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O mau jornalismo e o boato de que Gisele Bündchen foi traída

É um círculo vicioso. A vontade de ganhar cliques e “furar” a concorrência faz com que a imprensa alimente absurdos sem checar a fonte e espalhe boatos para uma audiência que acredita em tudo.

Se você assistiu televisão ou navegou na internet na última semana, com certeza se deparou com a “informação” de que Gisele Bündchen teria se separado de seu marido, Tom Brady, após descobrir que foi traída. A trama tem enredo de novela mexicana do SBT e é tão inverossímil quanto. Para você entender melhor, vamos dividir a informação em capítulos:

Tom Brady, Gisele Bündchen e os boatos
Tom Brady, Gisele Bündchen e os boatos

1 – Gisele Bündchen e Tom Brady estavam “muito bem obrigado” até que surgiu a informação de que o ator e diretor Ben Affleck estava se separando de sua esposa Jennifer Garner. A matéria da Caras fala do fim do casamento anunciado em redes sociais.

2 – Um mês depois do fim do casamento, Ben Affleck foi “acusado” de estar namorando a ex-babá de seus filhos, Christine Ousounian. Essa matéria da Folha aponta que o “E! Online” entrevistou “uma amiga de Christine”. Ela teria dito que eles “estão próximos”.

Vídeo: é falso que assalto foi realizado com camiseta no retrovisor de carro

3 –  Alguns dias depois, surgiu a informação de que a ex-babá teria viajado com Ben Affleck e Tom Brady (amigo de Ben) para Las Vegas. Em uma das fotos, a babá estava com os quatro anéis ganhos pelo jogador de futebol americano no Super Bowl. Essa matéria da Vogue reproduz uma foto do site “Page Six”.

4 – Na mesma semana, a revista OK anuncia na capa que Gisele Bündchen e Tom Brady estão separados. Claro que não demorou muito para toda a mídia no Brasil anunciar a história como se fosse verdadeira. Essa matéria do G1 fala sobre a separação.

5 – A partir daí, a internet no Brasil entrou em polvorosa e começou a lançar diversos memes sobre Gisele, o marido e a amante. A imprensa, claro, divulgou tudo. Como mostra esta matéria do IG. Teve também conteúdo explicando quem era a tal babá como se fosse a coisa mais importante do mundo falar sobre a vida dela.

Contada a história (que teve a colaboração dos principais veículos de mídia do Brasil), vamos ao fato: a imprensa brasileira “acreditou” (não inocentemente) em uma história não comprovada e muito, mas muito provavelmente falsa. Pense só no quanto de conjectura é preciso para ligar uma foto com anéis do Super Bowl (vai dizer que você não tiraria a foto?) no dedo com uma separação ou um affair (como a imprensa gosta de falar). E o pior é que não houve uma tentativa de ouvir os envolvidos antes da publicação.

Na verdade tem coisa pior sim. A Revista OK tem a fama de acertar cerca 9% das informações que publica na capa como aponta este link. Quem em sã consciência levaria a sério uma revista assim? Ninguém, só os jornalistas que, em sua grande maioria, omitiram a informação da má fama da revista.

A realidade é que todo esse processo denota um círculo vicioso. A vontade de ganhar cliques e “furar” a concorrência faz com que a imprensa alimente absurdos sem checar a fonte e espalhe boatos para uma audiência que acredita em tudo.

Gisele, personagem brasileira na história, pouco se pronunciou. Mas bons “entendedores entenderão” a mensagem “Muitas vezes as pessoas esquecem que a bondade é de graça” publicada no Instagram ou a curtida na foto do Facebook de Brady ou, ainda, os dois terem publicado a foto do filho. Acho que está bem claro que a história é uma mentira, não?

Já que esclarecemos a história (coisa que ninguém fez), agora vamos trabalhar com a hipótese de que a modelo e o jogador se separaram e que houve a tal traição. A mídia estaria certa? Não! Mesmo a informação esteja certa, vamos convir que trabalhar com esse tipo de pauta não deixa de ser o velho e mau jornalismo.