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PEC de reforma do Congresso com 2,5 milhões de assinaturas é entregue por Cotrim Bolsonaro #boato

PEC de reforma do Congresso com 2,5 milhões de assinaturas é entregue por Cotrim Bolsonaro, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – Cotrim Bolsonaro entregou uma PEC de reforma do Congresso por 2,5 milhões de assinaturas. Proposta prevê redução de aposentadorias e fim de sessões secretas.

Desde que, em junho de 2013, milhões de pessoas foram às ruas em manifestações, um texto que seria de uma suposta proposta de iniciativa popular circula na internet. Estamos em 2020 e vamos falar de uma das versões, que cita uma pessoa que teria o nome de “Cotrim Bolsonaro”.

De acordo com a mensagem, o Cotrim Bolsonaro teria entregado a PEC com 2,5 milhões de assinaturas e a “cobra iria fumar”. No texto da proposta estariam previstos o fim de sessões secretas no Congresso e de aposentadorias especiais. Leia trechos da mensagem que circula online (e termina com aquele pedido de compartilhamento):

SE VC VOTOU NO BOLSONARO… LEIA A MSG ABAIXO. Cotrim Bolsonaro: POR ESSA O GOVERNO, NÃO ESPERAVA! PROJETO DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO DE INICIATIVA POPULAR ENTREGUE ONTEM AO CONGRESSO NACIONAL COM O NÚMERO RECORDE DE 2. 500. 000. 000 (DOIS MILHÕES E QUINHENTAS MIL ASSINATURAS!! MAIOR DO QUE O DA “FICHA LIMPA”! ) ORGULHOSAMENTE REPASSO. LUCIANA UCELLI

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A cobra vai fumar Em três dias, a maioria das pessoas no Brasil terá esta mensagem. Esta é uma idéia que realmente deve ser considerada e repassada para o Povo. Lei de Reforma do Congresso de 2013 (emenda à Constituição) PEC de iniciativa popular: Lei de Reforma do Congresso (proposta de emenda à Constituição Federal)

1 Fica abolida qualquer sessão secreta e não-pública para qualquer deliberação efetiva de qualquer uma das duas Casas do Congresso Nacional. Todas as suas sessões passam a ser abertas ao público e à imprensa escrita, radiofônica e televisiva. 2. O congressista será assalariado somente durante o mandato. Não haverá ‘aposentadoria por tempo de parlamentar’, mas contará o prazo de mandato exercido para agregar ao seu tempo de serviço junto ao INSS referente à sua profissão civil. […]

“A petição com os dois milhões e meio de assinaturas chegou ontem no congresso nacional.Se cada pessoa repassar esta mensagem para um mínimo de vinte pessoas, em três dias a maioria das pessoas no Brasil receberá esta mensagem. A hora para esta PEC – Proposta de Emenda Constitucional – é AGORA!

É ASSIM QUE VOCÊ PODE CONSERTAR O CONGRESSO Se você concorda com o exposto, REPASSE. Caso contrário, basta apagar e dormir sossegado. Por favor, mantenha esta mensagem CIRCULANDO para que possamos ajudar a reformar o Brasil. Não se acomode! Não adianta apenas reclamar!!! Não custa repassar!!! Apoiado!

PEC de reforma do Congresso com 2,5 milhões de assinaturas é entregue por Cotrim Bolsonaro?

É claro que, com um tanto de pedidos de compartilhamento, a história iria circular muito na internet. Mas será mesmo que o tal de Cotrim Bolsonaro entregou um PEC com 2,5 milhões de assinaturas? A resposta é não. Calma aí que a gente explica tudo para vocês.

Na realidade, essa história já circula na internet há muito tempo. Primeiramente, só o texto surgiu. Foi em 2018 que a versão “Cotrim Bolsonaro” apareceu. Como o que falamos na época vale para hoje, relembre o que foi escrito:

Primeiro, vamos falar do conteúdo (talvez você esteja aqui mais por causa disso do que do por causa do nosso amigo Cotrim). Ele não procede. Trata-se de uma fake news já desmentida pelo Boatos.org em duas oportunidades (aqui e aqui). Com a argumentação é igual, confira o que escrevemos e já voltamos a falar dos “Bolsonaros”.

