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Carta aberta dos empresários de Ribeirão Preto (SP) fala em descumprimento de decreto #boato

Carta aberta dos empresários de Ribeirão Preto (SP) prega descumprimento de decreto, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – Em carta aberta, empresários de Ribeirão Preto (SP) apontaram que a partir do dia 17 de março não irão cumprir decretos que determinem fechamento do comércio e pedem tratamento precoce.

A cada dia que passa, a situação da Covid-19 se torna mais dramática. Com quase 2 mil mortes por dia e tendência de alta em casos e óbitos, estados e municípios estão adotando medidas cada vez mais restritivas para frear a disseminação do novo coronavírus.

Mesmo com todo esse cenário, ainda tem gente que insiste que “não adianta fechar tudo”. É o caso das pessoas que estão compartilhando uma suposta “carta aberta” de empresários de Ribeirão Preto (SP). Na mensagem, há um aviso de que, a partir do dia 17 de março, não irão cumprir qualquer decreto de restrições de comércio.

No texto, ainda é defendido o aumento de leitos de UTI e é citado o famigerado “tratamento precoce”. No final, os “empresários” ainda falam em “legítima defesa” e há um pedido de compartilhamento no texto. Leia a mensagem que circula online:

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CARTA ABERTA DOS EMPRESÁRIOS DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO Ao Sr. governador João Dória, prefeito Municipal ANTÔNIO DUARTE NOGUEIRA JÚNIOR , Vereadores, Comitê de Contingência ao Coronavírus e ao povo Ribeirãopretano. Informarmos que a partir do dia 17 de março de 2021, não aceitaremos e muito menos seguiremos qualquer decreto que impeça qualquer pessoa no Município de Ribeirão Preto de exercer seu Direito Constitucional da Livre Iniciativa (Art. 1o, IV, CF e Art. 170, CF).

Qualquer novo decreto que impeça o trabalho irá comprometer outro Direito Constitucional, o da Dignidade da Pessoa Humana (Art. 1o, III, CF) seja para Empresários, Colaboradores, Funcionários Públicos, Aposentados e outros, pois, além de inviabilizar a continuidade de atividades, demissão em massa, quem tem seus proventos sofrerá com enorme redução em virtude da inflação no preço dos produtos. Pedimos que o Sr. Prefeito, Vereadores e Comitê de Contingência que esqueçam a política e adotem o tratamento precoce, transparência da vacinação e verbas, façam investimentos na área da saúde, aumento de leitos, insumos, estoque de medicamentos, EPIs, dentre outros que garantam atendimento médico a todos, bem como a fiscalização contínua de festas clandestinas, churrascos e aglomerações. Reiteramos que Distanciamento Social não é sinônimo de Proibição do Trabalho e Fechamento de Atividades, tendo em vista que 90% do comércio e serviços do Município não possuem aglomerações, devido a crise financeira.

Dentro das lojas do centro, shoppings ou bairros, são raras as que possuem vários compradores simultâneos e as que possuem, devem controlar os acessos. Por fim, reiteramos ao Sr. Prefeito que não iremos seguir qualquer decreto que impeça o trabalho a partir do dia 17 do mês de março de 2021 e pede que não sejam editados decretos neste sentido, pois a abertura não será uma opção do Sr. Prefeito, mas do povo Ribeirãopretano contra os decretos e a fiscalização, ante a situação, iremos praticar a legítima defesa (Art. 25 do Código Penal), pois estaremos defendendo nossas famílias, nossos amigos, nossos colaboradores, todo cidadão Ribeirãopretano e nosso patrimônio.

Pedimos diálogo, honestidade, bom senso e que afastem-se do espectro político, permitindo o povo trabalhar, para que evitemos enfrentamentos desnecessários que possam causar danos, quaisquer que sejam entre quem precisa trabalhar e agente da administração pública, seja na legislação, ou fiscalização. Queremos a paz, saúde e acima de tudo, que todos sejam livres. Atenciosamente, Empresários de RIBEIRÃO PRETO . Divulga nos seus contatos, vamos fazer rodar o Brasil, pode ser o começo de um grande levante, temos que ter a dignidade de levar nosso sustento para nossa família e isso só se faz com trabalho

Carta aberta dos empresários de Ribeirão Preto fala em descumprimento de lockdown?

