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O melhor do Boatos.org em 2016, por Edgard Matsuki

Editor do Boatos.org escolhe quais foram os boatos que mais gostou de desmentir em 2016, ano em que boato virou pós-verdade e a verdade virou pó.

Olá meus caros. Mais um ano se vai e nós estamos aqui novamente. Como é tradição, vou escolher quais foram os boatos que mais gostei de desmentir neste ano. Em um ano no qual o boato ganhou a pomposa alcunha de “pós-verdade” (que se aplica em alguns casos) e já não sabemos onde está a verdade neste mundão, tentamos organizar um pouco as coisas para vocês.

O melhor de 2016 no Boatos.org,por Edgard Matsuki
O melhor de 2016 no Boatos.org,por Edgard Matsuki

Escolher apenas cinco textos é quase uma crueldade. Como editor do site, admito que desmascarar uma farsa e expô-la na internet é, sim, uma delícia. Afinal, quem não gosta de que a justiça seja feita. Sem mais blábláblá, vamos a lista.

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5 – PCC encomendou órgãos de crianças

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Dentre todas as coisas que o Boatos.org fez em 2016, uma das mais significantes foi explorar esse mundo chamado WhatsApp. Terreno quase desconhecido de uso jornalístico, ele é fértil para a boataria. Quando falamos em áudio, sai de baixo.

Para simbolizar essa entrada no WhatsApp, vamos escolher um dos muitos boatos que vieram de lá como o quinto lugar. No final do ano, muito se falou em sequestros de crianças e uma das histórias apontava que o PCC estava por trás de tudo isso. A coisa só se acalmou um pouco depois do nosso desmentido. Leia aí.

4 – Temer vai aprovar o chip da besta

O ano de 2016 vai ficar marcado na história política como o ano do impeachment. Só que Temer não entrou no lugar de Dilma apenas na Presidência. Ele também passou a ocupar o posto de alvo número 1 de boatos na política (posto sempre dividido com Lula).

Junte isso à febre que tivemos no final do ano com questões relacionados ao chip da besta e chegamos ao boato que ele iria implantar o chip 666 no Brasil em 2017. Esse texto foi fácil de desmentir já que “do nada saiu” e era uma clonagem de um boato sobre Dilma. O difícil foi fazer as pessoas acreditarem que estávamos certo e não o “amigo do WhatsApp”.

3 – Golfinho morre após pessoas tentarem tirar selfie com ele

Essa história, que foi publicada em fevereiro, deu muito o que falar e entra na lista pelo ineditismo e dificuldade para desmentir. No início do ano, tentamos colocar em prática uma sessão “você desvenda” no qual os leitores nos ajudavam com os desmentidos. Ela não deu muito certo por diversos motivos. Porém, deu certo neste caso.

Depois de quase todos os meios de comunicação publicarem que pessoas haviam matado um golfinho por ter tirado uma selfie na Argentina, os nossos leitores e horas de pesquisa nos mostraram que ele já estava morto quando as fotos foram tirada e nada passou de sensacionalismo. Não nos rendeu em visitas, mas deu aquele gostinho de desmentir todos os principais portais de notícias do Brasil.

2 – Estupro coletivo no Rio não foi estupro

Se há uma história que simboliza o conceito de pós-verdade é esta ocorrida em maio de 2016. Você, com certeza, soube do caso da menor que foi estuprada por diversos homens no Rio de Janeiro. Depois do vazamento de vídeos dela na web e a prisão de acusados, começou a circular a versão da história que não havia sido um estupro.

Citamos a pós-verdade porque esse foi um desmentido mais conceitual do que de outra coisa. Muita gente defendia que ela havia consentido a relação e por isso não teria sido crime. Pois bem, é justamente esse pensamento que costuma culpabilizar a mulher em casos de estupro. E nosso texto fez questão de desconstruir tudo isso. Fazer orgia com uma mulher inconsciente e filmar. Se isso não for estupro, a gente não sabe mais o que é.

1 – Entrevista com mulher que foi vítima de boato na internet

Por incrível que pareça, o texto que mais gostei de fazer neste não para o Boatos.org não está postado no nosso site. Quando completamos 50 mil seguidores, prometemos fazer um especial a cada 10 mil likes novos no Facebook (estamos devendo o dos 80 mil, mas ele virá).

O primeiro da série foi uma entrevista com uma mulher que foi vítima de um boato. Ela contou todo o sufoco que passou ao ser confundida com uma sequestradora de crianças em 2015. Gostei de fazer a matéria por causa da percepção do impacto que percebemos que nosso trabalho tem na vida das pessoas e isso é muito satisfatório. Em tempo: em 2015, o boato foi escolhido como o que eu mais gostei de desmentir. Temos um bicampeão.

Bem. Essa foi a nossa lista. Aproveito o final do ano para, mais uma vez, agradecer a parceria que vocês tiveram com a gente em 2016. Graças a vocês, conseguimos cada vez mais desmentir a boataria que corre solta neste mundão chamado internet.

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