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Fotos em preto e branco no Facebook ajudam na luta contra o câncer?

Fizemos uma análise dos efeitos positivos e negativos da hashtag #desafioaceito, fotos em preto e branco no Facebook e de quem critica a iniciativa

Nós, humildes caçadores de boatos, costumamos ficar malucos quando não conseguimos descobrir se um conteúdo que circula na internet é falso ou não. Normalmente, a gente acaba “derrubando a pauta” (no jargão jornalístico) quando isso acontece. Mas hoje vamos abrir uma exceção porque, mais do que dizer o que é verdade ou não, o assunto merece explicação.

Foto em preto e branco ajuda contra o câncer?
Foto em preto e branco ajuda contra o câncer?

Há alguns dias vem circulando no Facebook uma campanha diferente. As pessoas estão mudando a foto do perfil para o preto e branco e postando a hashtag #desafioaceito. Todas as pessoas que curtem a foto recebem a seguinte mensagem:

“Oi, não sou adepta, mas essa foi por uma boa causa, então aí vai: tem que colocar na tua linha do tempo uma foto tua em preto & branco pela luta contra o câncer e escrever: #DesafioAceito. Manda essa mensagem para todos que curtirem tua foto.”

Se a pessoa “aceita o desafio”, posta a foto em preto e branco e aí a história vai viralizando. Tudo certo, não? Não. Logo após essa campanha viralizar, surgiu outra mensagem na rede social falando o seguinte:

DESAFIO NÃO ACEITO.

Por uma foto minha em preto e branco não vai fazer diferença nenhuma na luta contra o câncer. Agora, quer um desafio bacana de verdade? Visite um hospital de oncologia, doe sangue que pode ajudar muita gente. Não pode doar sangue ou medula? Que tal doar aqueles 10 reais que iam ser gastos com alguma bobeira para ONGs que tratam pessoas com câncer. Não tem 10 reais pra doar? Que tal fazer uma visita, deixar o dia dessas pessoas mais coloridos, ou divulgar maneiras de como se prevenir desta doença.. “ISSO SIM É CAMPANHA CONTRA O CÂNCER”.

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E, como em quase tudo nas redes sociais, as pessoas começaram a se dividir em dois grupos: as que acham que as fotos ajudam na divulgação da campanha e as que acham que elas não servem para nada.

Afinal, fotos em preto e branco ajudam na luta contra o câncer?

Infelizmente (ou felizmente), a gente não tem uma resposta 100% formada sobre o assunto. Nos dois virais, há coisas certas e erradas. Por isso, vamos aos fatos.

Vamos primeiro falar da campanha inicial. A nossa experiência mostra que ela tem todas as características dos virais mais cretinos que circulam online como aqueles que pedem compartilhamento de fotos de crianças doentes ou pedem o amém em mensagens. Esse tipo de mensagem tem mais o intuito de gerar virais do que realmente pensar em uma campanha.

Dizemos isso porque o próprio caráter do texto é, de fato, um tanto quanto raso. O que seria “lutar contra o câncer”? O termo é tão amplo que pode significar desde conscientização de hábitos que evitem a doença, pedido de investimentos em pesquisas até mesmo uma campanha a favor da famigerada (e ainda em testes) tal pílula do câncer. Faltou “foco” na “campanha”.

Mesmo assim, ela deu certo. A partir do momento em que um monte de pessoas começaram a trocar a foto do perfil, as pessoas começaram a pensar na questão do câncer. E aí surgiu o segundo texto, que criticava o primeiro.

Sobre o segundo texto, podemos dizer que ele é um tanto fatalista nas conclusões. Como um “bom radical”, tenta desconstruir tudo que foi colocado no primeiro.

Em alguns pontos, como no efeito prático da campanha e nas proposições do que fazer para ajudar, teve razão. Em outros, como no efeito nulo da troca da cor da foto, exagerou. Afinal, se a primeira campanha (a rasa) não tivesse viralizado, a segunda (mais propositiva) não teria se espalhado também.

Com isso, chegamos à seguinte conclusão: a tal troca de fotos para preto e branco no Facebook tinha tudo para ser apenas mais um viral “cretino” na rede social, mas graças à sua circulação conseguiu gerar um debate e fomentar proposições de como ajudar quem sofre da doença. Nesta história, os dois lados acertam em alguns aspectos e erram em outros.

E você, o que acha? Opine na nossa pesquisa: