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Vídeo da TV italiana RAI de 2015 prova que o coronavírus (Covid-19) foi criado em laboratório na China #boato

Vídeo da TV italiana RAI de 2015 prova que o coronavírus (Covid-19) foi criado em laboratório, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – TV italiana RAI mostrou, em 2015, durante reportagem no programa TGR Leonardo, que o novo coronavírus, responsável pela Covid-19, foi criado por chineses em laboratório.

O novo coronavírus, chamado de SARS-CoV-2, foi descoberto no dia 31 de dezembro de 2019, em Wuhan, na China, após alguns chineses se infectarem e apresentarem problemas respiratórios. Até o momento, pouca coisa se sabe sobre o novo vírus. Em contrapartida, as pesquisas que estudam o SARS-CoV-2 e a doença causada pelo vírus, chamada de Covid-19, estão a todo vapor. Com isso, muitas dúvidas já estão sendo esclarecidas.

Apesar disso, muitas fake news sobre a origem novo coronavírus continuam a circular nas redes sociais. Nos últimos dias, um vídeo viralizou na internet. As imagens mostrariam uma reportagem exibida pela RAI (mais exatamente no programa TGR Leonardo), a TV pública italiana, que apontaria que os chineses criaram o novo coronavírus em laboratório, no ano de 2015. Confira:

Mensagem: “Em novembro de 2015 a televisão Italiana apresentou uma matéria que denunciava cientistas chineses que haviam desenvolvido um super virus capaz de desencadear pneumonia aguda em seres humanos. “Terceira Guerra Mundial – A Guerra Biológica é mais barata e rápida que uma Guerra Normal Vamos fazer uma análise maluca, mas com possibilidades de acontecer. Eu me chamo China, fiquei por anos trabalhando muito duro e acumulando riquezas Eu tenho um fornecedor chamado Brasil, o qual tem terras mais férteis que a minha e produz alimentos, minérios e outras comodities que eu preciso comprar. Eu tenho um rival, chamado EUA, o qual tem uma potencia militar muito maior que a minha, pretende colocar sanções ao meu comercio e me ameaça no ranking mundial. Lanço um vírus, me preparo primeiro (já estou a anos acumulando riquezas para esse golpe), infecto uma pequena região, isolo, trato e perco 0,01% da minha população (perda muito menor do que em uma guerra tradicional e um custo muito menor) Nesse meu vírus, preservo a população mais jovem que futuramente será escravizada e elimino a população idosa, que detêm o conhecimento, riquezas e lideram muitos governos e empresas mundiais. Paro minhas fábricas e produção, gerando um caos na economia mundial e digo que esse é o exemplo certo e ser feito. Espalho o vírus no mundo, todo o mundo, desesperado, começa o pânico, governos gastando recursos, exércitos voltados a área de saúde, desemprego, fome, perdas astronômicas nas maiores empresas do mundo, enfraqueço toda a economia mundial Todo o mundo para, nesse momento, nosso território começa a produzir, gerar riqueza novamente”.

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Legenda no texto: “Cientistas chineses criam um supervírus pulmonar a partir de morcegos e ratos. Serve apenas para finalidades de estudo. Mas há muitos protestos. Vale a pena arriscar? É apenas uma experiência, certo? Mas está preocupando. Está preocupando muitos cientistas. Um grupo de cientistas e pesquisadores chineses enxertou uma proteína, obtida de morcegos sobre um vírus da SARS, a pneumonia aguda, obtido a partir de ratos. O resultado é um supervírus, que poderia atingir o homem. O vírus está trancado nos laboratórios. É óbvio. Serve apenas para finalidades de estudo. Mas vale a pena correr o risco? Criar uma ameaça tão grande, somente para poder examiná-la? Fala Maurício Menicucci. É tão antigo quanto a ciência o debate sobre os riscos da pesquisa. No fundo, é o mito de Ícaro que caiu por ter-se aproximado do Sol com suas asas de cera projetadas pelo seu pai Dédalo. O mito agora é relançado pela China, onde um grupo de estudiosos conseguiu desenvolver uma quimera. Um organismo modificado, inserindo a proteína superficial de um coronavírus encontrado nos morcegos de uma espécie bastante comum até nos ferros dos cavalos sobre um vírus que provoca a SARS, a pneumonia aguda, ainda que de forma não mortal, nos ratos. Suspeitava-se que a proteína pudesse produzir o híbrido capaz de atingir o homem e a experiência o confirmou. É exatamente esta molécula, conhecida como SH CO14 que permite ao coronavírus aderir às nossas células respiratórias e desencadear a síndrome. Segundo os pesquisadores, além disso, o organismo, o original e, com maior razão, o que é resultado de engenharia, pode contaminar o homem diretamente a partir dos morcêgos, sem passar por uma espécie intermediária, como o rato. E é exatamente esta possibilidade que está levantando muita polêmica. Faz um ano que o governo americano havia suspendido os financiamentos às pesquisas que tinham por objetivo tornar os vírus mais contagiosos. Mas a moratória não havia detido o trabalho dos chineses sobre a SARS, que estava já em estágio avançado e supunha-se que não fosse tão perigoso. Segundo uma parte do mundo científico, de fato, não seria tão perigoso. A probabilidade que o vírus passasse à nossa espécie seria irrelevante diante do benefício. Um raciocínio que muitos outros especialistas condenam. Primeiro, porque  a relação risco-benefício é difícil de estimar, e também porque, especialmente nestes tempos, seria mais prudente não colocar em circulação organismos que podem escapar”.

