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Brasileiro descobre a cura do câncer e é preso, afirma boato

Boato – Depois de descobrir substância que cura o câncer, cientista brasileiro foi preso por distribuí-la gratuitamente à população.

Infelizmente o mundo é um lugar cheio de problemas. Otimismos à parte, temos que lidar com violência, intolerância, pobreza, fome e claro, doenças. Por mais avançada que a tecnologia seja e por mais longe que a Ciência chegue ainda não temos a fórmula perfeita que nos livra de qualquer enfermidade.

Segundo boato, pesquisador aposentado descobriu substância que cura o câncer
Segundo boato, pesquisador aposentado descobriu substância que cura o câncer

Ou temos? Nos últimos dias, uma história sobre o câncer que tem se espalhado na internet anunciou a descoberta da cura para essa doença. Segundo a notícia compartilhada na web, um cientista brasileiro descobriu a cura para o câncer e foi preso após distribuir o medicamento gratuitamente à população.

Confira o trecho:

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‘BRASILEIRO DESCOBRE CURA DO CANCER E É PRESO APÓS DAR DE GRAÇA MEDICAMENTOS PARA PORTADORES DA DOENÇA

Um professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) conseguiu desenvolver uma substância que pode curar o câncer.

Gilberto Orivaldo Chierice coordenou por mais de 20 anos os estudos com a fosfoetanolamina sintética, que imita uma substância presente no organismo e sinaliza células cancerosas para a remoção pelo sistema imunológico. “A fosfoamina está aí, à disposição, para quem quiser curar câncer”, disse o especialista.

Uma portaria da universidade proibiu a distribuição até o registro junto à Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) e pacientes que tinham conhecimento dos estudos entraram na Justiça para obter as cápsulas. Procurada a Anvisa disse que não identificou um processo formal para a avaliação do produtos em seus registros e que não houve por parte da instituição de pesquisa nenhuma iniciativa ou atitude prática no sentido de transformar o produtos em medicamento.

[…]

Mas, de acordo com Chierice, a substância, também conhecida como fosfoamina, não chegou ao mercado por “má vontade” das autoridades. Ele disse que procurou a Anvisa quatro vezes e foi informado que faltavam dados clínicos.

[…]                                 

O professor aposentado explicou que, com a ingestão das cápsulas, as células cancerosas são mortas e o tumor desaparece entre seis e oito meses de tratamento. “Mas é evidente que um caso é diferente do outro”, afirmou, reforçando que o período pode variar de acordo com cada sistema imunológico.

Baseado em informações como as descritas acima, o seguinte vídeo foi postado no Facebook:

Com a legenda: ‘REVOLTANTE!!! Pesquisador brasileiro descobre uma possível cura para o câncer É É PRESO PELO ESTADO!!!! Se você defende a regulação estatal na saúde, é ISSO que você está defendendo! COMPARTILHE!’, o vídeo já rendeu mais de 7 mil compartilhamentos.

Acontece que as coisas não aconteceram exatamente dessa forma. Entre informações certas e mal explicadas, de verdadeiro sabemos que o professor Chierice realmente coordenou uma pesquisa sobre a fosfoamina e que chegou a resultados positivos sobre a ação dela em células cancerosas.

Em entrevista ao G1, o cientista apresentou muitos ‘achismos’, o que não combina nada com ciência. Em um artigo publicado em uma revista científica, a Anticancer Research, o resultado apontou o seguinte: “Este estudo sugere que a fosfoetanolamina sintética é um potencial remédio anticâncer”. Convenhamos que ‘potencial remédio’ é bem diferente de ‘cura’.

Depois da polêmica dessa história, a Fundação Oswaldo Cruz emitiu um texto de esclarecimento sobre a utilização da fosfoetanolamina para o tratamento do câncer. Segundo a fundação ainda faltam inúmeros estudos para estabelecer sua eficácia.

Outra informação equivocada, o cientista da USP que encabeçou a pesquisa não foi preso. Deixemos claro que a pessoa presa por distribuir o medicamento à população foi Carlos Kennedy Witthoeft. De Santa Catarina, Carlos tomou conhecimento sobre a fosfoamina durante o tratamento da mãe e depois disso, em contato com os pesquisadores, conseguiu a formulação do remédio. Por causa da distribuição sem permissão foi acusado de falsificação de medicamentos e preso. Agora, Carlos aguarda julgamento em liberdade.

Por fim, dois esclarecimentos bem importantes. Primeiro, câncer não é como AIDS, por exemplo, uma doença específica que demanda uma cura específica. São inúmeros os tipos de câncer e é difícil pensar em uma cura capaz de liquidar diferentes tumores.

Segundo, é ilógico pensar que a cura ainda não está disponível por causa da máfia farmacêutica. Economicamente falando, em um mundo que prevê 22 milhões de pessoas com câncer nas próximas duas décadas, imaginem quanto de dinheiro esses seres do mal ganhariam com um remédio efetivo? Quanto as pessoas não pagariam para se tratar dessa doença tão agressiva?

Conclusão: nem tudo que reluz é ouro e nem todo resultado positivo é cura.