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MST e PT destruíram 500 casas populares que seriam entregues em Santa Cruz do Capibaribe, Pernambuco #boato

MST e PT destruíram 500 casas populares que seriam entregues em Santa Cruz do Capibaribe, Pernambuco, diz boato (Foto: Reprodução/Twitter))

Boato – Bolsonaro iria entregar 500 casas populares para pessoas de baixa renda em Santa Cruz do Capibaribe (Pernambuco). Porém, o MST, o PT, o MTST e a esquerda chegaram antes e destruíram tudo.

Nós, do Boatos.org, lidamos com o combate à desinformação há mais de oito anos. Talvez seja por isso que, aos nossos olhos, algumas táticas utilizadas na disseminação de informações distorcidas são mais do que manjadas. E o que ocorre no caso de hoje é a criação de mais uma narrativa falsa em cima de um caso real.

De acordo com mensagens em redes sociais, o MST, o PT, o MTST e a esquerda destruíram 500 casas que seriam entregues para pessoas de baixa pelo presidente Jair Bolsonaro na cidade de Santa Cruz do Capibaribe (Pernambuco). A acusação é apoiada em um vídeo no qual um sujeito faz uma acusação frontal ao partido e ao movimento. Leia algumas das mensagens que circulam online:

Confira o desmentido em vídeo:

Versão 1: MST destruiu 500 casas populares construídas pelo Governo Bolsonaro no interior de Pernambuco e que seriam entregues à população de baixa renda. É mais que criminoso, é TERRORISMO o que esses movimentos mantidos e apoiados pelo PT fazem no Brasil. Versão 2: Está aí o que os funcionários do Boulos e Lula do MST fizeram nas casas que o Governo Federal entregaria ao povo de Santa Cruz do Capibaribe PE Versão 3: MST destrói casas que o presidente @jairbolsonaro iria entregar agora no mês de Novembro em Santa Cruz do Capibaribe – PE E tem gente que apóia umas desgr@ça dessas. Cara de bravo

Vídeo: é falso que prédio da Chrysler colocou mensagem de Lula na cadeia

Versão 4: Veja o que os MARGINAIS DO PT, MST, MTST fez com as casas que @jairbolsonaro iria entregar aos pobres de Santa Cruz do Capibaribe Agora em novembro. QUEIMARAM,ROUBARAM, DEPEDRARAM . TERRORISTAS IMUNDOS , É PRECISO IDENTIFICAR ESSES VÂNDALOSCara de bravoVomitando ISSO FOI EM PERNAMBUCO. RT Seta de círculo aberto para a direita e para a esquerda no sentido horárioDedo indicador apontando para baixo (costas da mão) Versão 5: URGENTE: PT, MST e MTST destroem casas que seriam entregues pelo governo federal aos pobres de Santa Cruz do Capibaribe/PE, agora em novembro. Onde estão as leis e a justiça deste país, @policiafederal?

MST e PT destruíram 500 casas populares que seriam entregues em Santa Cruz do Capibaribe, Pernambuco?

Não demorou muito para a mensagem se espalhar com toda a força em redes sociais e gerar um movimento entre simpatizantes de Bolsonaro. Porém, não é verdade que o MST, o PT e o MTST destruíram as casas e também não é verdade que o projeto era uma iniciativa de Bolsonaro.

Antes de começar a análise direta sobre o ocorrido, precisamos falar de alguns detalhes da própria mensagem. Além de ter características de boatos online como o caráter vago, alarmista (muito, por sinal), erros de português e a falta de citação de fontes confiáveis, a mensagem não apresenta qualquer prova de que o MST, o PT ou o MTST tenham organizado a tal “quebradeira”.

Vale apontar que não é de hoje que informações falsas sobre “atos de vandalismo” atribuídos ao movimentos como o MTS, o PT ou o MTST circulam na internet. Já desmentimos, por exemplo, informações falsas sobre o MST ter derrubado torres de transmissão no Amapá, ter destruído fábrica de vacinas, ter destruído fardos de algodão em Primavera do Leste ou ter invadido Brumadinho para roubar. Desmentimos, também (só para mudar o exemplo), uma notícia falsa sobre um “integrante do MTST” destruindo florestas na Amazônia.

