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Saiu o randomizado da ivermectina que mostra até 90% de eficácia #boato

Saiu o randomizado da ivermectina que mostra até 90% de eficácia, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – Estudo randomizado da ivermectina mostra que substância é até 90% eficaz na profilaxia da Covid-19. 

O ano de 2020 já terminou há algum tempo, mas certas convicções do ano velho se arrastaram até 2021 causando confusão e ainda trazendo bastante trabalho para os serviços de fact-checking.

Dentre os exemplos, podemos citar o uso da ivermectina. Mesmo depois de diversos estudos científicos indicarem que a substância não é eficaz no combate à Covid-19, muitas pessoas seguem fazendo uso do medicamento para esse fim.

E de acordo com uma história que está circulando nas redes sociais, um estudo randomizado da ivermectina mostrou que a substância possui até 90% de eficácia na profilaxia contra a Covid-19, 80% de eficácia no tratamento precoce da doença e até 50% no tratamento tardio. Confira:

Vídeo: é falso que Ivermectina cure dengue, Covid e câncer

“Aos incrédulos Saiu o Randomizado da Ivermectina Pronto esta ai a eficácia e a comprovação cientifica https://ivmmeta.com/ PRA QUEM QUERIA “CIÊNCIA” ESTÁ AÍ 90% de eficácia na profilaxia 80% no tratamento precoce 50% no tratamento tardio”.

Saiu o randomizado da ivermectina que mostra até 90% de eficácia?

A informação, é claro, causou um verdadeiro burburinho nas redes sociais, em especial, no Facebook e no WhatsApp. Apesar disso, a história não tem nada de real.

Como já dissemos anteriormente, a ivermectina não possui eficácia comprovada contra a Covid-19 (nem em tratamentos precoces, muito menos em tratamentos tardios). Toda essa ilusão começou em abril de 2020, depois de um estudo australiano indicar certa eficácia da substância em testes in vitro (laboratório). Entretanto, o resultado não se repetiu em estudos in vivo (com pessoas).

Recentemente, a equipe do Boatos.org elaborou um texto explicando tin tin por tin tin a questão da ivermectina. Na matéria, é possível perceber que nenhum estudo sério indicou eficácia da substância em humanos. Se isso não bastasse, o uso indiscriminado da ivermectina pode levar ao desencadeamento de hepatites medicamentosas. Nos últimos meses, diversos casos da doença relacionados ao uso de ivermectina foram registrados por médicos no país.

Além disso, a farmacêutica Merck Sharp & Dohme (MSD), fabricante da ivermectina, emitiu um comunicado, no dia 4 de fevereiro de 2021, informando que a substância não possui eficácia científica contra a Covid-19. Na nota, a farmacêutica alegou que os dados disponíveis em estudos sobre a ivermectina não conseguem sustentar a segurança e a eficácia da substância para além das doses e indicações já recomendadas pela empresa.

Pois bem, se isso não fosse suficiente, ao acessar o site indicado na publicação, percebemos que se trata de uma página que reúne diversos estudos sobre a ivermectina, mas sem nenhum critério científico. De acordo com o serviço de fact-checking Aos Fatos, o site indicado na publicação, bem como outras páginas, acabam reunindo pesquisas com metodologias bem embasadas com estudos sem o menor rigor científico, pesquisas preliminares e estudos sem revisão por pares (outros cientistas, isto é, pesquisas que não passaram por avaliação de revistas científicas).

Em fevereiro de 2021, a equipe do Boatos.org chegou a desmentir uma história bastante parecida. Na oportunidade, toda a informação se baseava em um site similar, que não possuía rigor científico e também juntava estudos completos com pré-prints e pesquisas sem metodologias claras.

Por fim, a Sociedade Francesa de Farmacologia e Terapêutica também alertou que a maioria dos estudos publicados sobre a ivermectina são inconclusivos. De acordo com a instituição científica, grande parte são pré-prints (sem revisão por pares) ou com metodologias tão enviesadas que a interpretação dos resultados acaba sendo difícil e não permite tirar conclusões. Outras agências reguladoras, como a FDA, nos EUA, e a SAHPRA, na África do Sul, também já se posicionaram sobre a falta de dados científicos a respeito do uso da ivermectina na Covid-19, não recomendando seu uso para este fim.

Em resumo: a história que diz que um estudo randomizado da ivermectina mostrou que a substância possui até 90% de eficácia na profilaxia contra a Covid-19 é falsa! O estudo, na verdade, não se trata de uma pesquisa com rigor científico. Além disso, os estudos citados na publicação não podem ser levados em consideração, uma vez que muitos são pré-prints (isto é, não possuem revisão por pares) e outros sequer podem ser considerados estudos. Se isso não bastasse, muitas das “pesquisas” citadas possuem um número muito pequeno de participantes. Até o momento, não existem indícios de que a ivermectina possui eficácia contra a Covid-19 (informação reforçada pela fabricante do medicamento). Ou seja, a história não passa de balela.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164. 

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