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Pesquisa do Ipea traz informação errada sobre estupro e roupas curtas

Pesquisa do Ipea sobre violência sobre mulher está errada
Pesquisa do Ipea sobre violência sobre mulher está errada

Boato – De acordo com pesquisa do Ipea, 65% dos brasileiros concordam que mulheres que usam roupas curtas merecem ser estupradas.

Em toda a história do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), nunca uma pesquisa foi tão difundida como a apresentada no dia 27 de março de 2014. Na pesquisa que tratava sobre dados relacionados à violência contra mulher, um dado chamava atenção: 65% dos entrevistados afirmavam que toda mulher que usa roupas curtas deveria ser estuprada.

A repercussão dos resultados da pesquisa foram imensas. Todos os principais grupos de mídia do Brasil fizeram conteúdos relacionados à pesquisa. Na internet, o UOL, O G1, o Terra e outros.

Entre tudo que saiu na mídia, até o autor deste blog que você está lendo fez uma nota sobre o assunto para o Portal EBC. Leia um trecho do texto: 

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Nesta quinta-feira (27), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou uma pesquisa realizada em junho de 2013 sobre a tolerância social da população à violência contra as mulheres no Brasil. O estudo apontou que, apesar da diminuição da tolerância à violência doméstica, os entrevistados ainda acreditam que as mulheres podem ter parcela de culpa em casos de violência sexual.

Na pesquisa, 65,1% das pessoas acreditam que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Ao todo, 68,5% dos entrevistados também acreditam que “se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”.

Além da repercussão da mídia, o tema também fez com que várias campanhas aparecessem na internet. Uma delas foi a divulgação da hashtag #eunaomerecoserestuprada. Uma grande polêmica também apareceu com a criadora da hashtag, a jornalista Nana Queiroz. Internautas a ameaçaram de estupro após mostrar fotos com poucas roupas.

O grande problema é que, uma semana após a divulgação da pesquisa, o próprio IPEA se pronunciou dizendo que a pesquisa tem um erro de metodologia. Na realidade, os 65% seriam 26% de pessoas que acreditam que mulheres de roupas curtas merecem ser estupradas.

Claro que a mídia já está caindo em peso em cima do assunto. O Estadão, por exemplo, citou em sua matéria que o diretor responsável pela área de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Rafael Guerreiro Osório, segundo a nota, pediu sua exoneração assim que o erro foi detectado.

Também há outro detalhe: outros resultados absurdos como, por exemplo, o número de 58% de pessoas que acreditam que se mulheres se comportassem mais, haveria menos estupros, estão corretos.

Concluindo: apesar de 26% ainda ser um número muito grande de pessoas que acreditam que mulher de roupa curta merece ser estuprada, a realidade é que a pesquisa perdeu toda a credibilidade. E só para fixar bem, o número de 65% citado anteriormente está errado.