Por mais absurda que seja a mensagem, teve muita gente que a compartilhou e demonstrou o “apoio” à tal inciativa. Só que, ao contrário do que aponta a mensagem, ela não é uma iniciativa dos “empresários de Ribeirão Preto (SP)”.

A mensagem por si só já levanta suspeitas. Além das características “tradicionais” de boatos (vaga, alarmista, com erros de português, pedido de compartilhamento e falta de fontes confiáveis), ela tem um teor extremista que não condiz com associações de empresários (parece mais fala de extremista de investigado pelo STF) e também está repleta de informações erradas.

Além de pregar a desobediência civil (quem for atrás da história pode até querer descumprir o decreto, mas será multado e terá o comércio fechado), apela para argumentos não válidos para “defender o comércio aberto”. Vamos repetir: 2 mil pessoas estão morrendo por dia e a situação é de emergência! Para diminuir a disseminação do vírus, é preciso fechar o comércio não-essencial (que impacta na circulação de pessoas e no transporte público). Há, sim, prerrogativas para que sejam tomadas essas medidas.

Ao buscar pela mensagem, encontramos diversas mensagens atribuídas a empresários de “outras cidades”. Vimos a mesma “carta dos empresários” circulando como se fosse de Paracatu (MG), Uberaba (MG), Manhuaçu (MG), Santos (SP), Limeira (SP), Santa Bárbara d’Oeste (SP), entre outras. Ou seja: é uma carta genérica que está sendo atribuída a torto e a direito Brasil afora (alguém duvida que logo teremos que desmentir uma mesma versão da história envolvendo outra cidade?).

Para bater o martelo, procuramos pela Acirp (Associação Comercial de Ribeirão Preto). No site oficial da entidade, há um alerta de fake news. Em nota, a associação negou que empresários da cidade estejam se organizando para descumprir decretos de fechamento do comércio. Leia a nota:

Em virtude de questionamentos feitos à Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP) sobre uma carta aberta de empresários do município que está circulando nas redes sociais (grupos de WhatsApp), a entidade esclarece que não tem relação alguma com o documento e repudia a disseminação de notícias falsas que, além de não informarem, deturpam a ordem neste momento tão preocupante que vivemos.

Os associados e todos que acompanham o trabalho da ACIRP sabem da nossa preocupação e zelo em trabalharmos com informação de procedência e qualidade. Defendemos a categoria que representamos por meio dos devidos instrumentos jurídicos, técnicos e políticos, sempre pautados pela veracidade, pela ética e com responsabilidade.

Ressaltamos ainda a importância do papel de cada um de nós, como cidadãos, de checar as informações recebidas por redes sociais e grupos de mensagens e se atentar para informações sem procedência antes de compartilhar. A disseminação de informação falsa é um desserviço para a sociedade.

A carta em questão não tem autoria ou uma lista de assinaturas e entidades que avalize as informações. Em uma busca rápida na internet é possível verificar que a publicação está circulando em todo o País pelas redes sociais para que cada cidade adapte com os seus dados.

A ACIRP, por meio de seu departamento jurídico, tem acompanhado as decisões judiciais e entende que pela atual jurisprudência não cabe questionamentos sobre as medidas de combate à pandemia adotadas pelo estado e pelo município neste momento mais grave da pandemia. O mundo todo está vivendo uma calamidade e restrições de circulação são realidades em muitos países. Não seria diferente no Brasil.

Resumindo: a história que aponta que “empresários de Ribeirão Preto” escreveram uma carta apontando que vão descumprir o decreto de fechamento do comércio a partir do dia 17 de março é falsa. Além de a mensagem (que é um amontado de idiotices) estar circulando com “outras autorias”, a própria Associação de Empresários de Ribeirão Preto desmentiu a informação.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164. 

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