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Lama tóxica de Mariana atinge a Bahia, diz notícia falsa

Boato – Lama tóxica chegou ao extremo sul da Bahia e deve atingir Ilhéus e Itacaré.

Continuamos assistindo pasmados ao estrago que o rompimento da barreira da Samarco, em Mariana (MG), causou. A cada dia recebemos uma nova notícia sobre as consequências desse desastre ambiental, o maior do Brasil. A lama tóxica com rejeitos de minérios atravessou o estado mineiro, chegou ao Espírito Santo, alcançou o mar e continua seu trajeto.

Segundo história falsa, lama tóxica já chegou ao litoral baiano.
Segundo história falsa, lama tóxica já chegou ao litoral baiano.

De chocados e revoltados, talvez estejamos desatentos e propícios a acreditar em qualquer coisa. Essa é a explicação plausível para o sucesso que uma história envolvendo a lama da Samarco está fazendo na web. Vários blogs e sites anunciaram que a mancha marrom de água suja chegou ao sul do litoral baiano, em cidades como Itacaré e Ilhéus.

Confira:

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‘De acordo com imagens postadas nas redes sociais, a lama tóxica, oriunda do rompimento de uma barragem da mineradora Samarco, há duas semana, deixando um rastro de destruição, já se encontra no litoral baiano, mais precisamente nas praias de Alcobaça, no extremo sul do estado.

Segundo o biólogo André Ruschi, diretor da estação biológica Ruschi, a lama deve atingir cerca de 10 mil quilômetros de onde desaguou no oceano atlântico, no litoral do Espírito Santo.

“A sopa de lama tóxica que desce no Rio Doce, e descerá por alguns anos toda vez que houverem chuvas fortes, irá se espalhar por uns 3.000 quilômetros quadrados no litoral norte e uns 7000 quilômetros quadrados no litoral ao sul”, afirmou o biólogo.

André ainda afirma que as consequências ambientais da tragédia podem reverberar por décadas. “Os minerais mais tóxicos e que estão em pequenas quantidades na massa total da lama, aparecerão concentrados na cadeia alimentar por muitos anos, talvez uns 100 anos”, completou.’

Deixemos claro, antes de qualquer coisa, ninguém (acreditem firmemente) ninguém aqui quer defender a Samarco. Mas, desinformação só atrapalha, por isso saibam – essa história não é verdadeira. A lama tóxica proveniente do rompimento da barreira em Mariana não chegou ao litoral baiano como ressaltou o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema).

Alguns veículos, depois de verificarem a falsidade da coisa toda, até voltaram atrás e emitiram erratas. Foi o caso do blog Agravo:

‘Nos equivocamos ao publicar, nesta segunda-feira (23), a imagem de uma praia com a água barrenta, como sendo do litoral do município de Alcobaça, no extremo sul da Bahia, e que seria fruto da contaminação da lama tóxica, oriunda do rompimento da barragem da mineradora Samarco, no município de Mariana-MG.

Buscamos informações mais detalhadas e verificamos não se tratar da verdade.

[…]’

Mas, que conste, o biólogo André Ruschi existe e realmente é diretor da escola Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi, em Aracruz, Santa Cruz (ES). Os avisos supostamente proferidos por ele, muito provavelmente foram alterados de uma entrevista que o biólogo deu à BBC. Segundo Ruschi, a lama tóxica comprometerá a cadeia alimentar da região sudeste e do Oceano Atlântico por pelo menos 100 anos, e a quantidade de lama despejada no Rio Doce atingiu 10 mil km², em uma região chamada Giro de Vitória. As informações em destaque são as únicas que batem com a entrevista original do biólogo.

O Inema garante que está monitorando o litoral baiano, mas que as chances da lama tóxica alcançar o estado são mínimas. Considerando que mínima não é inexistente, deixamos isso em aberto, sabendo que a lama não chegou à Bahia. Mas, também torcendo para que esse boato não se torne verdadeiro.

PS: este artigo foi uma sugestão da leitora Valéria Rocha. Se você quiser sugerir um tema para o Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site ou pelo Facebook.