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TV portuguesa acerta ao denunciar falsas mortes por Covid-19 no Brasil para estados receberem verba federal #boato

TV portuguesa acerta ao denunciar falsas mortes por Covid-19 no Brasil para estados receberem verba federal, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – TV portuguesa revela que mortes por Covid-19 no Brasil são uma farsa e que estados se aproveitaram para receber verba federal, mostra vídeo. 

Enquanto a pandemia de Covid-19 recua no resto do mundo, o Brasil vive o seu pior momento com situações críticas em todas as regiões do país, recorde de mortes em 24 horas e leitos de terapia intensiva (UTI) lotados. A situação, que já é caótica, se agrava pela disseminação de boatos, que contestam a legitimidade dos dados e as medidas de distanciamento social adotadas no controle da pandemia.

O último deles aponta para um escândalo: os registros de mortes por Covid-19 no Brasil são uma farsa. Segundo a publicação, a revelação foi feita por uma emissora de televisão portuguesa. O texto afirma ainda que as mortes por outras doenças foram utilizadas para inflar os números e que os prefeitos e governadores se aproveitaram da informação para receber verba federal.

No vídeo, o repórter diz “é cada vez maior o número de mortes por Covid -19 que não correspondem à verdade. Na reportagem, o entrevista diz que no atestado de óbito consta “suspeita de Covid-19” e que, no hospital, foi informado que é protocolo da unidade colocar suspeita de Covid-19. O repórter afirma ainda que “por cada vítima mortal de Covid-19 os governos estaduais e câmaras municipais no Brasil recebem uma verba de emergência do governo federal”. Leia o que dizem as publicações que acompanham o vídeo (que não será exibido aqui):

Vídeo: é falso que assalto foi realizado com camiseta no retrovisor de carro

Versão 1: TV PORTUGUESA FURA MÍDIA BRASILEIRA E REVELA ALGUMAS VERDADES: TV PORTUGUESA REVELA O QUE A MÍDIA BRASILEIRA NÃO MOSTRA Versão 2: TV PORTUGUESA REVELA QUE  OS REGISTROS DE MORTES  POR COVID-19 NO  BRASIL SÃO UMA FARSA, USAM MORTES  POR  OUTRAS  DOENÇAS  PARA INFLAR  NÚMERO. Interessa muito que os números falsos aumentem para que prefeitos e governadores pratiquem extorsão do dinheiro do governo federal e depois ainda desviam, será que a TV portuguesa está inventando notícias falsas?

TV portuguesa acerta ao denunciar falsas mortes por Covid-19 no Brasil para estados receberem verba federal?

A TV portuguesa produziu e veiculou a matéria, isso é indiscutível, mas se você, assim como nós, acredita que ela está completamente equivocada, você está certíssimo. Isso porque há dois erros crassos na matéria.

O primeiro deles, que nós já explicamos aqui e aqui, é afirmar que o fato de a certidão de óbito ter o item “suspeita de Covid-19” pode inflar os dados. Acontece que quando um paciente se enquadra como um caso suspeito para infecção por coronavírus, mesmo que ela venha a óbito, o exame é coletado para a confirmação do diagnóstico, por isso há uma indicação de suspeita na certidão de óbito. Entretanto, o caso só entra nas estatísticas após a comprovação do diagnóstico. Logo, não é correto afirmar que óbitos por outras doenças estão sendo utilizadas para inflar as estatísticas da Covid-19.

Outro detalhe é que, essa informação na certidão de óbito de “suspeita de Covid-19”, também é importante para preservar a integridade física dos médicos, enfermeiros e demais profissionais das equipes de saúde dos Serviços de Verificação de Óbitos (SVOs) e Instituto Médico Legal (IML) durante as atividades de manejo de corpos e necropsias.

O TelessaúdeRS-UFRGS, núcleo de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, também explicou como é feita a investigação de Covid-19 após o óbito. Em caso de óbito, o médico deve notificar a equipe de vigilância em saúde, que prosseguirá com a investigação do caso a partir da coleta de material biológico ou, no caso de um resultado negativo, da necropsia minimamente invasiva ou punção pulmonar. Vale lembrar que, durante a investigação e discussão do caso, são considerados o quadro clínico e os resultados de exame laboratorial e de imagem do paciente.

Ou seja, as mortes por suspeitas também passam por testes e, caso seja confirmado ou refutado o diagnóstico, o atestado de óbito é alterado. Somente após esse processo, o dado é contabilizado nas estatísticas. Inclusive, em boletins epidemiológicos de muitos municípios os casos de mortes aparecem como suspeitos, como é o caso do boletim epidemiológico de São José dos Campos, São Paulo.

O segundo é que os estados e municípios brasileiros recebem “verba emergencial” por mortes por Covid-19 (que também foi desmentido pelo Boatos.org aqui e aqui). Primeiro, não existe qualquer regra de repasse orçamentário do Ministério da Saúde para os estados e municípios pelo número de óbitos por Covid-19, além disso, a própria pasta já desmentiu a informação.

Nessa matéria, o projeto Comprova também explica o caso. Na época, o vídeo de um médico fez sucesso na internet, ao dizer que o “nosso país continua fazendo esse alarde, aumentando o número de mortos, criando atestados médicos”. Segundo ele, as informações eram de uma reportagem da emissora. Pois bem, o Comprova classificou a informação como falsa e informou que a União disponibiliza verbas para que estados possam usá-las para o combate ao vírus, mas o valor não é definido de acordo com o número de mortes.

Por fim, a nível de curiosidade, saiba que o repórter também erra no vídeo ao citar o cemitério do Caju no Rio de Janeiro como o maior cemitério da América Latina. Porém, a informação não faz o menor sentido, já que o maior cemitério da América Latina é o de Vila Formosa, localizado em São Paulo.

Resumindo: a TV portuguesa fez a denúncia e estava errada ao afirmar que mortes eram infladas e que os municípios e estados brasileiros recebem verba com base no número de mortes por Covid-19. Ou seja, tudo #boato.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164. 

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