afirmaram que suas filhas tiveram sintomas sérios de saúde por conta da vacinação. Os sintomas relatados foram, por exemplo, convulsões, dores na cabeça e nas pernas, febre e desmaios.

Os depoimentos tiveram grande repercussão até internacionalmente e foram criados grupos de mães para relatar os problemas. As famílias passaram a acreditar que a vacina teria causado sequelas neurológicas em suas filhas. A preocupação suscitou uma investigação sobre as causas do problema nas crianças. E exames feitos pela USP concluíram que estaria totalmente descartada a possibilidade de a vacina ter causado os problemas de saúde em questão.

Os pesquisadores apontaram que a maioria dos casos apresentavam um problema de origem psicológica. Os cientistas observaram que medo da vacina pode ter sido um gatilho para o desenvolvimento desses sintomas. O próprio Ministério da Saúde endossou a pesquisa.

Ou seja, a investigação terminou com essa afirmação de que as vacinas NÃO causaram nenhum tipo desses sintomas, mas sim o medo por conta da vacina e de notícias falsas que estavam sendo circuladas.

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