O briefing já nos fez ficar desconfiados. As desconfianças viram certeza quando buscamos mais detalhes sobre a história. As únicas fontes que acusam os movimentos em questão são ligadas a grupos políticos ou de mídia claramente “simpática” ao presidente Jair Bolsonaro. Ou seja: não dá para dizer que a fonte é, por assim dizer, isenta. Não há nada em fontes oficiais ou mesmo na mídia local. Na realidade, a mídia local, inclusive, descreve os acontecimentos de forma diferente.

Para começar, não é “Bolsonaro” teve a iniciativa de construção das 500 casas em questão. Ao buscar informações sobre o conjunto habitacional em questão, descobrimos que se trata do Residencial Cruzeiro e que ele estava, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida e tiveram o cadastro aberto em 2018 (quando Bolsonaro sequer era presidente). Ou seja: falar que o presidente é “o pai da crianças” já é um exagero.

Vale apontar que, no Minha Casa, Minha Vida (ao contrário do que a mensagem pode transparecer), as habitações não são “doadas” para as pessoas. Tratam-se de moradias com preços populares e condições de pagamento mais, de acordo com a própria Caixa Econômica Federal, acessíveis. Ou seja: não é favor para ninguém.

Como falamos anteriormente, as inscrições abriram em 2018 e se arrastaram, após diversos adiamentos, até 2021. O último dos adiamentos do prazo de entrega ocorreu em agosto deste ano. De acordo com a prefeitura da cidade, as obras estariam 91% concluídas, mas seriam entregues apenas em novembro.

O anúncio suscitou um movimento de ocupação das moradias também em agosto. Esta notícia da mídia local aponta que, por meio de um grupo no WhatsApp, moradores da própria cidade se organizaram para ocupar o local e que algumas das pessoas tiveram os nomes retirados da lista de contemplados. Detalhe: os próprios manifestantes apontaram que não havia liderança ou qualquer movimento organizado por trás da ação.

Em um vídeo gravado no início de novembro por um grupo local, é possível ver relatos de pessoas que participaram da ocupação. Além de confirmarem que não há qualquer movimento como o MST ou o MTST por trás da ocupação, há relatos de que se tratam de pessoas contempladas no programa em questão.

Após a ocupação das casas, a Caixa entrou na Justiça com um pedido de reintegração de posse. Em setembro, a 24ª Vara Federal da Justiça Federal de Pernambuco determinou a reintegração de posse. No dia 6 de outubro, a Polícia Federal deu um prazo de cinco dias para a desocupação de imóveis. Foi a partir daí que a mídia local apontou para depredação dos imóveis.

Contada toda a história, vamos resumir o que ocorreu. 1) Em 2018, inscrições foram abertas para moradias populares em Santa Cruz do Capibaribe. 2) Em agosto de 2021, a prefeitura apontou que as obras seriam entreguem em novembro. 3) Pessoas contempladas pelo programa (sem a participação do MST, PT ou MTST) resolveram ocupar as casas à revelia em agosto de 2021. 4) Em setembro, a Caixa ganhou o direito à reintegração de posse na Justiça. 5) Em outubro, a PF deu prazo para desocupação do local. 6) Algumas casas acabaram sendo furtadas e depredadas (não se sabe se por moradores de direito ou por pessoas que se aproveitaram da situação).

Tudo isso derruba a narrativa principal de que movimentos políticos como o MST, MTST ou mesmo o PT são os responsáveis pela destruição das casas populares só para “prejudicar Bolsonaro”. Primeiro, porque não há participação dos movimentos nas ocupações. Segundo, porque, até o momento, não há confirmação de quem vandalizou e furtou as casas.

Resumindo: ao contrário da narrativa que circula por aí, é falso que o MST, PT e MTST destruíram casas que Bolsonaro ia dar para o povo em Santa Cruz do Capibaribe. Houve depredação das casas, mas a história que está circulando em redes sociais está distorcida e enviesada.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.

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