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Larvicida pyriproxyfen causou microcefalia; Zika é uma farsa #boato

Boato – O verdadeiro motivo para a causa para o surto da microcefalia no Brasil é o uso do larvicida Pyriproxyfen, que tem o composto químico piriproxifeno.

Não faz nem uma semana que falamos sobre boatos relacionados ao Zika vírus que se espalharam pela internet e uma nova história começou a circular na internet. Sites têm afirmado que o Zika vírus é uma farsa e que a verdadeira causa do surto de microcefalia no Brasil é o uso do larvicida Pyriproxyfen.

Larvicida causou microcefalia, diz boato
Larvicida causou microcefalia, diz boato

Os textos tiveram como base um estudo realizado na Argentina e que já influenciou secretarias de saúde no Brasil. Assim que o relatório foi divulgado, textos começaram a aparecer na internet falando que o Zika vírus era uma farsa. Leia um deles (o texto é grande):

URGENTE! Zika vírus é uma farsa, Microcefalia está ligado á larvicida na água: Apesar de todo o alvoroço público, todos os casos de microcefalia sendo descobertos no Brasil nunca foram cientificamente ligados ao Zika vírus. Um grupo de médicos da América do Sul estão dizendo agora que as deformações cerebrais que o mundo está testemunhando são causadas ​​pela PULVERIZAÇÃO em massa de pessoas de baixa renda do Brasil com um larvicida químico, não por mosquitos portadores do Zika vírus…

Um aumento dramático de malformações congênitas, especialmente microcefalia em recém-nascidos, foi detectado e rapidamente ligado ao Zika Vírus pelo Ministério da Saúde do Brasil. No entanto, eles não reconhecem que na área onde mais pessoas doentes vivem, um larvicida químico que produz malformações em mosquitos tem sido aplicado há 18 meses, e que este veneno (Piriproxifeno) é aplicado pelo Estado na água potável usada pela população afetada…

As malformações detectadas em milhares de crianças de mulheres grávidas que vivem em áreas onde o Estado brasileiro acrescentou o Piriproxifeno à água potável não é uma coincidência, apesar de o Ministério da Saúde colocar uma culpa direta sobre o Zika vírus para este dano, enquanto tenta ignorar sua responsabilidade e descartar a hipótese de dano químico direto e cumulativo causado por anos de disruptor endócrino e imunológico da população afetada…

O Zika vírus não causa microcefalia! Conforme relatado pelos médicos argentinos em seu relatório, o Zika vírus nunca foi conhecido por causar deformações cerebrais em crianças: As epidemias anteriores de Zika não causaram defeitos congênitos em recém-nascidos, apesar de infectar 75% da população nesses países. Além disso, em outros países, como a Colômbia, não há registros de microcefalia; no entanto, há uma abundância de casos de Zika…

É um ciclo vicioso, é claro: o governo pulveriza substâncias químicas que causam deformações cerebrais em crianças, mas, a fim de evitar culpar os produtos químicos, eles culpam os mosquitos, exigindo, assim, que produtos químicos mais tóxicos sejam pulverizados, causando ainda mais deformações que exigem ainda mais produtos químicos e assim por diante.

Se tudo isso soa familiar, é porque isso é arrancando da cartilha da indústria de vacinas: Muitas vacinas realmente causam epidemias (é por isso que as crianças que são afetadas com sarampo e caxumba têm quase sempre sido previamente vacinadas contra o sarampo e caxumba), aumentando assim a demanda pública por mais vacinas que causam mais surtos, ad infinitum...

Baseado inteiramente em informações fraudulentas e ciência charlatã, o presidente Obama pediu por US$ 1,8 bilhões em ajuda do governo para empresas de vacinas e empresas farmacêuticas para combater o Zika. No entanto, a ligação entre o Zika e a microcefalia é nada mais que uma narrativa mitológica não comprovada e não-científica, sonhada pelos empurradores de vacinas. Isso tem o mesmo peso científico como dizer: “Os gatos pretos trazem má sorte” ou “Esfregar um pé de coelho dá-me boa sorte.”

Uma vez que você coloque todas as peças deste quebra-cabeça juntas, torna-se claro: A narrativa do Zika vírus é um enorme hoax (farsa) da ciência charlatã que está sendo empurrado apenas para vender mais produtos químicos, mais mosquitos geneticamente modificados, mais vacinas e muito mais pulverização sobre a população brasileira com substâncias mortais.

O texto realmente é alarmista e tem como base um relatório real, publicado pela Rede Universitária de Ambiente e Saúde (Reduas). Tanto que a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul suspendeu o uso do larvicida Pyriproxyfen. Mas será mesmo que o Zika vírus não está causando microcefalia? Vamos aos fatos.