Parece bem confuso, mas trocando em miúdos, o texto acima afirma que esta corrente é para apoiar uma proposta de mudança da Constituição Federal criada pelo povo. Apesar da pauta – a reforma do Congresso – ser extremamente necessária, o que as pessoas têm repassado é uma informação equivocada. Uma PEC (proposta de emenda à Constituição) nunca é uma iniciativa popular.

Confuso? Na verdade é bem simples. Para que haja qualquer mudança mínima na Constituição Brasileira é preciso que o Senado, a Câmara dos Deputados, o Presidente da República ou 1/3 das assembleias legislativas dos Estados sugiram uma PEC. E aí, só depois de um processo moroso, com análises em comissões do Congresso e votações de 1º e 2º turno é que se promulga (efetiva-se de vez) a mudança. Aqui vocês podem conferir o passo a passo do processo de uma PEC.

O fato é que a ideia da Lei de Reforma do Congresso ganhou muita força com as manifestações populares que tomaram as ruas do país em 2013. Essa ideia se espalhou pela web em forma de abaixo assinado para que se acelerasse a criação da PEC que fizesse essa reforma política. Porém, não se avançou muito no tema, por que dificilmente os membros do Congresso votarão uma reforma que os atinja assim, ‘na lata’. Pelo menos, quase ninguém mostra sinais disso.

De qualquer forma, o conteúdo dessa mensagem, que tão insistentemente querem que seja repassada, é só o texto da petição online que foi criada em 2013. Provavelmente, muitas pessoas entraram nessa corrente por desconhecimento sobre a burocracia brasileira.

Temos mais algumas coisas a adicionar sobre o texto. Para além de tudo que foi descrito acima, há, ainda, dados contraditórios (como o número de assinaturas que aparece como 2,5 bilhões por extenso e 2,5 milhões em numeral), errados (como dizer que uma PEC é um “Projeto de Emenda à Constituição” quando, na verdade, é um “Proposta de Emenda à Constituição) e o fato não ter nada no Congresso circulando nesse sentido (e mesmo se o pacotão fosse proposto, dificilmente iria para frente).

Dito isso, vamos ao nosso personagem. Uma vez que a PEC é inexistente, podemos eliminar a hipótese de que foi entregue ao Congresso (seja por Cotrim ou Jair Bolsonaro). A tal tese também não foi endossada pelo presidente eleito. Não há qualquer postagem dele sobre o assunto (e é provável que não teremos). Sobrou só o “Cotrim”.

Ao buscar qualquer pessoa com esse nome na internet, nada encontramos. Não existe Cotrim no “clã Bolsonaro”. O máximo que encontramos foi um candidato ao senado na Bahia com esse nome que declarou apoio a Bolsonaro nas eleições. Porém, é provável que ele não tenha dado um apoio tão grande ao ponto de “mudar o nome”.

Nos resta duas hipóteses plausíveis: 1) Uma pessoa chamada (ou com o sobrenome) Cotrim colocou o nickname do WhatsApp com Bolsonaro, compartilhou a mensagem, ela foi copiada e viralizou. 2) O nome foi inventado e “enxertado” na mensagem. De qualquer forma, é fake news.

Resumindo: seja em 2013, em 2018 ou em 2020, a história que aponta que um sujeito chamado Cotrim Bolsonaro entregou uma PEC com 2,5 milhões de assinaturas no Congresso é falsa. O tal texto é uma corrente que surgiu durante protestos políticos e nunca virou projeto de lei.

Atualização: no final do texto do boato há assinatura de uma mulher. Em e-mail enviado ao Boatos.org, ela (que é professora) esclareceu que nada tem a ver com a criação do texto ou mesmo endossa a desinformação contida no artigo. 

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99177-9164. 

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