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Todos animais que receberam vacina mRNA em estudo morreram após reinfecção #boato

Todos animais que receberam vacina mRNA em estudo morreram após reinfecção, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – Vacina mRNA armazenada a -80 °C não é vacina e porque todos os animais que receberam em estudo morreram após reinfecção.

As fake news em torno da imunização contra a Covid-19 vêm se espalhando tão rápido quanto o próprio coronavírus. Ao mesmo tempo em que acompanhamos o avanço inédito da ciência na busca pela imunização, assistimos perplexos à falta confiança da população provocada pelo compartilhamento de notícias falsas.

A última que circula online aponta para a informação de que todos os animais que receberam a vacina mRNA em estudo morreram após reinfecção. A publicação afirma que, em uma entrevista, a Dra. Lee Merritt disse que mRNA não é vacina e que todos os animais que receberam em estudo morreram por várias causas após a reinfecção. Leia trechos da publicação:

Em Estudos Com Animais Injetados Com Vacinas MRNA, Todos Os Animais Morreram Após A Reinfecção. Na entrevista a seguir, a Dra. Lee Merritt explica que a tecnologia de mRNA não é uma vacina, confirmando o que o Dr. David Martin também declarou recentemente. Em estudos com animais, depois que injeções de mRNA foram administradas em gatos, quando o vírus voltou ao corpo, chegou como um cavalo de Tróia, sem ser detectado pelo próprio sistema imunológico dos gatos. O vírus se multiplicou sem contestação e todos os animais envolvidos no experimento morreram por várias causas.

Todos animais que receberam a vacina mRNA em estudo morreram após reinfecção?

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A informação deixou muita gente com pé atrás, mas vale lembrar que não era vacina de mRNA e nem todos os animais que participaram da experiência morreram.

Qualquer semelhança não é mera coincidência. O histórico recente de informações falsas sobre as vacinas, mais especificamente sobre vacinas mRNA, não deixa dúvidas de que esse é o primeiro indício de que trata-se de uma notícia falsa.

Com isso, resolvemos buscar pela fonte da informação. Surpreendentemente (ou não), a afirmação é sustentada por uma entrevista marcada por informações duvidosas, como mostra o site de fact checking Politifact. O site apontou diversas informações equivocadas e classificou a afirmação de Merritt como falsa.

O primeiro furo está na informação de que a vacina saiu para a distribuição antes de passar pela aprovação do FDA. Segundo a análise do Politifact, a afirmação de Merritt não corresponde ao cronograma de aprovação divulgado pelo FDA. Isso porque no dia 11 de dezembro de 2020, o FDA anunciou a aprovação da primeira vacina, fabricada pela Pfizer-BioNTech, e somente em 14 de dezembro de 2020 que as primeiras doses da vacina chegaram em Nebraska. A equipe do Politifact também entrou em contato com Merritt, mas não obteve retorno. O site também questionou o Departamento de Saúde e Serviços Humanos de Nebraska, que em resposta, informou que nenhuma remessa de vacina foi recebida antes da aprovação.

Na busca, outro fato também chamou atenção. O Reuters também checou o artigo citado pela Dra. Lee Merritt na entrevista. Pois bem, na verdade, a experiência não usou vacinas de mRNA ou resultou na morte de animais.

O artigo, intitulado “A imunização com vacinas contra o Coronavírus SARS leva à imunopatologia pulmonar no desafio com o vírus SARS, que pode ser acessado aqui e aqui, pesquisou ratos vacinados que mais tarde foram expostos a um vírus vivo da SARS. Mas os animais não morreram, como afirma a mensagem. Na verdade, os ratos imunizados produziram anticorpos fortes que protegem contra a infecção, segundo o prof. Chien-Te Tseng, responsável pelo estudo.

Acontece que, quando os animais foram expostos ao vírus vivo, desenvolveram eosinofilia (uma alta contagem de um tipo de glóbulos brancos), mas, apesar disso, os ratos sobreviveram à infecção e não apresentaram perda de peso ou outros sinais da doença.

Mais um detalhe: o texto também sugere que as informações coletadas no estudo são aplicáveis às vacinas de RNA, o que não faz o menor sentido, já que as vacinas utilizadas no experimento em 2012 e a tecnologia de mRNA usada na produção das vacinas contra a Covid-19 são completamentes diferentes. Ou seja, a pesquisa citada não era para o Sars-CoV-2, causador da Covid-19, e sim do Sars-CoV (causador da Sars).

Resumindo: não coloque muita fé em tudo o que ouviu na entrevista da Dra Lee Merritt e tampouco na informação de que todos os animais que receberam a vacina mRNA em estudo morreram após reinfecção. Isso porque no estudo não foram utilizadas vacinas de mRNA e nem todos os animais que participaram da experiência morreram. Ou seja, tudo não passa de um grande #boato.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164. 

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