Ponto 1 – O Zika é uma farsa?

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Esta história é tão enrolada que a gente vai ter que explicar por partes. O primeiro ponto é o Zika ser uma farsa e não estar relacionada aos casos de microcefalia. Essa tese é tão absurda que nem estava no relatório argentino. Vamos dizer que a parte do “Zika ser uma farsa” é por conta dos textos conspiracionistas que apareceram online. Em nenhum momento a pesquisa original tira a culpa do Zika. O que eles falam é que o larvicida seria um potencializador da microcefalia com o Zika.

Outro ponto que denuncia a tese é a ligação da microcefalia com vacinas. Como se sabe, há uma corrente que afirma que as vacinas causam as doenças nas pessoas e alimentam uma indústria. Porém, as acusações não passam de conjecturas, via de regras, sem provas (ou tentativas de provar algo). Só palavras.

Ponto 2 – O estudo argentino sobre o larvicida

Sobre a ligação entre o larvicida e a Zika vírus. Para começar, o que foi formulado pelos médicos argentinos não é uma pesquisa, teoria ou mesmo hipótese. É um relatório.  Pior do que isso, a Abrasco (citada no estudo) afirma que o relatório da Reduas teve origem em uma interpretação errada da associação brasileira. Confira nesta matéria da BBC. Leia trecho do que diz a Abrasco:

“É sabido que um cenário de incerteza como este provoca insegurança na população e é terreno fértil para a disseminação de inverdades e de conteúdos sem qualquer (ou suficiente) embasamento científico. A Abrasco repudia tal comportamento, que desrespeita a angústia e o sofrimento das pessoas em situação mais vulnerável, e solicita prudência aos pesquisadores e à imprensa neste grave momento, pois todas as hipóteses devem ser investigadas antes de negá-las ou de confirmá-las”, afirma o comunicado.

Além disso, o próprio relatório argentino afirma algumas coisas erradas. Para além disso, há outros dados que derrubam a hipótese argentina. O primeiro está relacionado à afirmação de acontecer casos de Zika e não de microcefalia em outros países. Como você pode ver, na Polinésia Francesa aconteceu a Zika e a microcefalia. E lá não foi aplicado o larvicida.

Além disso, há a afirmação que a empresa que fabrica o pyriproxyfen é ligada à Monsanto. A afirma é falsa. A Sumitomo Chemical não tem nenhuma relação com a Monsanto. Por fim, vale lembrar que há anos é utilizado o larvicida no Brasil. E até então não houve casos de microcefalia. Muita gente saiu falando da história sem se preocupar com a posição do Ministério da Saúde. Leia o que diz a nota oficial do governo.  

“Não existe nenhum estudo epidemiológico que comprove a associação do uso de pyriproxifen e a microcefalia. O Ministério da Saúde somente utiliza larvicidas recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os produtos passam por um rigoroso processo de avaliação da World Health Organization Pesticed Evaluation Scheme (WHOPES).  O pyriproxifen está entre os produtos aprovados por esse comitê e também possui certificação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que avalia a segurança do larvicida no Brasil.  Ao contrário da relação entre o vírus Zika e a microcefalia, que já teve sua confirmação atestada em exames que apontaram a presença do vírus em amostras de sangue, tecidos e no líquido amniótico, a associação entre o uso de pyriproxifen e a microcefalia não possui nenhum embasamento cientifico. É importante destacar que algumas localidades que não utilizam o pyriproxifen também tiveram casos de microcefalia notificados. A Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS), como autoridade de saúde local, tem autonomia para utilizar o produto adquirido e distribuído pelo Ministério da Saúde ou desenvolver estratégias alternativas. Cabe ressaltar que o Ministério da Saúde somente recomenda a utilização de larvicidas em situações especiais, onde há necessidade de armazenamento de água e os depósitos não podem ser protegidos fisicamente.  É importante lembrar que para erradicar o Aedes aegypti e todos os seus possíveis criadouros, é necessária a adoção de uma rotina com medidas simples para eliminar recipientes que possam acumular água parada. Quinze minutos de vistoria são o suficiente para manter o ambiente limpo. Pratinhos com vasos de planta, lixeiras, baldes, ralos, calhas, garrafas, pneus e até brinquedos podem ser os vilões e servir de criadouros para as larvas do mosquito. Outras iniciativas de proteção individual também podem complementar a prevenção das doenças, como o uso de repelentes e inseticidas para o ambiente.”

Sendo assim, podemos afirmar que a história da relação da microcefalia com a o larvicida pyriproxyfen não se sustenta. Tudo surgiu de um relatório mal interpretado e virou uma teoria da conspiração cheia de desencontros. Por isso, preste atenção quando você for ler sobre o Zika vírus.