Vídeo da TV italiana RAI de 2015 provou que o coronavírus (Covid-19) foi criado em laboratório?

A informação viralizou nas redes sociais e fomentou ainda mais a teoria de que a Covid-19 seria uma conspiração da China. Mas será que essa história de que a TV italiana RAI mostrou, em 2015, que pesquisadores chineses criaram o novo coronavírus em laboratório é real? A resposta é não!

Vamos aos detalhes! O texto que aparece na publicação causa desconfiança. Isto porque ele apresenta diversas características de boatos online: é vago, alarmista, possui erros de português e não cita fontes confiáveis.

Além disso, infelizmente, diversas histórias que reforçam teorias da conspiração contra a China começaram a bombar nas redes sociais. A equipe do Boatos.org já desmentiu várias delas, como a que dizia que a China teria comprado 30% de empresas do ocidente na operação Xeque-mate do coronavírus. Também a que indicava que a China teria criado o novo coronavírus para ganhar a 3ª Guerra Mundial e, por fim, a que apontava que os chineses estariam cuspindo em elevadores e locais públicos para espalhar o coronavírus.

O TGR Leonardo, programa da RAI que aparece no vídeo, de fato, existiu. Porém, ele não prova nada contra a China. Antes de chegar ao Brasil, essa história se espalhou por muitos lugares e, naturalmente, um deles foi a Itália.

Por lá, o site Corriere della Sera desmentiu a informação. De acordo com a página, a reportagem da RAI de 2015 foi feita com base em uma matéria da revista Nature, uma publicação interdisciplinar britânica de bastante destaque.

O diretor do jornal RAI, Alessandro Casarin, ressaltou que a reportagem exibida no dia 16 de novembro de 2015 foi, de fato, retirada de uma publicação da revista Nature. Porém, ele afirmou que apenas alguns dias atrás a revista esclareceu que o vírus mencionado no estudo não tem relação alguma com o vírus natural que causa a Covid-19.

Na própria revista Nature há uma nota dos editores na publicação original sobre o estudo do vírus em laboratório. A observação foi acrescentada em março de 2020 e explica que o vírus citado na reportagem não tem nada a ver com o novo coronavírus (SARS-CoV-2). Além disso, a nota também informa estar ciente que o estudo está sendo usado, indevidamente, como uma forma de embasar teorias da conspiração. Leia a tradução da nota:

Nota dos editores, março de 2020: estamos cientes de que esta história está sendo usada como base para teorias não verificadas de que o novo coronavírus, causador do COVID-19, tenha sido projetado. Não há evidências de que isso seja verdade; os cientistas acreditam que um animal é a fonte mais provável do coronavírus.

Pois bem, como se isso não bastasse, os pesquisadores engajados em entender como o novo coronavírus conseguiu infectar um humano já assinalaram que o SARS-CoV-2 é natural, ou seja, não foi produzido em laboratório. O estudo foi desenvolvido por pesquisadores do Reino Unido, Austrália e Estados Unidos e publicado própria na revista Nature Medicine. De acordo com as evidências encontradas pelos cientistas, a teoria mais aceita até o momento é que o SARS-CoV-2 tenha vindo da natureza.

Vale ressaltar também que o vírus citado pela reportagem da TV italiana RAI e pela publicação da revista Nature não é o novo coronavírus. Como falamos antes, a pesquisa intitulada “Um cluster semelhante à SARS de coronavírus circulantes em morcegos mostra potencial para emergência humana” foi publicada na revista Nature Medicine no dia 9 de novembro de 2015. Também é importante afirmar que o estudo é uma contribuição entre pesquisadores de instituições dos Estados Unidos, da China e da Suíça e não “só da China”.

No artigo, os cientistas destacam que a pesquisa foi conduzida após o grande número de casos de doenças relacionadas com a população animal começarem a se multiplicar no mundo todo. De acordo com eles, um estudo metagenômico teria apontado que vírus potencialmente perigosos a humanos estariam circulando entre populações de morcegos chineses. Para examinar o potencial de infecção em humanos, os pesquisadores resolveram criar um desses vírus em laboratório, visando entender como o vírus poderia agir nas células humanas.

Nesse processo de construção, os cientistas usaram uma proteína do vírus SHC014 (o organismo a ser estudado) e a aplicaram na espinha dorsal de um vírus SARS-CoV. Ou seja, apesar do vírus SHC014 fazer parte do grupo coronavírus, a cepa utilizada no estudo não é a mesma que causa o novo coronavírus. Além disso, um estudo publicado na revista Micróbios e infecções emergentes, no dia 26 de fevereiro de 2020, coloca um ponto final na discussão. De acordo com a pesquisa, o vírus produzido no laboratório (SHC014) tem uma “divergência significativa na sequência genética” quando comparado ao novo coronavírus (SARS-CoV-2). O SHC014 possui mais de 5.000 nucleotídeos diferentes do SARS-CoV-2.

Em resumo: a história que diz que o novo coronavírus foi criado em laboratório por chineses e a prova seria uma reportagem exibida pela TV italiana RAI, em 2015, é falsa! Além da história já ter sido desmentida em outros países, é importante ressaltar que o coronavírus citado no estudo é de uma cepa diferente do novo coronavírus. Ou seja, apesar do estudo realmente ter fabricado um coronavírus em laboratório, ele não tem nada a ver com o novo coronavírus. Logo, essa história não passa de boato! Até a próxima.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99177-9164. 

Confira a lista de todas as fake news sobre o novo coronavírus

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